1 de ago. de 2016

Talvez contenham erros sutis, esquive-se e continue a ler

Escolher trilhas parecidas é de extrema importância quando teu objetivo é retomar antigos hábitos. E uma vez certa voz me aconselhou seguir repetindo por dezessete dias para conquistar uma nova rotina. Acordar cedo, se exercitar, estudar, ler antes de dormir e agradecer sempre. Mesmo que a gente enumere, sempre fica alguma coisa fora da lista e o corpo vivido sente, seja por um gole a mais ou uma noite bem dormida a menos. O efeito sincronizado é tão rápido quanto a nossa capacidade de perceber o tropeço curto que damos, e por hora, deixamos que partes do nosso corpo sinta a influência do oxigênio e do universo, pois somos de carne e osso, mesmo esquecendo isso todos os dias.

Endeusamos companheiros cansados e repetitivos e nos enquadramos numa mesma leva, jogando necessidades fúteis numa listinha e colocando para andar junto com as nossas promessas de Ano novo. Queremos ser iguais as pessoas que vivem rotinas maquiadas, e por vezes, fazemos sem perceber, pois nos cobrimos por da falta de pensamentos necessários e criamos banalidades para focar. Esquecemos de viver, de estar vivo, de olhar, de respirar.

Vivemos em trilhas diárias, mas não prestamos a devida atenção como se deve, pois bastando como metáfora, os caminhos da vida não torcem os nossos joelhos com a mesma precisão dos galhos soltos no caminho, mas podemos sentir a ausência da atenção devida quando sutis marcas tomam o teu corpo ou o rumo sai do prumo. A curva quadrada e mal modelada que construímos para chamar a nossa rotina de "vida". E ansiosamente julgo ao meu redor aos que desejam estabelecer uma outra velocidade, e cá estou, percebendo o quão falho sou por tentar imitar aquele que não sou apenas por ter preguiça de tentar criar algo que seja totalmente meu.

Falo por mim, por quem conversa alto dentro da minha cabeça, mas é um desenho generalizado de cópias parecidas e de um reflexo que pode ser tão teu que daremos um novo nome a cada nova associação.



Precisamos conversar mais. 

19 de mai. de 2016

Calefação temporal



Pode parecer desilusão o pesar dos dedos e essa lerdeza para encontrar as mesmas palavras que já foram ditas, mas é só o hábito que foi deixado de lado mais uma vez. Irmão de todos os que vão sendo anotados, destrinchados e mal-acostumados com o virar intenso das horas. E alguns dirão que estórias se repetirão, canções ganharão diferentes conotações e o riso solto virá com a cautela do calçar dos sapatos polidos. Mas se assim for, desejo desistir por aqui e não acumular novas manias diante desse corpo que parece concluir diferente os trajetos dos novos pensamentos. Pois, se realmente assim for, parece-me entediante a guinada das novas primaveras colocadas à frente dessa caminhada dos dias. 

E que canto caído seria esse capaz de expressar as mesmas ideias sem me fazer querer colocar a cabeça para baixo preso no cabresto das obrigações e dilemas sórdidos das obrigações invisíveis?
São muitas as cartas impressas e com códigos de barra que chegam aos lotes, ou as ligações que pouco se importam com o pulsar do meu coração e o destino do cansaço dos meus olhos. É confuso demais a vida adulta e por vezes me sinto assustado. E como as diversas vezes que assim foi, minhas pernas travam e um novo bloqueio vêm à tona. Lembro-me dos sonhos antigos, quando cair era um problema e as cadeiras serviam mais como apoio do que despejo literal do meu cansaço físico. Reerguer, levantar e sacodir mais uma vez. 

Me assisti diante desse monitor difundindo luz sobre o meu rosto enquanto escolho palavras e converso sozinho sobre as polegadas da semana. Poderia contar sobre a estrada, desafios e a mentalidade que parece ganhar maturidade, mas só consigo lembrar da ênfase do inimigo oculto criado em silêncio. Do cabresto incolor colocado por mim mesmo, que me faz capaz de enxergar somente o próximo passo e esse é cauteloso demais, pois adultos são assim. Pensam para escrever, para falar, para controlar os números que giram e não servem de nada. 

