19 de nov. de 2012

Para o meu amigo monstrinho

Estranho ruído vindo debaixo da cama
Deixei de acreditar em Monstros
Mas havia algo embaixo da cama
Afastei-me daquele mundo para ter novos encontros
Devidamente acompanhado de quem só reclama

E não acredita em monstros
Muito menos que possam viver embaixo da cama

Dão risada tomando bebida ardente
Nem entende a piada, mas já mostram os dentes
Chama de amigo, mas nunca emprestou pijama
e pouco acredita, que existam monstros em baixo da cama

Comentam trabalho institucional
Tarifas bancárias e decréscimo cambial
mas nunca se perdeu no milharal
mesmo que fosse em sonho, onde voar não espanta

Levanta, adianta, mas esqueceu-se
como encanta

Pois, não acredita que tenhas monstros embaixo da cama

Pobre criança que se limitou
pagou suas contas e já se cansou
se acha velho,
mas nunca subiu em um palco e cantou!

Nem sorriu, nem pulou
Escorregou e descansou
levantou e partiu
para só mais tarde voltar

Até tirou notas boas, mas nem se arriscou
guardou coração no bolso e arrancou
de si mesmo o sorriso de quem já acreditou

Que um dia seu melhor amigo era invisível
Tinha nome e endereço
Visitava-lhe em seus sonhos

Batia o pé e sacolejava
pois nem duvidava 

No mundo onde vivem monstros embaixo da cama

9 de jul. de 2012

Teoria abstrata de sobrevivência

Sussurrei ao vento doze palavras nítidas, mas de complexa compreensão em primeira leva de pensamentos virgens, cabíveis potes de margarina usados como reserva de feijão temperado. Mas se te explicar pouco vai entender, sendo que daqui pra frente nada vale, se nada vale, nada cabe nesse pote, compreendendo que tudo pode, mas tudo pode na medida do cabível, dentro das medidas sugeridas na embalagem o obvio é o simples e o simples cabe no pote, mas está fora de moda, depois que surgiram tantos métodos exóticos de explicar os problemas do mundo, compostos de remédios e tragos amargos que deixam fora de si os nossos corações. Mesmo assim, quem vai querer saber realmente?!  Estão todos preocupados com seus umbigos peludos e enrustidos com seus ouvidos levantados, mas compenetrados nas mensagens de celular, dizendo que vai se atrasar para ver o repetido filme que passa todos os dias, mas que dessa vez, vai demorar cinco minutos a mais na rua, porque vai olhar para um sorriso que não é o teu, mas não vai se apaixonar, por um instante talvez, mas deixado o devido motivo, diz para quem estiver a esperar na mesa da janta, que o feijão caso queira esfriar, melhor requentar ao microondas e forrar com farinha, para engrossar o caldo da conversa assistindo TV, tão repetida quanto esse relacionamento falido que tenta agregar com os deveres do serviço que chama de trabalho, mas que só cumpre tabela, pra passar menos fome na vida, pois fome de comida é o fim da picada, nessa alma que só se alimenta de vazio e condensado ar que pouco deixa respirar.

Esquece do termo e aprende a rimar, para chacoalhar todos os sentimentos, remetendo crianças e seus atrevimentos, comprimentos e saudações, com menos emoções, pois suas contas chegaram e encaminharam ao seu sorriso uma leve preocupação, difícil de esconder, estampada em seu rosto cada palpitada do seu coração, que dificilmente sabe mentir, nesses dentes amarelos cobertos de desejos de ficar, dizendo em voz baixa que precisaria ir, hoje mais cedo do que ontem, antes que as luzes o foquem, debaixo dessa incapacidade de caminhar adiante, querendo mais do que tudo silêncio e estar distante, desligando o relógio por um tempo para haver menos comprometimento com horários e dívidas. Mas quem se importa com você e a cor do seu uniforme, seu crachá e todas as formas colocadas no forno, para que o bolo asse e nada passe do mesmo, do igual e do menos parecido com o diferente, para ter em mente, que tudo tem uma formula robusta, mas te digo: é tudo mentira!

Menti para mim mesmo para não entrar em pane mais uma vez, porque prefiro assim. Fazendo de conta que colocar o pó para debaixo do tapete faz menos mal do que inalar toda essa fumaça sub-alterna. Julgados como vacas, emprestados como fitas VHS antigas, somos um pouco do lixo comestível que se oferece em redes de Fast-food, englobados e generalizados em chamadas, diagnosticados como números e estatística, mas se você ainda se interessa em entender, procure outro lugar. Compreender é pra quem realmente tem tempo para filosofias, no concreto das nossas contas, estamos todos devendo, então vale pouco a pena tentar colocar numero sobre numero para encontrar o denominador comum dessas variáveis. Mas mesmo assim, tentaremos ser um pouco melhor todos os dias.

