25 de mar. de 2008

Se pudesse sumiria

Ouvi uma voz no fundo da sala, mas ninguem levantou a mão para se identificar, te vi sem rosto e totalmente diferente daquilo que eu sonho. Parece pesadelo, mas ainda é terça-feira, cedo demais para querer largar a vida de lado e se drogar mais uma vez, para tentar fugir do peso dos meus pés, que parecem estar afundando nessa maldita terra.

Me mata tempo, pois estou te matando aos poucos, contando de cigarro para cigarro, de tragadas curtas, passando por longas, puxando o máximo de fumaça que o meu pulmão tolera. É dolorido viver, é chato viver, tenho uma antipatia muito grande por mim mesmo e nem sempre gosto de estar aqui, fazendo de conta que sei realmente qual é meu dever e como devo chegar aos locais que eu não conheço muito bem, eu faço de conta muito bem.

Estou aborrecido pela superficialidade anônima, não tão desconhecida, mas sem rosto. Sem teu gosto aperfeiçoado e muito menos inteligência o suficiente para tornar interessante qualquer que seja o assunto. Odeio estar com a cabeça vazia, tentando completar as lacunas desse texto com alguma palavra que nunca usei em meu vocabulário. O mau humor é um crime para minha capacidade de escrever bem.

Então caminho em frente, mesmo que o vento pareça forte demais para que eu consiga continuar. Drogo-me e assim consigo fugir do Leonardo e caprichadamente crio sorrisos intensos e me perco em algum assunto criado pelo THC. Gosto de voar, mas a porra do Senhor não me deu asas, preferiu me fazer sofredor desse mundo, humano do caralho e chato demais para conseguir me divertir com qualquer coisa que pareça muito boa para uns, mas para mim, totalmente ridícula e burra.

Não vejo mais desenhos pela manhã, eles não me motivam mais e muito menos me deixo enganar com as chatices do jornal na hora do almoço, não estou tão bem assim para me interessar em ver bombas caindo na cabeça de pessoas.

O que você lê aqui não é autêntico, não sei ser original, sou a cópia assumida de tudo aquilo que estão vendendo à prazo nos grandes magazines dos shoppings da periferia. Analiso tudo e vou copiando aos poucos, estudo a melhor maneira de não parecer tanto, mas o português que uso é o mesmo que o seu e não tem como escapar da notória mesmisse. É normal viver de cópia, já disse até um artista viado do século passado que "nada se cria e tudo se copia", mas foda-se, sou tão alienado quanto qualquer outro ser, que sabe muito bem distinguir a cor de um carro, mas mal sabe como explicar a disponibilidade dos ventos criados pelo grande oceano.

Sou confuso e absurdamente tranquilo, mesmo que às vezes não pareça tanto, mas escrever é conversar comigo mesmo e nada além disso. Não capricho propositalmente, simplesmente, realmente, simplesmente, estou conversando comigo mesmo.

Pela manhã, por falta de alguém útil
Prefiro me fantasiar de inútil
Faço o meu teatro sem máscaras
Para representar melhor
A minha total falta de capacidade

Não sou nada, não sou ninguem
sou o tédio e não gosto de correr
não entendo a política e como se faz
cozinhar parece mágica

e ainda me falta muito tempo
para encontrar mais uma vez
a minha paz
chamada


Danielle








Leonardo (entediado, encapetado, com náuseas)

19 de mar. de 2008

E é o dia de dizer "Para Sempre"

Oi amor, nesse momento contabilizei menos de vinte e quatro horas para o fim de todos os meus problemas. O final momento em que eu vou conseguir colocar um basta em tudo aquilo que não me deixa dormir a muito tempo, vou enfim deitar a minha cabeça no travesseiro e simplesmente suspirar cada pensamento, que agora eu posso dizer que são concretos, totalmente tocáveis, tudo vai fazer mais sentido e tudo terá mais graça.