Exatidão é nula e contas não fazem sorrir. Há sementes que caem e florescem novos sorrisos por sua própria essência. Inocência me guia até a porta da tua casa sem questionamento durante a busca inexplicável do destino final. Viver sem fazer contas para tudo é viver feliz. Mudar a matemática e criar um novo consenso apostando fichas em novidades incalculáveis. 

E poderia terminar com uma bela conclusão, mas não pude encontra-la durante esse tempo aqui sentado. É necessário mais prática e exercícios contínuos. Os dedos se aquecem e a sincronia das notas voltam a caminhar num mesmo soar. Aposto de olhos fechados que se assim permitir, pode despistar o falecimento precoce da poesia própria do ser, acostumando-se sem mudar e mudando sem deixar de ser. 

Para o tempo passar sem deixar de anotar e viver sem deixar que tudo se torne um grande buraco no espaço destinado aos nossos corpos. Fazer valer, mas com toda calma do mundo.



Mao Tse

23 de ago. de 2015

Paredes espaciais


Astronauta, haverá de apresentar-se com postura ereta antes que desistas das feições desses versos. Contínuos e procedentes dos anos passados no silêncio, absorvendo imagens, captando sons e cada passo atentamente anotado. Despistado pelas diversas cifras que pendem a balança ao gingado mais intolerante que já pude controlar. Mas sem delongas, viajei o mundo por aqui e nessas paredes completas por desenhos e atributos que somente os de coração e pensamento leve podem compreender. Dos mares que naveguei e dos sonhos que desisti, caminhando pela madrugada e nas luzes que passam tão depressa. O próprio mar que decide para qual caminho certas ondas devem seguir. E a maré leva, remando forte a luta fica mais brava e lutas cansam demais. Por isso arquiteto planos nesse espaço onde posso estocar meus versos e traços sem ter o mesmo trabalho das abelhas! Levadas pelo vento, polinizando e sacrificando seus corpos frágeis por um ideal tão lindo quanto assistir ao pôr do sol.

Seria como captar as ondas sonoras e desenhar cada uma delas. Na velocidade prepotente que induz os dias dessa nossa vida. Sem crer na existência de uma próxima e fraco nos poderes da fé, meu coração sonda olhares da decepção constante da assinatura que só lhe rende o pão. Comprar sonhos enlatados, com guia, mapa e menção honrosa. Há de existir quem lhe resguarde e como tantos, deixem de saborear as quedas, vangloriando chocolates importados como se fossem cristais e relíquias do tempo. E celebro só. Colorindo espaços vazios de cadernos usados, fixando-os na altura dos olhos e assim possibilitando regressão ao foco da missão. Dessa espaço nave sem combustão e nas atividades sonoras dos arredores, percebo que muitos já explodiram e seus corpos estão jogados. Acumulados como restos vitais de qualquer ser que não possua registro ou titulo de eleitor. É Tudo grande bagunça.

Conduzir é um verbo intrigante, pois te leva, te joga pra frente, faz a vontade da inércia e coloca Newton sob prova. Dessa gravidade dos pés pesados e da mochila que machuca o ombro. Pra que tanta discussão e problemas atordoados? É de se solucionar com gole gelado. Sei que perdi a prática da dança, meus joelhos ficaram duros, assim como cada brincadeira que deixei guardada na memória. Dos dias que vivemos e daquilo que guardamos, mas sem praticar, o real vira desenho no papel. Celebro o trabalho conjunto da força e do tempo, mesmo me assustando todos os dias com tanta poeira que se junta ao percorrer os cantos da minha rotina.

A infância é menor do que um passo preguiçoso da volta do recreio. Contando os ladrilhos até a sala de aula, fugindo do dever de crescer e ser o nome exponencial, elevado ao quadrado e agrupado no final com todos os números circulantes da anarquia vital. E que progresso teremos nesse passo que nem se percebe, só se sente saudade e espanto. Do compreender que adultos são crianças sem coragem. Fixos nas tabuadas e regras escritas pra eles mesmos terem problemas em cumprir. Chega ser cômico! Criaram tantas letras juntas que as palavras agora pouco importam.
           