Leo

12 de jun. de 2012

Staff coletivo para a próxima temporada da novela das sete


Gota quente esfria o corpo vazio de emoções passadas, notas falidas do bolso furado, garantido a milhões de anos luz que a felicidade tira férias no outono e cria a tal da expectativa para o verão do ano que vem, quando a onda cobrir teus pés e molhar tua canela, enquanto sente saudade de si mesmo em frente ao espelho, envelhecendo aos poucos, custeando mais uma vez entender os pêlos procriados e se afastando dos amigos, acabando com as conversas sem nexo. Ser adulto é ter identidade certa para cada trecho do texto, é viajar em palavras concretas e simplesmente esquecer de dançar ao som do nada. Precisa ter musica alta e muita bebida cara, realmente, o preço precisa ser alto, para tudo, para toda qualidade garantida em frases sobre bolsas de valores e déficits bancários e notas promissórias da sua carreira que dita pela sua mãe, seria promissora, se tivesse se formado no curso de inglês e tentado cabular menos o judô, comendo pastel escondido da própria barriga, que vergonha ser adulto, que vergonha dessa saudade que dá de quem não se encontra mais por aí sambando ocasiões simples.

Que saco é o senso critico e as responsabilidades, agora até os meus desenhos precisam ser melhores, pois os traços empacam e desencanam de sair do inicio para formar as casas do meu condomínio fechado e protegido por duzentos seguranças, com os rostos amargurados por seus salários curtos e mulheres que reclamam demais. Eles não me deixam pirar mais, esqueci o rumo da loucura e caduco minha cabeça nas contas e nos deveres diários. Chato por reclamar e ainda mais chato pela obrigação de passar por caminhos parecidos, sejam eles próximos ou não. A vida é um sapato apertado e paletó em dia de calor, e o pior de tudo, só foram me avisar depois de todas essas primaveras, quase vinte e sete, quase trinta já se foram e mentem para as crianças falando de embarcações cheias de barbudos na aula de história e mentindo, dizendo que o Japão fica do outro lado do mundo, sendo que na Liberdade, bom, na liberdade ninguém sabe de nada, porque essa nunca existiu para ninguém. 

Coma cereais, integrais e tome dois litros de água. Ande, respire com calma e prefira roupas claras. Duas voltas para formar o nó da gravata e linhas tortas deixam esse terno mais caro, mas que droga, quadrado demais para círculos alterados de embriaguês. Por onde estavam os bêbados na noite passada enquanto palhaços criticavam a monarquia e sua capacidade curta de democracia? Expressamente, ligeiramente cansado de arriscar palpites e os rostos virarem. Dentro do silencio a razão é alcançada quase que sempre, sempre só não, pois como a liberdade, o sempre também é mera ilusão das nossas capacidades de criar sentimentos motivadores para continuarmos em frente, sempre em frente marujos, remando nessa embarcação com menos barbudos que as vindas de Portugal, que roubaram tanto ouro, que levaram o brilho dos nossos sorrisos esperançosos. Falam para fazer o certo, mas me ensinaram a andar errado, falar, criar e a pensar, achando que seria legal ser, mas nem sei quem sou e continuo pouco sabendo.

Eita palhaço reclamão, volta para picadeiro e fecha esse bico, borra menos a maquiagem e estampa logo esse sorriso, escarnecido e cria ao menos a sensação, externa, projeta e concretiza, para o de conta fazer o que tiver de ser, bem ao menos para fora pode parecer o suficiente para alegrar a quem olhar e se guiar por sentimentos estranhos dessa fase obscura, tão escura que nem nego a necessidade de um abajur para o meu coração, que deixou as estrelas de lado e casou-se com as cédulas  coloridas de arco-íris importado da Ásia, transportado em cargueiro bagunçado, completado por olhos gordinhos, que se envaideceram e esconderam no fundo do poço as possibilidades de encontrar peças originais de um amor verdadeiro, partindo só de você, sem espantar a sua leveza, porque dela, você precisa demais.

_ eita burrice Leonardo.