Vou aprender a ver a chuva com outros olhos, vendo cada gota d'água que passa de frente aos postes de luz e dizer que cada segundo ao seu lado formam os melhores segundos da minha vida. Os dias de calor serão especiais e mais iluminados com você. Assim como cantar cada verso das músicas que eu já pensei em fazer, colocar o seu nome e ser mais um clichê apaixonado. Apreciando cada centímetro do seu rosto, admirando a imensidão de palavras que saem da sua boca e acreditar enfim, que dentre as milhares de possibilidades de conhecer a felicidade, esta por fim, é a melhor.

Cantaremos e não dormiremos, viveremos uma intensa festa sem fim, com os pés descalços, nos sentindo tão humanos, aventureiros, adoradores das incríveis novidades da vida. Sem ao menos lembrar que nossos corações já foram quebrados e que choramos por pessoas de plástico, que machucam por pura mania de ver tristeza nos olhos cansados de tentar encontrar uma verdadeira paixão. Que essas pessoas apreciem as suas próprias magoas, pois hoje pouco me preocupa o ontem, grito dizendo que tanto faz e realmente tanto faz, para mim pouco importa lembrar cada nome que já passou pela minha vida, pouco importa tudo que eu já reclamei em voz alta.

Celebraremos o fim do tédio e dos dias de marasmo. Prometo nunca me sentir cansado dos seus sorrisos. Ouvirei a sua voz falando aos meus ouvidos, como se fosse possível encontrar solos de um violino ao fundo, tudo parece ser tão maravilhoso agora.

Me vejo besta, caído como uma criança, com um sorriso imenso, pouco me importando com as diferenças e guerras do mundo lá fora. Encontrei a paz em seu nome e nele depositei meu coração como aquele que nunca conheceu alguém como você e que pode agora enfim acreditar em cada segundo especial que a vida trouxe de presente para mim.

Não esqueça o guarda-chuva quando sair de casa, deixe a sua mochila sempre preparada para cada nova aventura que está por vir, fique pronta para tudo, pois amanhã se inicia uma nova era em nossas vidas, onde escalaremos cada obstáculo e apreciaremos dia por dia, como se fosse o último dia de nossas vidas, mas pouco preocupado com tudo aquilo que já lotou nossas cabeças de dor.

Me espere às quatro e meia, mas já pronta para viver comigo todas as horas de sua vida


Entrego-me de corpo e alma
despreocupado com o senado
pouco me fudendo para tudo
é de você e para você
que entrego cada gota de suor
que do meu rosto vai escorrer

Cada luta que venceremos
cada castelo que construiremos

Os monstros já não me assustam
e hoje...


hoje é o dia de declarar o para sempre em nossos dias


Amo você Danielle Maniglia




Leonardo

18 de mar. de 2008

E para mim você é um "Foda-se"

Delirantes foram os gritos que ouvi durante a noite toda, parecia pedir por algo que eu não conseguia identificar. Como se fosse algo desesperador, daqueles que vêm de dentro de nossas almas, quando necessitamos êxpor tudo aquilo que nos reprime. Gritaria e espantaria todos os demônios e anjos que rondam a minha rotina, vigiando cada passo que dou e tudo aquilo que tento viver. Libertaria-me de todo o tédio terreno e de tudo aquilo que sempre me parece uma grande reprise.

Parecem cenas de um mesmo roteiro, do começo ao fim, do momento em que eu entro no palco e assumo a postura em que me indicaram e faço sorrir às vezes, mesmo com uma intensa vontade de chorar e tenso pensando, que não posso errar mais nenhuma fala, se não vou ser deixado no segundo escalão. Estranho é o processo de "jogamento de lado" em que as pessoas fazem umas com as outras, nada é insubstituível nesse mundo, nem o seu sorriso e muito mesmo o seu "eu", somos garrafas descartáveis, consome-se e depois joga-se fora, como em um processo totalmente degradativo.

Toda a mesmice exige demais da minha própria inteligência e isso me causa muita dor de cabeça. Tento dançar mais, sem prestar tanto atenção nos fantasmas que todos os dias tentam me abraçar. Eles me sufocam tanto, são como um veneno que mata lentamente, sem piedade, transformando em pó cada centímetro de sonho que eu acumulo em minhas noites de tentativas de um bom sono.

