31 de mar. de 2011

#TIRASDEJORNAIS - Pré-Mundo dos Sonhos


Deixa remar o meu barco até a lua. Lá tem quem me entende.
Olham feio demais para mim, abaixo o meu rosto e sinto vergonha
Falam que as brigas são boas, mas nunca concordei
Viver está além das pessoas que dizem foi um erro quando me apaixonei

Estar aqui precisa de um sentido, é isso que acho
Questionam meu remo, mas não remam por mim
Dizem haver uma conduta correta
Mas nem respeitam os semáforos

Por hipótese é só luz enfileirada
Verde, amarelo e vermelho
Mas faz parar até o carro de bombeiro
Gritava horrores, guiando para um incêndio

Prédios altos formigavam de tanto ficar sentado
Levantaram e causaram alvoroço geral
Parecia banda pop na frente de colégio
Cabelo para todos os lados

Mas enquanto se ocupar dorme mais um pouco
Sem esforço, só precisa descansar
Pensar na minha Gordinha
Pedir, respirar, orar e prosseguir

Te vejo no mundo dos Sonhos.


Leonardo Fonseca

#TIRASDEJORNAIS - Teoria do Hábito


Vinte quatro horas de vida, seis horas de sono
Madrugada até amanhecer
Dorme com as pernas e os braços esticados
Sua professora dizia que isso te faria crescer

Membros enormes e dedos compridos
Era uma moça que pouco se adaptava a vestidos
Preferiu por vez usar calças
Escondia suas pernas e andava com os pés protegidos

Mais satisfação para trabalhar
Organizar, desenvolver, raciocinar
Ocupar cada toque do ponteiro
Acendendo vontade com isqueiro

Pega fogo e esquenta sua marmita
Conversa sobre futebol e permita-se mastigar
É o mínimo de esforço para o bem
Pessoas ocupam-se com as tarefas básicas que tem

Volta pro batente, pensa no futuro
Esquece que essa não é serpente
Pensa na valorização do ser humano
Fazer da sua vida uma crescente

É o costume que vai trazer o hábito
Estranho quando te vejo errar, ficando abatido
Sobrepõem as negatividades dizendo bobeiras
Põe no navio e taca abaixo nas corredeiras

Deixa fluir a vida, só percebe cada acento
Enfeita com uma rosa e mantém a concentração
Coordena o pulso e desacelera a respiração
Interligação cerebral e força no pensamento

Antes de dormir, agradece
Lembra daquele que não esquece
Olha todos os dias e ilumina
Faz da vida essa história que me fascina

Menina, desliga e vem cá


Se não é tudo que eu quero, de fato é o que eu preciso

Viver com calma, vale muito mais a pena

Leonardo Fonseca

30 de mar. de 2011

#TIRASDEJORNAIS - Pastor Belga e Canário da Terra


Capricha na meta de cumprir esse telhado
As portas de verde e o rodapé rabiscado
Cerejas no chão, morangos e fim da solidão
Poxa! Pedi para comentar assuntos mais leves!

Desenfreado pulei o portão
Melhor solução de palhaço nessa situação
Escondido na noite me perdi a beber
Voltei tropeçando, nem conseguia ver

Foi motivo pro amor fugir daquela vez
Contribui com a tristeza do amor da cama vazia
Fica longe de casa e o coração esvazia
Tens que cuidar quando se gosta

Adota postura respeitosa, usa um terno
Penteia o cabelo, decora palavras e leva-lhe uma rosa
Sorri com imensidão, exclamando o brilho dos dentes
Força, se bem, que é melhor acalmar

Volta a pintar o cercadinho meu amigo
As crianças precisam de um lugar pra brincar
Um banco aqui seria perfeito, ainda me concentro
E junto todas as histórias boas de contar

Alegre como em sonhos escolhidos antes de dormir
Pensei no sorriso mais lindo, concentrei-me

Premiados aqueles que acreditam!

Menina voava comigo e sem saber, já contava todas as histórias

Força da inspiração de toda força conjunta.



