2 de jun. de 2011

Palavras Cruzadas.

Erros e acertos acontecem na vida de todo mundo, assim como as derrotas e as vitórias, sucesso e fracasso. Amor e ódio e os opostos que durante todo o percurso, estarão juntos contrabalanceando a nossa passagem. Já errei tanto que me acostumei, não via mais problema em permanecer estático na dor e na conformação de um mundo vazio e estagnado. Literalmente parado, igual de menino que cresce sem perceber. É difícil perceber a vida, tem gente que completa quase noventa anos e nunca esteve por aqui, passou batido e no cérebro adormecido, se conteve com aquilo que acreditava e nada mais. Não! Não existe manual algum que diga a maneira mais correta de conduzir as nossas vidas, mas enxergo como perda de tempo perceber tão pouco que até mesmo a dor é necessária. É ditado de mãe, dizendo que você precisa calejar e se acostumar com tudo isso. Mãos mais firmes suportam bem o peso da nossa rotina, mas duvido que seja tão doloroso assim. Se seguir em frente for à melhor maneira de explicar o caminho das coisas, começarei assim a minha próxima história.

Na divisa entre o canal dezessete e o canal dezoito, implantaram o oceano mais violento de todos os tempos. Nem o livro mais antigo diz de tanta bravura assim, de água salgada, cheio de ondas e gritos rupestres. Muitos jovens se arriscam, mas muito desistem na metade. Outros vão, tentam e passam por momentos bem complicados. Remando forte contra a maré, cortando as ondas com o peito, engolindo muita água salgada. Por vezes preferindo apertar um botão e se ver livre logo daquela situação. Inconveniente, pesada. Assim como as broncas que eternizaram capítulos em minha vida. Minha mãe descendo a escada com o indicador apontado. Silaba atrás de sílaba e tanto ódio que parecia que o time dela tinha caído pra segunda divisão e que o nosso peixe beta estava com alguma doença rara.  

Perdi anos da adolescência em brigas intermináveis por razões tão fúteis, que foram todas abstraídas. Sobraram os arranhões, mas não me encano. Depois do vigésimo quinto percebi com mais clareza todas as frases ditas nesses canais passados. Quando percebi a minha função social, meu papel e onde as pessoas começam a precisar mais da minha existência. Nem as brigas acontecem sem um motivo sincero. Para tudo existe um pouco de nexo que pode ser explicado, até as situações mais controversas.

A vida não começa fácil, ela parte do principio de uma corrida onde o mais forte terá a possibilidade de conhecer o Planeta Terra e todas as confusões embutidas. Avaliam-nos desde criança, nosso peso, nossa cor, nosso jeito de falar, nosso jeito de andar e o jeito que a gente mastiga. Lembro de muita coisa da minha infância, tive muitos dias de herói, mas já senti muito medo. Quando percebi a vida conturbada e choro espalhado pela casa inteira. Vontade não andar, não pensar e só levar até o fim, onde é que ele estivesse. Senti o gosto da chatice, da frieza, nem lembrava que existia leveza.

Mas tudo isso faz muito sentido.

Nossos pais têm problemas como os nossos. Corações como os nossos. E a vida capitalista implanta várias ordens que mesmo vivendo o oposto, somos obrigados a existir perante essas leis ridículas. Entendo que a calma deve estar presente sempre, mas não fomos educados para sermos monges. Isso também foi implantado. Me desgasta essa cobrança. Pinóquio com nariz grande, tentando errar menos, mas deveriam avisar que errar é normal.

Todos queremos a liberdade, cada um no seu vão e na sua esfera, na sua mira e na sua possibilidade, com bondade até vem e permito entender assim vale a pena ser livre.

Vale a pena lembrar que para cada passo bem dado, uma boa retribuição simbólica do mundo. Cair e levantar, não tem cogitação extra, é pra isso que Deus te trouxe até aqui. Pede a cura, mas não entende o gosto do remédio, sem cruzes ou espadas. É só uma estrada e é só seguir.




Vale a pena por bagagem
Vale a pena por bondade
Independente do que ache
Faça aquilo que te eleve e te encaixe
Em uma vida de problemas mais curtos





L.F.