É engraçada a vida
adulta, os prazos, horários, compromissos e as responsabilidades. Estranho
treinar brincando de fazer a barba até quando não se tem pêlos e depois
perceber que era o que você menos queria ter. Colocar a gravata do pai, fingir
que fala como aquele que odeia acordar cedo e vestir a rotina, girando em círculos,
propositais que possivelmente podem levar a virtude do amadurecimento. Hoje
acordei cansado, nessa idade dormir não relaxa o corpo, faz ele ficar todo
dolorido, nem mesmo esticar as costas no chão resolve mais e toma algum analgésico,
energético e enfrenta os males da mesmice, mas confuso estar por reclamar vendo
esse sol no céu azul que brilha tanto, mas me faz querer o frio, pois assam meus
pensamentos essas calças chatas.
Brinquei de ser
Peter Pan e desenvolvi escudos contra meu medo da vida, mas percebo, não tão tarde,
que estive errado por essa temporada inteira. Afastei as pessoas que já disse
que estariam comigo pela eternidade. Afastei sorrisos e amigos, não foi
proposital, tentei remediar, mas já estava em outro barco, me odiando cada vez
mais e eu aqui, reclamando, mais uma vez, Leonardo, reclamando, falando mal da
vida, falando mal de tudo, por que criou escudos e percebe quase perto do outono,
que foi a coisa mais falha que podia fazer.
Cabe mesmo essa
tristeza em meu coração ou mereço viver esse dia? Percebo que sentir-se
derrotado é a minha maior arma para voltar de cabeça levantada, mais uma vez,
pois só foi mais um jogo, tão pessoal nesse texto, preciso dar a volta por cima
e sei que não estou sozinho. Quero só ver com mais alegria esse sol e comemorar
mais um dia dessa vida e nada mais.
Mas adoraria só
estar atrasado para mais uma aula de matemática.
Leo