Se deus existe realmente, ele é um grande bosta. Daqueles que você nem olha na cara quando entra no bar, faz de conta que não viu. Ele brinca diariamente de mover cada pecinha, como se vivêssemos em um grande reality show vigiado pelo "senhor". Ele não pega ônibus lotados e não ouve a conversa alheia de pessoas sem questão alguma, de pelo menos fazer de conta que são bem educadas. Se ele existe, ele bem entende todo ódio que eu sinto dessas quatro letras que ele leva no nome e da minha total desistência de retribuir com amor o fato de estar aqui, representando o filho que ele teve coragem de cruscificar e ainda considerar melhor do que qualquer um de nós. Somos tão seres pensantes quanto o tal barbudo, capazes e inteligentes, mesmo que alguns duvidem, mas temos a capacidade de construir e criar, seja fictício, ou tão real quanto as árvores, da natureza e não de alguém que ao menos tem um rosto e que não faz aparições no horário nobre.

Quando resolver aparecer, "Oh! Senhor!", por favor, que seja durante a novela das oito, porque metade do seu eleitorado está assistindo as banalidades da vida capitalista e consumindo tudo aquilo que você entregou como esperteza para esse bando de idiotas. Não considere as minhas palavras rudes e não faça como já fez com um filho teu, apesar de tentar fazer igual com diversos seres que tiveram a estranha sorte de nascer em lugares não tão adequados para uma vida, consideravelmente, "Boa".

Não faço juras de amor para aquele que eu não conheço e não vou perder meus domingos em cultos, ouvindo um bando de babacas, "comedores" de criancinhas inocentes. Pois tenho uma barreira muito grande contra as suas palavras decoradas, faz-se tão bonito tudo aquilo que sempre foi tão óbvio para mim. Disfarça-se em um manto branco, para espalhar em solos de guitarra, tudo aquilo que caso você não aprenda, não vai banhar-se nos lagos do paraíso. Seu senso de humor ridículo me irrita, é tudo tão pálido, pior do que ficar sem tomar um dia de sol no verão, ou então, não tomar chocolate quente no inverno. Não tenho medo de você, muito menos me preocupo em trocar uma idéia com você, prefiro as pessoas de verdade, assim como eu, que como disse, pegam ônibus lotados e ouvem a idiotice alheia desse "Seu mundo".

Sou apaixonado pelo que vejo e sinto, por tudo aquilo que está escrito em músicas, cantadas por um "rock star" de verdade e não por cantigas de ninar que falam seu nome e dizem que, se você não acreditar, o tal do "bicho-papão" vem te buscar. Que venha então, estou te esperando, armado com todo o meu vocabulário chulo, repleto de palavrões e indagações. Não farei papel de ridículo e te mostrarei que todos nós somos habilitados a respeitar os semelhantes, mesmo sem seguir um livro de capa preta, escrito por seres tão pecadores quanto qualquer outro assassino que vive ao meu redor.

E se mesmo assim, eu continuar irritado, abençoado pelo mau-humor semanal, tudo bem, acredito que no feriado do final de semana eu consiga descansar e desencanar mais uma vez de duvidar a minha própria existência, por que o que eu vejo, eu não tenho certeza do real e mesmo assim, embarco em coletivos, acreditando que posso voar dentro da minha própria mente, mesmo que sejam delírios urbanos, creio eu, que ainda seja possível se fazer de conta que é tudo tão normal e que tudo isso ainda faz parte da mesma peça teatral citada acima.

Caso não tenha gostado, ligue a sua televisão e assista qualquer coisa ridícula que esteja passando, sinta-se burro mais uma vez e acredite, tem muita gente que se dá bem na vida desta maneira e eu, não, realmente não acho ruim. Penso que tudo bem, pois a Páscoa só é Páscoa, por causa do meu adorado irmão.

Seja você também mais um servo do "Senhor"
Liberto-me e abraço a minha vida
Sem leis e regras paroquiais
porque essas todas
só torram o meu saco

Amém!