Relendo essa apresentação enxerguei muito cinza em diversas linhas, mas não estamos assim. É saudade, é o pouco tempo, é o vagão, é a segunda, é o muito que é pouco, que é quase nada. Deixaria de ser pessoal se anotasse apenas sorrisos, viagens e toda loucura registrada por aqui também. Das estrelas infinitas desse céu, sua gargalhada e a esperança do por vir. Quebrando a quarta parede, posso olhar no fundo dos seus olhos e dizer todo amor que limpa qualquer instinto que seja contrario ao lado positivo do universo. E navegamos sem parar, sem nunca cansar e dispostos cantamos, criando nossa própria melodia para esse mundo. Então, antes de se atordoar com tantos resmungos, cabe a ti o meu sorriso, minha entrega e todos os vôos reais, percorrendo todos os planetas e conhecendo com o meu próprio tato, paladar e visão, tudo que existe guardado nos segredos simples da nossa vida.

Voltas em bloco e apresento-me na bagunça e desordem. Explodir para construir e concretizar desejos nos erros, tentativas e até mesmo frustrações. Aqui nesse espaço eu consigo voar, consigo direcionar meu olhar para todos os pólos do mundo. Sentir frio, calor e o pavor da madrugada. Do sono que vem antes da hora e do cochilo vespertino. Não muito diferente de você, bem perto do seu quarto, da sua casa e da sua vida. As paredes diminuem os sentidos e os desenhos completam minha fuga.

Nos veremos em breve e não espere ligação.




Câmbio final.

30 de nov. de 2014

Pensamento Randômico e sem Correção.

das estrelas refletidas no visor que denunciavam o estado físico do mundo que o rodeava. Apertou-se a respirar moderadamente, controlando ansiedade para que o coração e a razão pudessem trabalhar em parceria comumente proveitosa. Poucos são os que conhecem a sensação de estar com o coração a bater mais forte por causa de emoção. Diferente da fila de espera! Ligam-se as baterias e capacitores de nossas almas e como teclas de piano, absorvemos notas intercaladas em graves e agudas, pronto. A equação logo fará sentido. Pois ao abandonar em solo todas as novidades e embarcar rumo fotografias novas espalhadas na memória, esqueceu-se que coração não esquece. Parecido com a senhora que guardou rancor para vida inteira, pois viu seu marido se perder em programas de domingo e logo mudar de nome, do desconhecido que adorna a sala de estar com todo seu mau jeito de viver a vida.

Realmente prefiro admirar as estrelas e indagar menos os pontos de vistas adquiridos até aqui, encaixando alguns em círculos constantes e que se faça continuo o ciclo gradativo. Que ao acordar com a vista de Marte na manhã de quarta-feira, anotando vermelho em meu bloco de notas e readaptando antigos conceitos, pois o que as crianças aprenderiam na escola daqui pra frente? Diriam a elas que o universo não é perfeito? Daqui pra frente tudo mudará em você e provável que seus cabelos fiquem mais no chão do banheiro do que em sua cabeça. Melhor não! Eu ralava tanto meu joelho que minha mãe precisou costurar uma joelheira, se bem que foi de grande orgulho, estar preparado sempre para as batalhas, mas foi daí que aprendi. Que se a gente formatar demais as linhas se apagam, e inclusive, apoiando no assunto base; os nossos corações não foram feitos para formatação!