Todo bom motivo tem uma boa causa.

Sinceramente? Faz bastante sentido!



Leonardo Fonseca

29 de mar. de 2011

#TIRASDEJORNAIS - Rima que muda, explica e insulta


Esquema direito quase perfeito
Hoje não deu esquerdo e despencou
Caiu contrário do lado do berço
Supondo errado, foi ficha que desperdiçou

Meninos remam para o lado oposto
Capitão gritou e obedeceu com desgosto
Deveriam te ouvir novamente
Tão pequeno pouco influente

Remou marujo para solidão
Com barco alçado na escuridão
Sentiu medo por noites a fio
Mas monotonia o conduziu

De tarde teve novos pensamentos
Ergueu a cabeça e falou sem soluçar
Forte robusto de peito estufado
Dizendo palavras sem olhar para o lado

Nesse Mundo quem manda sou Eu e não venha desse jeito gritar
Deveria saber minha opinião, espera pelo erro só para nos estressar
Se fosse esperto cantava solução
Só se faz de esperto resumindo a vida, cuspindo conclusão

Nas lerdezas de uma possibilidade
Encontra-te aos berros, mas nos deve verdade
Sabe-se lá o que pensa
Ajudar sempre vale à pena
Grita, mas não sabe o que é bondade

Faça sem esperar, o caminho é a vida que cria
É a ternura que contagia
Assusta a imparcialidade

Rotulo como uma parceria

Mas se puder.


Grite menos e ore mais
Caminha comigo que vale

Estou só tentando, a solução

Ainda ninguém encontrou.



Leo Fonseca

28 de mar. de 2011

#AZUL - Contos e Estrelas

Cena 1 – De leve no início, para não assustar.

[Menina entra pelo lado direito do palco com um livro de capa vermelha em sua mão. Olhando fixamente para frente, sem olhar, abre o livro, ainda caminhando, segue até o foco de luz no centro do palco. Direciona os seus olhos para o livro e começa a ler]

- Explode coração em borbulhas cor de rosa, flores espalhadas no milharal. Seguindo do cuidado que deve ter ao atravessar as ruas. O menino perdeu-se mais uma vez do bando e ficou para trás, perdido no bosque, procurou caminho correto durante um tempo, mas coitado, deve dormir desamparado na noite que está por vir. De tanto reclamar deu nisso, representou muito mal os meninos de boa fé e agora precisa se concentrar para sofrer menos nas passagens do relógio nesses tempos que estão por vir. Prestar atenção devida vale muito à pena.

[Ainda no foco a menina interrompe a leitura, olhando agora para frente, entorta a cabeça para o lado, fazendo cara de dúvida. Segura o livro com uma mão e leva a mão livre para o queixo, indagando algo, questiona em voz alta]

- História de menino perdido, mais uma vez. Cantores falam de amores que nunca acontecem e ainda vendem em promoções de discos falidos. Lucrativos em tempos de crise. Bendito seja a crise matrimonial, dando dinheiro para esses aí. Lendo as linhas que foram, percebi um tanto de coisa que tinha deixado passar. Similares as histórias, dizem combinações úteis, cabíveis nas atitudes próprias também. Esse livro conta uma história. Sério, ele conta uma história. Parece redundante, mas é verdade! A história de um menino. Tá! Sem mentiras! É a história de um menino e de uma menina. É muito grito para me concentrar, mas vou tentar contar sem alvoroço tudo que preciso para concluir, sem ficar perdida. Eu prometo! Histórias assim acontecem aos montes e fica difícil controlar a garganta quando as palavras são ditas rapidamente. Gaguejo e perco os verbos pelos cantos.

[A luz é abaixada levemente, deixando o palco todo escuro. Com todas as luzes apagadas a voz da menina soa mais uma vez, introduzindo a história que estava para tomar partido]

- Enquanto uns comemoravam o frio do inverno, feito louco, um menino tentava de todo jeito parar as infiltrações. Era tanta água escorrendo pelos cantos que de certo, qualquer um ficaria louco, mas como um bravo guerreiro, a luta começou assim.