21 de fev. de 2012

Os Dilemas da Terra do Nunca

Quinze crianças correndo enfileiradas, batendo as portas e gritando as novas. Diziam “venham ver, venham ver, venham ver a gente crescer”. Estava posto na janela, logo corri para rua para avisar, pois viria a calhar, calar o impossível e dizer em voz alta “Não o façam, não o façam, esperem que ainda há tempo”. Mas de porta em porta foram batendo, favorecendo a idéia contraria, logo distanciaram-se tanto que minhas pernas falhas já me impediam de encontrar o mesmo tanto de velocidade. Seus olhos brilhavam como meus passados em cada presente de aniversário que desembrulhei e esparramei pelo tapete da sala, criei meus mundos e minhas historias, criei minhas lendas e voei até Marte quando me esgotava desse mundo. É tudo tão banal, é tudo tão igual, as marcas, os modelos, os jeitos e as maneiras copiadas um a um, zero a zero, jogo tem sempre que ter um ganhador e um perdedor, fatos inexplicáveis. Corri então para dentro de casa para encontrar meu microfone e amplificador, de carro os encontraria e aumentaria o volume no máximo, impossível seria ouvir só um pouco, debruçaria no poste que timbraria papeis em branco com a marca dizendo “Esqueça dessa idéia, por favor, esqueça, é tão cinza depois do carnaval, todo cinza que percorre e te faz pesar tanto, não entendo por que tem que ser assim, mas assim não o faça, eu que não percebi, agora estou aqui, olhando o mundo da janela, com as canelas cansadas, com a voz calma de tanto tédio e programas de televisão”. Crescer é realmente estranho. Crescer é a coisa mais estranha que já me aconteceu e do um foi para o dez e do dez já estou com mais de vinte e se parasse no cinco, tudo bem, mas escolheu o seis que está por vir e nem vem me dizer que são só números, pois a vida me cobra, a mochila fica mais pesada e os sonhos parecem como o final do carnaval. Sem cor, Sem dor, Sem nada. Segui sem manual de instrução e esqueci como se chora de saudade, esqueci como sente com o coração e esquece orgulho, ama a novidade e nem vergonha sinto mais, me ouve aqui, por favor me ouve aqui, desaprendi a voar de tanto me preocupar, com problemas que eram pequenos, mas nessas medidas insolúveis fico com tanto medo, que prefiro só remar e nem pensar em quase que nada.
Por tempos achei que eram apenas férias demoradas, mas elas caminharam sozinhas e foram tomando vida própria. Os dias ou foto-cópias reformuladas para enjoar menos, ou demasiadas mudanças nas tintas do corredor para mudar o clima levemente, para por fim, enjoar menos ainda. Aplausos para os bebês que nascem e que ainda passarão por tudo isso. Reclamando menos, pois há tempos entendi, mas mesmo ao entender, continuei batendo em silencio querendo explicar menos as coisas, cabendo em cada minuto de boca fechada o crescimento interno de constantes medidas fora do eixo. Falando só das mesmas coisas e esse não era o meu objetivo. Disse que seria diferente dessa moçada apressada, que remaria contra a maré e que nem ligaria para metade dos seus problemas, bailaria noites e dias até engessar meus dois pés e nenhuma cadeira pudesse me segurar nessa intensa vontade de voar cada vez mais longe. Quero seguir, quero partir, mas são parcelas atrasadas e cobranças vindas do ego, peço para calar-te, mas mal-educados cantam até para o seu sofrimento, por isso devo virar menos noites e beber menos dessa loucura mutua do mundo humano e tentar captar aquilo que os olhos enquadrarem, na medida do possível, registrar meus sonhos, mas definitivamente, nunca parar de sonhar.
“Crescer não dói”
Mas o peso acumula tantas outras coisas e essas a gente releva até onde dá, segue olhando os pontos fundamentais e absorvendo o necessário. O peso é só o peso Leonardo e mais nada. Mentira! O Peso não me deixa chorar em paz sozinho a saudade daquela que partiu sem dizer o que precisava dizer, estranho a cicatrização que mantém distante, mas muito lá atrás e quem disse que era isso que eu queria?  Frio e disfarçado, casacos de cor preta para escancarar menos as mágoas ou os dilemas, corro para desencanar e levar com calma, mas aqui dentro tudo e todos estão gritando tanto. Dizendo para tentar de outro jeito ou perguntando a cada momento se a formula é essa ou aquela. Preferia o mundo sem as derrotas dos adultos, sem os esquemas mentirosos para sacanear seus próprios amigos. Não gosto desse mundo que ninguém confia em ninguém. Que muitos se abraçam, mas poucos se amam. Torturante ver a mentira sendo tratada como verdade e espalhada de boca em boca e gritada por muitos ao mesmo tempo. Amor está bem longe disso que estão pregando, pois amor é incolor, é indolor e incapaz de fazer sofrer. Amor te derruba para o bem, para te fazer levantar e competir de igual com as novas chances que obtiver. Amor é capaz de construir muralhas e incapaz de estabelecer esse iceberg dentro de qualquer coração gelado, pois o amor é quente. Quente como o mar a noite, quente como abraço de mãe que sinto tanta saudade. O Amor é maior que qualquer nome Possível de se escrever em qualquer página de caderno, é maior que qualquer previsão do tempo ou noticia de jornal.
Mãe, quero crescer devagar,  diz para me cutucarem menos e levarem a sério as minhas idéias, para esquecerem de mim quando precisar respirar sozinho, gosto muito desse quarto e da calma que a solidão as vezes me dá, mas também amo o maior sorriso do mundo do coração mais confortável que meu Senhor poderia me entregar de presente para a eternidade de cada freqüência ou desejo humano, superando cada barreira ou possibilidade de enxergar a olho nu. O mundo está tão sujo, varro a casa e sempre encontro poeira pelos cantos, me esforço, mas ela continua lá, todo mundo percebe, mas estranho ninguém tirar ela de lá.
Não quero ser como você e muito menos igual a você, eu quero ser eu mesmo e fazer tudo que me der vontade. Na hora do meu samba, que nem é de raiz, mas compreendo ser de verdade, pois assim me disseram e se não for, transformo em peso e chamo de algum nome que inventar, o mundo é meu e quem manda nele sou eu.


Leonardo Fonseca