Leonardo


obs.: Se não gostou, leu porque quis. Compra uma revista Veja e vai ser feliz.

16 de mar. de 2008

Prazer barato ou tudo aquilo que passa depois da meia noite na TV

Rasgaria cada peça de roupa e não pediria desculpa no final da noite, te veria pedindo cada vez mais, em um ritmo totalmente meu, na minha velocidade, com a sincronia criada por aquele que conseguiu encontrar beleza entre as gotas do próprio suor e em tudo aquilo que mesmo amando, o ser humano tenta de todas as formas, reprimir e dizer para todo mundo, que errados são aqueles que encontram o prazer, seja ele pago ou totalmente barato, daqueles que você encontra na fila do cinema. Mas tanto faz, não ensino ninguém em dicas básicas de como sentir prazer na vida, estou aqui para me ver obcecado sozinho, talvez perdido em seu corpo e te fazendo feliz ao meu modo.

Quero ver as suas expressões e sentir o gosto da sua saliva. Iluminados pela escuridão e quentes como o maldito inferno, que hoje veio nos abençoar por tudo aquilo que a desgraçada igreja diz ser, carnal, mas tanto faz, mal sabem eles como me sinto bem assim.

Não procuro a perfeição, pois essa me parece patética, como aqueles idiotas que se fantasiam de terno e gravata, e se escondem atrás de seus rostos rosados. Não, eu sou diferente, sou mestiço e uso roupas que não estão na moda, gosto do sujo e do odor. Apaixono-me sem ordem cronológica combinada com os pais e não gosto do básico dia de um idiota que bate seu cartão e se diz bem sucedido, sou diferente.

Aprendi tirar sorrisos puxando cabelos e ver feliz aquela que aprendeu que na dor ela se sente muito bem, sou forte e gosto da força, gosto daquilo que você tem vergonha de assumir, gosto do pornográfico e daquilo que parece proibido. Admito tudo isso e não tenho vergonha disso, não tenho vergonha de mais nada nessa vida. Vergonha é a maior trava de todas as portas do universo, ela te para e te arranca anos de vida sem você ao menos perceber que está ficando velho e caquético, totalmente só e complexado com idiotices alheias.

Deixe recados no espelho quando estiver indo embora e, por favor, diga que vai voltar, estou esperando com toda ansiedade do mundo, para poder ouvir a sua respiração ofegante mais uma vez no meu ouvido, chamando pelo meu nome em voz alta e dizendo de maneiras adversas, que me quer mais do que tudo nessa vida.

Hoje eu não quero ver beleza...
Hoje eu sou a perfeita imperfeição
Sou Ateu, sou pagão
Tenho nojo de ser você
Não estou a venda

e...

Tanto faz

Leonardo

15 de mar. de 2008

Por amor, para o amor e para tudo que não encontramos na farmácia quando buscamos Anador

Cantei em voz alta seu nome durante muito tempo ontem a noite, te vi desenhada no teto do meu quarto mais uma vez, é muito ruim não poder te tocar e me sentir tão longe de você. É como pensar mais de duzentas e quinze vezes em uma coisa só e mesmo assim não encontrar a solução para o problema que necessitadamente você precisa resolver. Estranho é o fato de pensar, dom biologicamente humano e totalmente bizarro de tentar compreender, mas resumo tudo em um nome só e consigo muito bem dormir.

Dançaria descalço uma noite inteira, ao embalo de tudo que as estrelas tocarem para gente. Bailaremos o final de toda solidão acumulada por sorrisos falsos, aqueles no canto da boca, simplesmente fazendo pose para uma foto forrada de gente que não sabe o verdadeiro significado da palavra "amor" e de tudo aquilo que pessoas carnais sentem. Gritarei e gritarei, tentando espantar qualquer lágrima que apareça para atrapalhar a nossa falta de ar. É festa e hoje é dia de comemorar, como se amanhã fosse o último dia de nossas vidas, resmungando alto tudo aquilo que você não encontrou nesse estranho inverno.

