28 de nov. de 2010

#VINTEQUASEDOZE - Castelo de Pedra

Que desapego é esse que desconheço. Como todas as palavras repetidas da última semana. O tempo permite o que pode, é difícil de entender. Uma tarde pensando às vezes não é o suficiente para encontrar uma solução para esse problema. Atual como as conversas decoradas de papos impessoais à distância. Tudo bem longe. Estar vivo, ser só um e sacar isso só às vezes também. Ser livre e duvidar, caminhar olhando para todos os lados e nem assim estar seguro de uma boa caminhada. Não só por causa das balas perdidas ou coisas que machucam o corpo.

A história daquele que ganhou de presente a possibilidade de estar.

Durante as pedras que vão rolando ladeira abaixo. Pesadas ficam para trás e as mais ágeis partem na primeira fileira. Sem importância alguma. Vendo e devendo chegar tudo ao mesmo tempo. Antes dos dezoito queria mais, agora aos quase Vinte e Tantos, espero que espere, recíproco seria, mas impossibilitado, vejo passar mesmo assim, imputável como cada ordem a ser seguida. Contribui com impostos e ainda é perseguida pelo dom que cura na novela. Na hora da janta se queima com a panela e na costela leva para sempre uma marca. Indesejada e para sempre. Depois de cicatrizada ficou vermelho. Desde lá tem vergonha de se ver nua no espelho. Sua carência se satisfaz com a dependência de um químico a mais ou um pó, viciada como você, que faz tudo errado e ainda chama seu erro, de erro menor.

Resgataram no Baú as últimas tentativas de um ídolo falido, despercebido, só vai lotar mais um caixão. Ficam os troféus e todas as glórias do seu time campeão. Permanece eterno aquilo que dura, vira conversa de bar, com a mesma importância da fechadura do seu portão velho. Encardido e enferrujado, por falta de visitas, por meses mantém-se trancado. Isolado do meio. Trancafiado a sua própria ira anti-social. Irracional, não sabia o que estava fazendo. Ninguém te ensinou e hoje roubou a professora. Já para trinta bate a sua revolta. Grita dizendo absurdos que para você que televisiona, que sem entender, subverte e fala que o problema é meu e agora são eles que vão resolver.

É tudo mentira.

Alemão falou que a culpa é minha, não é a sociedade que estupra toda minha vontade de sonhar e crescer. Sem sofrer por antecipação a falta de assunto que gera uma novidade a cada dia. Perceber que é tudo farsa e tudo é superficial. Se quisessem, com força. Não seria assim. Como pai que não é pai para o filho durante dezesseis anos e só depois disso, aparece chorando dizendo que o menino nunca fez nada. Bateu no amigo no Primeiro ano e deu muito trabalho durante vários anos letivos. Seletivo, escolhia em quem bater. Cansado de ganhar resolveu apanhar outros lucros por natureza e em sua defesa agarrou uma carteira de couro, com seu tesouro comprou um tênis violento para gratificá-lo por esse talento e agora sobe ao pódio com uma coroa de louro. E pra comemorar sua desgraça vou crescer e ser Seu Problema. Você que nunca gostou de mim agora me detesta. Sem pai nem mãe, nunca tive uma festa e quem se presta a apreciar um menino sem dom. Enfileirar pensamentos talvez fosse, mas quem diria que isso um dia se desenvolveria. Pensou errado e já com fogo nas mãos. Desesperado pediu só por um pouco de compaixão e respeito. Nada mais. Preservar é a única necessidade fiel a nossa verdadeira função por aqui e se desrespeitada, tudo perde o motivo, vira bagunça generalizada. Mais nove pontos no ibope e oito anos de uma sociedade atrasada.

Todo mundo usa relógio, mas ninguém o entende.

Imagina o trabalho que daria recomeçar. Isso por lá não dá, tem gente que não gosta de fazer. Foi mal acostumado, mal condicionado faz tudo parcelado. Aos poucos sua vida vai passando e sem evoluir, os pêlos ficam brancos e agora seu maior passatempo é passar as manhãs em filas de bancos, fofocando com uma amiga. Na lerdeza de um papo que não vai para frente nunca. Só resmunga e não arruma solução.

Procuraria explicar direito algumas palavras que aprendi numa viagem. De um lugar onde as pessoas sonham. Não pegam ônibus cheios e não possuem vergonha de si mesmas. Lugar perfeito. Todos podem Ser, Estar e Crer, independente da barba ou da cabeça careca. Buda, Jesus, Maomé, não importa. Importaria pensar que acreditar é algo a mais do que só amortecer a dor de estar vivo e sofrer as conseqüências de vários momentos indesejáveis, mais fortes que dor de cabeça de ressaca. Boca amarga e nem com muita água a sede passa. Sem comida entalada nos ralos, pisos brancos e sem poeira nos cantos. Como um sensor óptico que enquadra toda latitude presente do meu campo de visão. Onde tem lugar para todo mundo e espaço para comentar a festa. E mesmo quem me detesta, estaria convidado.

As cabeças vão batendo e é difícil de entender as diferentes formas de absorver aquilo que vem de uma só informação. Dividida em nove partes espalhadas em todos os pontos dessa tela. Cada um preenchendo aquilo que podemos chamar de “quadro”, mas diferente disso. Algumas pessoas preferem nomear suas vidas com nomenclaturas próprias, irrisórias e por vezes, ilegais.


No mundo onde ser mais é o maior problema de estar.



Caminhar, tropeçar, pensar, desistir, reclamar, retorcer, tentar, levantar. Caminhar, cair, sorrir, disfarçar. Arrumar, sacudir, limpar, reparar, voltar. Caminhar. Subir, comemorar, ganhar, evoluir. Caminhar, cansar, viver, reclamar. Resmungar, deitar, estressar. Caminhar, por fim, de vez. Desistir. Sem sorrir, pois por mim, já não faz mais sentido.



L.

Um comentário:

Duquetá disse...

"É tudo mentira",frase que me apurrinha a vida!