Cena 2 – Quando explodem os canos e foge água por todos os lados.

[As luzes sobem, agora vemos o saguão de um hotel, peças douradas e brilhantes detalhando a escada ao centro. Enfeita bem o cenário. Com as calças dobradas, dois funcionários do hotel tentam parar á água que cai como cascata pela escada brilhante. Vazamento lá cima, estourou um cano talvez. Perfeito no que parece, mas acidentes acontecem. Unido aos funcionários, menino de olhos puxados fazia grandes ondas com um rodo gigante, empurrando porta a fora a Tsunami que dominava o mar norte daquele espaço]

- Amigos, companheiros! Continuem a remar, esqueçam as suas frescuras, é água! Pura e verdadeira. Só molha e se tomarmos vitaminas, ninguém aqui vai adoecer, levem isso como promessa e continuem a jogar toda água para fora. Antes que seja possível nadar aqui dentro. Remem amigos, remem! Sente calafrios como eu?! Água gelada que desce como corredeira. Rio abaixo o marujo precisará de banho quente e não duvido que queiras um chá!

[Girando como se dançasse com o rodo em suas mãos. Valsando e atirando muita água para fora, animou todos que contribuíram com a sintonia, dando um só movimento para todos os corpos presente no palco. Agora todos dançavam muito. Eram giros enormes, pareciam poder voar. Divertiam-se e sorriam largamente, chegaria à hora da água conceder trégua, mas antes que isso acontecesse, uma menina de vestido florido, todo molhado. Desceu fumegante os degraus, com seus cabelos escuros. Não aparentava alegria quando começou a gritar]

- Ato de menino irresponsável, já era de se imaginar. Tonto fica girando e esquece-se de ajudar. Semelhante aos que ruminam, nessa sua arte de mascar até o chiclete virar pedra. Esticado no chão! Deveria ter mais respeito e conceder ajuda verdadeira e não essa dança medíocre. Meninos são sempre muito tontos, não sei quem ainda perde tempo contratando trastes assim!

[Apresentando a menina, antes que as semelhanças tomem conta. É calma. Em toda via, é muito calma, mas com seu cabelo molhado, foi assim em voz alta que resolveu se revoltar. Não queiram avaliar a minha personagem com essa entrada, se bem que é burrice minha explicar, mas em uma situação como estas, seria impossível não gritar]

- Parem de dançar e me expliquem, por favor! Por que tanta água, de onde que vem? Parem de dançar! Parem, levem um pouco tudo mais a sério, estou ficando tonta vendo-os rodar.

[A menina parou no meio da escada, com as mãos na cintura e sobrancelhas nervosas, acentuadas e imperativas. Muita água ainda escorria, mesmo assim continuou a não ajudar e isso fez menino que ainda girava parar e perceber que precisava direcionar alguma palavra nesse momento, eram só gritos e pouca positividade, precisava de mais leveza e não custava nada falar]

- Menina boba, como disse, é só água. Chá quente e um bom banho. Resultado imediato ou o seu dinheiro de volta, serviço garantido e doze meses de garantia sobre o produto, se danificar a culpa deixa de ser minha, passei tantas dicas que só me faltava desenhar.

- Falas assim, mas foi teu cabelo que encharcou? Percebe-se que não, menino tonto e cheio de bobagem, fica ai dançando, passe menos vontade. Chá quente? Vou te mostrar! Pare de me aborrecer! Difícil tratar com crianças esses casos de adultos, maduros, sabem mais do que você, percebe tão pouco e fala igual um bobo. Gira, pode girar, custa-me pouco te ver como um louco!