E foi por esperar que eu me apaixonei por você e tudo aquilo que me faz esperar dia atrás de dia, tudo aquilo que eu penso ter sido a maior sorte de toda a minha vida, melhor do que conseguir ônibus vazio e encontrar uma pessoa legal do seu lado para conversa, sorte e sorte, nada explica essa minha chance de cair em uma aventura totalmente diferente daquilo que eu já sonhei em ter para mim e essa minha vidinha cinza, muitas vezes me vi chorando pelos cantos, tentando entender o que não se deve entender, aceitando então que a solidão seria a melhor solução para tudo isso, mas consigo ver que a solução para tudo isso é você e mais nada define essa capacidade de me alegrar.

Passei a noite ouvindo músicas que me serviram como remédio para toda paixão, colorida, igual aquelas de filmes americanos, que a mocinha olha para o mocinho e o tempo para, fascinante, asfixiante, daquelas que saem pelas orelhas e cola um crachá em você, dizendo, "estou apaixonado".

Não tente definir o amor, ele não foi feito para isso e muito menos para ser desenhado em livros de química, ele foi feito para ser poema não escrito, coberto de toda a perfeição das lindas flores do mês de setembro, quando ele fala bem alto, para que todo mundo consiga ouvir, que dali para frente, problema algum vai afetar os nossos corações e que viveremos mais uma era de alegrias e novidades, coberta pelo espírito apaixonado daquele que conheceu um novo segredo.




Leonardo

14 de mar. de 2008

sobre dúvidas e sorvetes de chocolate

Sou poeta e sou cantor, mesmo de bermuda, tenho tempo livre no dia para ser escritor, com ou sem rimas baratas, daquelas que você compra em qualquer padaria, fica ali, do lado dos cigarros, com filtros brancos ou amarelos, isso tudo depende do pulmão daquele que o fuma, ou da pretensão daquele que lê. Eu mesmo não botaria muita fé em um garoto tatuado, que se envolve melhor com uma máquina chamada computador do que em uma conversa de café, sentado frente a frente, ou não. Não te passo tanta confiança assim. Não compraria um livro meu, pois sei cada defeito gramatical que possuo, mas os enfeito, utilizando brincos folhados a ouro, roubados da minha irmã ontem a noite, mas tudo bem, nunca ninguém pede notas fiscais quando ganha presentes e muito menos sei diferenciar uma jóia de uma bijuteria de lojinha de esquina, não sou reparador das pequenas coisas, dos enfeites, gosto de peças completas, começo, meio e fim, detalhes sempre serão detalhes e nada além disso, eles não têm vida própria.

Sou aficionado pelo clichê, tudo aquilo que qualquer ser culto odiaria e eu amo de paixão, cada coisa totalmente sem nexo desse mundinho pagão. Amante de programas idiotas e filmes para crianças, me alegram demais. Me distraio em meio a tanta burrice anônima e me vejo em festas, completamente embriagado a dançar ao som de qualquer coisa que tocasse muito alto, o suficiente para não conseguir distinguir estilo, música, cantor e afins, seria como dançar salsa ao som de Ramones ou esmurrar com raiva um amigo ao som de paz de um tal de Caetano Veloso, esse que não sou muito fã, nasci pelos menos duas gerações depois de qualquer tropicalismo ou movimento sócio-cultural-musical-grupal-sexual, não sou tão capaz de entender aqueles cabelos cacheados e toda aquela maneira de transformar em abacaxi, as frutas que vendem na feira. O povo hoje em dia é bem mais burro e se perde nos caprichos de qualquer programa que passa depois da novela, mostrando pessoas confinadas em uma casa, com muita bunda, fato esse que eu não reclamo, dentro da minha mente tão normal, fico realizado em saber que os homens continuam homens, mesmo sendo vulgar pensar dessa forma, mas tudo bem, quem nunca se sentiu bem após uma noite sem dormir?

E por falar em gerações, sempre me perco nessa minha estranha idade. Ter vinte anos é ser adulto e adolescente ao mesmo tempo, é como ser tudo e nada ao mesmo tempo, muito mais confuso do que piadas em outra língua. É necessário entender da cultura local, seus preconceitos e suas brigas com países vizinhos ou qualquer divergência territorial.