Prefiro voltar aos desenhos, mesmo que não seja a melhor das aproximações, mas ao estar absorvido pelas estrelas, relembrar-me do conjunto perfeito que seus olhos formam com sua boca enquanto fala, que me faz passar pela lua, sair da órbita e me perder nas nebulosas mais lindas que minha memória conseguiu tatuar, pois não me importo quão perto estarei, aqui dentro já está! Vai comigo até lá em cima e admira o contagio dos olhares indecisos, com medo de abrir sorriso e dizer o que prefere guardar para si, mas só ali, acredita-se que não estamos falando de compotas com frutas cristalizadas, que conseguem ficar guardadas para sempre em um pote. Tem sorriso que transborda, sabia? Sem querer e ele transborda, o pulso acelera a boca fica seca e eu fico perdidamente sem foco, igual ali, observando as estrelas do início do enredo, ofuscavam todos pensamentos que vinham na fila e colocavam cada detalhe teu para substituir até o mais chatos de todos os ralados do meu joelho.

Mas você que veio me visitar em sonhos perdidos da madrugada e me fez acordar em Júpiter sorrindo, da conjunção de palavras que soaram ao meu ouvido e afixaram-se como estágio permanente de sensações exponenciais, ou simplificando, pensar demais em você o tempo inteiro.

Daqui, encerro essa sessão.
Câmbio final.


22 de nov. de 2014

Post Final.

Das poucas iniciativas que vos sobraram, destronado aos falecidos pensamentos que atribuo ao dias somados nessa temporada ramificada desde o último janeiro. Sem metáforas, gostaria de aqui me despedir. Sem parecer estranho, pois toda vez que avalio possível movimento nas artérias dos cérebros que passam por essas linhas agora, me sinto retrogrado ao ego e sigo a certeza que estou só nesse quarto, sentado de frente ao meu computador, conseguindo através de pensamentos formatados nas idas e vindas do trabalho, estabelecer um novo bloco de idéias transformadas em palavras. E se mesmo assim, você se encontrar por aqui, gostaria de dizer em especial que também vou sentir saudades, mesmo tendo dificuldades, mas vivemos tantas coisas juntos e a dor do seu rosto ficando para trás, quando concentra, ela tortura. Mas nos encontraremos por aí.

Tenho o hábito de freqüentar pensamentos que argumentam o giro condicionado do nosso tempo e da maneira desenfreada do estabelecimento periódico de manias, construindo o espectro da sua identidade por determinada etapa e assim mistificando o teu universo momentâneo. No duro, criando esse que reflete no espelho do teu quarto e o reflexo disso na sua vida física, no mundo. A maneira que se porta e reage as diversas situações que nos decorrem na caminhada dos dias. Gostaria de usurpar do clichê dizendo que aproveitei todos esses anos que passaram “pescando estrelas e colhendo sonhos”, mas ralar o joelho nos parece muito menos doce do que o real. Analisando ao cinza que corresponde esse que adereça o próprio pensamento, mas pulando notas que poderiam nos guiar para contornos tristes, assumo por vezes, cada giro me trouxe diversos argumentos e procedências inéditas para ações que também aconteciam pela primeira vez e isso não foi-me ruim, pois independente da resposta, o desfecho requer sempre positivismo.

Hoje sentei numa praça para conversar e automaticamente nebulosas acompanhadas de ilustrações mentais tornaram lúdica a minha conversa. Trazendo para beira da piscina o “degrau por degrau” que a vida construiu e sou feliz por parte dele eu ter tido a paciência de anotar por aqui durante todos esses anos. Nesses que assisti a derrota, pessoas foram embora, outras chegaram também. Lugares, sonhos novos virando velhos e velhos ganhando novas formas. Se estar bem é conseguir dormir, estou muito bem. Dirigi sorrindo a tarde inteira, formando rimas com os acontecimentos, sentimentos e razão de ter essa vida de leve emoção diária, de pouco em pouco para a dose nunca ultrapassar o suficiênte para o bem estar.

Sendo assim, pois sempre acho legal iniciar a despedida de maneira a fazer brilhar os olhos de quem lê, esteve junto até aqui, caminhando e dividindo fone de ouvido para acompanhar melhor o que os olhos estão trazendo de presente para o coração. Estarei bem, mandarei cartas e procuro melhorar em tantos aspectos que aparecerão como novos numa próxima tomada de rumo, esses que nem estão longe e para não haver divisão, focarei em manter interessante essa fase das nossas vidas.

Estarei sempre por perto.


Vinte Gramas