A perseverança destoa-se nula ao
entardecer, pois encabulados pensamentos tímidos permanecem ancorados em suas
crostas, aguardando o grito mais agudo ou semelhanças medrosas que permitiriam
desabrochar na primavera tardia, mas como toda sequência de tempo da vida,
essa logo chegará. O cinza ecoa e ao reverberar nas paredes desse quarto me
fazem pensar. Associar verões que foram-se e invernos que gelaram as canelas.
Vive-se o tempo, critica-o, ama-o se lhe é conveniente e por hora bate saudade
no fundo do coração, enaltecendo flashbacks mentais momentâneos, dos gritos nos
vales, dos dias perfeitos, das danças no quarto grudados na meia noite, nossos
rostos colados, sorrindo no giro, girando a vida.
Pois é, a vida é um sopro.
Na oportunidade mínima que tive de compreender
as teorias dos giros, parei de reclamar ou de pedir que logo viesse os tais
dias finais das semanas para que pudesse descansar e a sensação agregou ao meu
peito como tatuagem desbotada o sossego do desamarrar dos tênis, de tirar as
meias e esticar as pernas no sofá. Assim guiando sem pressa de alcançar
velocidades inatingíveis reparei melhor o infinito das estrelas e dei valor ao
erro, nesse respirado, controlado e contribuindo com sorriso, para amargar
menos os chás diários de nossas histórias pessoais.
Logo as folhas caem e vou recuperar minhas
bagagens, contar as camisas e separar por cores, assim contribuirei com
organização as novidades da
estação. Estagnarei menos, pois esse verbete apagarei do vocabulário que é já
escasso. No breve silêncio encarnarei as verdades necessárias e se assim for,
dormirei até mais tarde e renderei só depois das seis, na velocidade da
camomila e cheio de manias que criarei e se preciso, ou como for, me atrasarei
por ter colocado o despertador debaixo do meu travesseiro. Dormi sobre as horas
e nelas enquadrei sonhos profundos, mas que me levam sempre adiante, como pipas
sobre o céu das férias de julho.
O mês brinca de acabar do jeito dele, avisa
só os atentos nas folhinhas e ao perceber só depois de tempos que minhas botas
estavam cobertas de barro, parei e desejei sabores doces para enaltecer esse
novo canto, hospedado na sobriedade vagarosa e na loucura permitida, pois
estico os dias e elaboro a nova forma de contar segundos, sem ansiedade ou
dores no estomago.
O
tempo permanece continuo.
...
Se tudo for, não sobra espaço pra saudade.
Leo Fonseca.
Um comentário:
sessão da tarde Peter
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