Abraço quase todos os dias o mundo inteiro, com uma mão só, porque assumidamente eu sou muito bom em tudo que eu faço, mas quando estou próximo do orgasmo final, consigo acordar para não perder o ponto de ônibus que devo saltar e ir correndo para o trabalho, já me acostumei em sempre estar atrasado, juro para todos os meus amigos que a culpa não é minha e que não faço isso para magoar ou atrapalhar a vida de ninguém, o relógio é que não vai muito com a minha cara. Ele correu muito durante anos e não me esperou para contar uma história se quer, ele foi indo e indo, girando como um helicóptero desordenado, mas falar do tempo é assunto suficiente para pelo menos dois capítulos de um livro, feito por gente grande, por que eu... Eu não sou capaz, muita coisa me foge e lembro mais uma vez que me olham ainda como aquele que aprendeu a andar agora e ainda gagueja na hora de responder a chamada no colégio.

Tentar ser alguém é conseguir não ser ninguém por vários momentos em um dia, por que tentando ser, você deixa de ser aquilo que você realmente é, perde toda a sua identidade e se torna uma cópia abrasileirada de tudo aquilo que você compra em seriados que vêm lá de cima, é meio complexo, mas é só você olhar o seu armário assistindo TV que tudo vai parecer muito fácil de compreender.

Serei tudo aquilo que eu desejar ser, mesmo se eu não tiver sorte na primeira vez, ainda tenho algumas fichas na mochila e sei que consigo ir muito além do que vocês nesse jogo. Sou chato e persistente, tento, tento e tento, não me canso e tenho a paciência oriental sempre ao meu favor. Consigo ir muito mais além do que desenhos simples, me arrisco em quadros, mas eles continuam escondidos debaixo da minha cama, junto com todos os monstros que me assustam de vez em quando, mas tudo bem, é quase final de semana mesmo.

e para todos os males do mundo...

quando eu descobrir, juro que conto

Leonardo

11 de mar. de 2008

Para a paz só é preciso paz

Começaria todos os meus discursos com uma expressão de "sei lá", por sempre estar em dúvida do que falar, como me expressar e enfim ser percebido na frente de uma ou mais de mil pessoas, por mim tanto faz, o nervosismo sempre será o mesmo, assim como o espírito jovem que ronda a minha atmosfera diariamente. Por não ter certeza de muitas coisas prefiro admitir que não sei quase nada.

E assim hoje eu admito estar lutando pela paz do mundo, não de todo ele por que isso é muito para a minha meia altura e também demais para gritar, não quero ficar sem voz logo cedo, faria mal durante o dia e acabaria indo dormir não tão bem. Lutaria por mim mesmo e contra mim mesmo, em pró da paz intelectual e da prosperidade em tudo aquilo que penso, acho e julgo, mesmo não tendo idade o suficiente para ao menos falar o que é certo ou errado, mas hoje eu luto pela minha paz, pelas tardes de sono preguiçoso e por toda vida leve que desejo diariamente, com muita fome e pouca esperteza.

Estar em paz, essa é a meta, não pensar no trânsito e esquecer o barulho dos aviões que vejo subindo todos os dias. Vou ver o céu e querer desenhar a minha infância toda em uma folha de sulfite velha que encontrei no fundo da gaveta, ainda guardo comigo todos os lápis de cor e tudo aquilo que acho necessário para construir um belo sol que ilumina todo meu reino do estranho mundo, meu só meu e egocentricamente meu. Nele eu faço a perfeição em traços tortos, do meu jeito, sem a necessidade básica e tão chata da beleza televisiva e, a total superficialidade que ronda as cabeças vazias, tão preocupadas com a largura de suas sobrancelhas.

