1 de set. de 2010

#PequenasHistórias - Como na música do Clash.


- Mãe! Mãe! Cadê você?!



Ela não me escutava, não adianta



- mãe?! – Interrogação -! Mãe?!



Pra que continuar? Ninguém te escuta. Silêncio! Por favor, mantenha a calma. Comporte-se menino, isso não é jeito de gritar por ai. Está perdido?! Então se ache! É sua obrigação se achar!



- Onde você foi parar porra?!



Mãe. Estava no corredor do shopping e todos andavam com as mãos, alguns no teto também. Sério! Andavam no teto normalmente, como se fosse chão. Sei lá, não entendi muito bem. Minha calça estava molhada . Não, não estava suja, só estava molhada. Derrubei um copo cheio, mas refrescou. Fazia calor naquele inverno, trinta e poucos graus, coisa assim. Tentei te ligar pela manhã, nove horas, mas seu celular estava desligado, caixa postal, desliguei. Maldita bateria! Maldita tecnologia. Todos trombavam em mim, não contentes só com a maneira estranha como transitavam. Sentido reverso, pelo lado contrário, oposto. Esse imposto pela ocasião não me explica muita coisa, mas compreendo e sigo.



Quando minha calça secou de vez, todos voltaram ao normal. O nosso normal, não o normal deles. Andavam com a coluna reta, pé no chão. Cabeça no lugar, pescoço estalado. Ninguém trombou mais. Procurei alguma porta e adentrei. Acabei por vez em entrar em um supermercado. Tentei ligar mais uma vez, mas você sumiu! Não acredito que não consegui falar com você. Não acredito! Por todas as vezes que liguei por besteira. De mentira. Não sabia onde você estava e continuei procurando. Fui até o corredor de frios e congelei. Uma japonesa gordinha, bracinho, ali! Do lado!



Não era você.



Meu coração bateu três vezes em vão e o mundo ficou verde, bateu mais cinco e todos estavam andando estranho de novo. Agora mais forte! Pra cima de mim com muita força, o corredor ficou tão apertado. Não conseguia fugir, tropeçava e chutavam a minha cabeça e o telefone funcionou. Todos sumiram mais uma vez. Chamou uma, sinal, mais uma, atendeu! Mas não falava a minha língua. Fiquei tão desesperado. Bati com força a cabeça na parede e apareci de cueca em meio às frutas. Bem no corredor de frutas!



Meu peito ficou frio, meu corpo ficou gelado e parecia que ia congelar. Que horrível! O mundo estava parado, agora não tinha movimento. Não tinha ninguém fazendo nada. Silêncio absoluto. Só meu coração que cantava além do limite e do respeito por aquele ar leve. Cheiro de queijo. Muito cheiro de queijo. Virei olhei, percebi, corri atrás. Estava só de cueca, samba e canção azul com listras vermelhas. Tenho certeza, alias, tinha certeza absoluta. Abri meu peito e tirei uma rosa vermelha, linda.



Dei quatro passos e











Acordei.








Sei lá. Sabe?!

Um comentário:

Duquetá disse...

como estar perdido num supermercado!