Comemoraremos a Páscoa quando for Natal e faremos auto-festas de aniversário diariamente, pois exaltaremos a grandiosidade de nossas existências sempre que o tão adorado dia começar. Será tudo a nossa maneira e vamos cantar todas as músicas o mais alto possível, deixando apenas os bons velhos moços dormirem após o almoço, mas será um breve descanso, por que viveremos tudo que for possível viver e aproveitaremos todos os dias como nas férias e o horário de verão, quando seus pés já estão pretos de tanto brincar descalço e mesmo assim, você deseja mais do que nunca que sete horas da noite ainda seja quatro e reza para que não chova tão forte, para poder ver a sua amada descendo o elevador e vindo em sua direção com o maior sorriso do mundo. Hoje não será dia de usar roupas pesadas e tênis apertados, podemos sonhar o dia todo deitado com a barriga para cima em nossas camas de espuma macia.

Meu bem, passe em casa antes de ir para a festa, troque seus sapatos por chinelos sem elástico e deixe em casa toda a sua vontade de não viver, por que hoje vamos celebrar a falta do que comemorar, e vamos curtir as nossas próprias e verdadeiras alegrias sem motivo algum, pelo simples e puro fato de estar vivo, podendo dizer "ainda bem"! Dançaremos até o dia nascer novamente, para termos mais uma infinidade de motivos para dizer para nossos filhos um dia, que somos a melhor geração que já existiu nessa terra, que não lembra muito bem de seus frutos, mas escreveremos hoje a nossa carta para a eternidade e deixaremos na história a nossa elegância e maneira sublime de viver os básicos dias de nossas vidas.

Hoje não é dia para refletir e muito menos gastar nossas massas cefálicas com pensamentos pesados a serem discutidos em grupo, ou até mesmo sozinho, assim como todo momento antes de dormir, que você para e tenta acreditar logicamente que quase tudo não faz tanto sentido e as outras que sobram são consequências naturais da vida. Não, hoje é dia de dormir sem pensar, mesmo com toda a impossibilidade do fato, vou apenas colocar os dois pés para cima e apoiar a minha cabeça no seu colo. Se vou dormir ou não, tanto faz hoje é o dia internacional do "Sei lá", por que de nada sabemos e não será hoje o dia da descoberta, por mim tanto faz, por mim estar em paz é o que basta e de resto, com os meus desenhos nas últimas folhas do caderno de História, vou sobrevivendo.


A festa não tem música, cada um dançará o seu ritmo particular, sem muitos compassos ou maneiras corretas a serem ditadas. Reinará a liberdade em nossos pés e corpos completos. Será nosso todo o mundo e de todos aqueles que são capacitados de enxergar no nada a grande beleza do tudo e conseguir se encontrar em paz diante da simplicidade de um dia qualquer, perdido durante uma semana, desse não tão comum mês de Março.

A festa está só começando.

De resto?

A vida eu vou levando



Leonardo

7 de mar. de 2008

Música e ritmo totalmente sem cadência

Passou tão rápido, desde a última vez que eu assisti meu primeiro passo, tropeçando por cantos estranhos e batendo muito a cabeça, até o último momento, esse que eu fechei os meu olhos e não sei se dormi ou cochilei demais e me vi assim, como sou hoje, adulto frio e confusamente auto-confiante, mas não tão preparado para aguentar os ternos e gravatas dessa complicada dança diária, que vou sambando de segunda à segunda, tentando estabelecer metas e objetivos sem guias práticos ou manuais com figuras.

Sim, é uma dança muito estranha e acho que faltei em todas as aulas, preferi dormir todos os dias depois do meu farto almoço, fazendo de conta que sou tão humano quanto qualquer outro ser que respira esse ar não tão puro dessa cinza metrópole. Essa máscara da normalidade que visto durante a semana e em palcos do submundo tento ser eu mesmo, tentando interpretar ainda melhor aquele "eu" que sou e ainda não consegui apreciar com a calma que eu queria, não necessáriamente com tanto glamour, mas tudo aquilo que eu queria ser.

Tento me sentir útil, capaz até de tentar ser algo maior do que eu mesmo não sou, gigante entre o mundo das palavras essas que não são tão complexas nos meus textos casuais, totalmente faceis de interpretar, porque são tão simples quanto o ato de conversar enquanto traga cigarros amassados, esses que estavam jogados no meu bolso, escondido de mim mesmo, pois tento ser tão saudável quanto cada letra que uso para escrever.

Um monte de palavras grudadas, algumas vírgulas para ajudar na respiração do leitor, mas sem muitas imagens, tornando para mim, criança, um livro totalmente desinteressante, infeliz e sem graça, sem muito o que imaginar ou ilustrar, mesmo tentando criar meus heróis sem barba na minha cabeça, meu Pequeno Príncipe ainda não virou Rei e deixou meu pequeno asteróide cheio de poeira e não voltou com as suas histórias, essas que eu já utilizei muitas vezes como droga, para conseguir dormir em paz, longe de cada problema que ronda a minha cama enquanto tento fechar os olhos e só perceber que ainda estou vivo em uma manhã, seja ela de sol ou não.

Esse é meu diário, com ensaios e treinos, como caminhar no final dos dias para perder peso, eu realizo aqui a tentativa de organizar cada pensamento e reflexão sobre o seu ou o meu mundo, estranho ou não, essa é a minha caminhada diária, quando tento desenvolver de uma maneira bonita a catalogação de palavras sem índices, de uma forma que seja capaz você viajar em cada frase, voando baixo de letra para letra, desenhando em seus sonhos cada castelo que quiser viver.

Somos os nossos sonhos, somos a nossa própria capacidade, somos bem maiores que os estúpidos números.

Faça da sua capacidade de sonhar a sua vontade única de viver a dança diária de nossos dias, seja no ritmo que for, viva!



são os nossos segundos de vida que fazem a diferença de uma história inteira.





Leonardo

4 de mar. de 2008

Sobre a morte e seus conceitos estranhos

Acho incrível a maneira que esse "verbo" adentra a minha cabeça em dias nostálgicos. Em momentos que eu me perco no pensar em coisas que já passaram e vejo como a vida é algo tão frágil, totalmente impossível de se entender, mesmo que existam milhares de explicações, sejam elas científicas, religiosas ou sentimentais. Morrer é algo que está literalmente fora dos planos de qualquer um de nós, seres vivos, feitos de carne e osso, e talvez, uma possível energia que nos acompanha, essa que pode acabar a qualquer momento, e um possível encontro de átomos que se chocam com extrema força e acaba de vez com tudo aquilo que se herdou durante muitos anos.

É o ponto final de tudo, é a capacidade de transformar ricos e poderosos em um nada tão grande, em pura massa e volume, um saco de ossos ou um punhado de cinzas. As cicatrizes ficam perdurando naqueles que são obrigados em vida suportar toda essa situação estranha, do ter hoje e a possibilidade única de não existir mais à partir de um amanhã tão duvidoso.

Me pergunto todos os dias o que devemos fazer para não parecermos essas garrafas descartáveis de uso único, que se consome todo o seu conteúdo em um espaço de tempo e depois torna-se lixo, tão comum como o ato de respirar e comer. O que é necessário fazer para atingir a imortalidade e não me encontrar perdido dentro de uma quantidade ridícula de madeira, usando a roupa que você não queria usar nunca.

Escreveremos livros, vamos expor as nossas idéias, tornaremos então seres notáveis entre as outras diversas garrafas do engradado. Cantaremos sozinhos mais alto do que qualquer outro cantor lírico, com toda força do mundo para que seja possível ouvir as nossas santas vozes ao percorrer das montanhas distantes.

Se teremos sorte, só mesmo antes do último fechar dos olhos que vamos descobrir, essa maldita exatidão não tão exata, essa capacidade de tentar descobrir como são as coisas em uma outra etapa, tudo é tão duvidoso. Mas eu Leonardo, espero com toda força que eu tiver, abraçar pelo menos 1% do céu que foi entregue de presente para nós, seres de boa vontade e criatividade e que seja capaz de transformar em palavras eternas tudo aquilo que eu penso e sinto, sobre o mundo ou simplesmente, sobre nós, geração pós "Coca-Cola".

Transforme em vontade eterna essa necessidade de sorrir.


Leonardo