[Enquanto discutiam, assustados os funcionários que valsavam, desistiram de acompanhar a cena e saíram um para cada lado. Com cara de irritada, a menina começou a descer os degraus que lhe restava para chegar à altura do menino, que com o rodo da mão, assistia os passos rumo ao solo. A Menina então parou em sua frente e com o dedo indicador elevou ao ponto mais alto suas notas mais agudas. Para evitar que o clima piore, não vou transcrever os insultos que a menina dizia em voz alta. Politicamente incorreta, discorria sua ira momentânea com muita força. Tem momentos na vida que realmente devemos deixar que os nossos companheiros soltem para fora os seus temores, quem sabe assim não encontremos um sossego? Após o último acorde agudo, a menina abaixou o dedo apontador, respirou fundo e deu uma pequena brecha para que o menino tomasse a vez]

- Acalme-se! Só pode ficar calma, tente.

- Ah! Valha-me, como pode pedir calma?

- Acalme-se, é só respirar, seguindo puxar e soltar, não dificulta, é só respirar.

- Se a vida fosse um remédio com bula, acompanharia os seus passos, mas diferente disso, é só palavra que entra por meus ouvidos e tomam forma em minha imaginação. Ou seja! Tolices. Tolices de um menino que não sabe de nada

- Dúvida de uma coisa?

- Do que posso duvidar?

- Que no mundo és especial, mesmo com todo esse nervosismo, posso te provar facilmente o seu nível elevado, aqui perante aos níveis especiais da vida humana. Sem concordâncias verbais, pois essas cansam demais. Fato! É Especial!

- Menino tonto, tá querendo me enganar?

- Eu acho que não!

[Antes que tomasse as mãos da menina de contragosto, logo as agarrou. Puxando para perto de seu corpo, envolta em abraço apertado. Ela não parecia aborrecida, dando a liberdade para o primeiro giro conjunto, levando os dois corpos a parecerem um peão, após o décimo giro, que agora tomara proporções maiores. E os dois giravam, esparramando ondas em tubos para os arredores, até quando essas criaram corpo, assumindo a forma de um rodamoinho, gigante. Quando encontrou o último nível do crescimento, a luz do palco se apaga. Acompanhando o desfecho da grande onda]

Cena 3 – Breve conclusão de um só brilho teu.

[A luz volta suavemente, mostrando que agora o menino e a menina não giravam mais. Sentados no centro do palco, olham para cima, pescando estrelas com olhares contínuos. Arriscando palavras, o menino voltou a falar]

- Brilho inexplicável de estrelas nomeadas pela paz de quem possui ternura para apreciá-las, conta com calma cada, mirando com a ponta dos dedos. Nomeando como Ursa Maior a estrela mais aconchegante. Te levo para lá durante as férias do meio do ano, com paciência vamos chegar lá, antes que o sol acabe com a noite. Desejaria o relógio parasse, explicaria mais uma vez, que é só ter calma. Olhar para cima e perceber a quantidade de luz que te ilumina. É muito pensamento bom refletido ao mesmo tempo. Sanduíches naturais e bolos de chocolate

- Era um pensamento leve que me faltava, desculpe pela indiscrição das palavras gritadas no saguão, foi descabida cada consoante mal posta, indevida. Gritei demais, desculpa-me por esse momento insolente?

- Quem lhes deve desculpa sou eu! Continuei dançando e não respeitei seu corpo molhado, encharcado, ganhava direito de se aborrecer e fez o devido. Pendemos para todos os lados em momentos marcantes. Vamos prestar atenção nas estrelas e torcer pela oportunidade de conhecer a dimensão desse Planeta Terra, que cabe saudade na mesma quantidade que nasce um bebê, esse que sem saber, sorri e continua a viver.

- Ei gordinho, vê aquela estrela que brilha tão forte ali em cima? No lado direito! Palpitando igual coração apaixonado?

Sim, estou vendo! E vejo que ela está a brilhar só por você. Aproveite!


[Luzes se apagam]

[Cortinas se fecham]










E eu continuo a sonhar amanhã


Boa noite.



Minha Terra do Nunca Pessoal


Leonardo Fonseca

16 de mar. de 2011

#MUNDODALUA - Exploração conclusiva em primeira pessoa de uma missão que não teve fim

Com as costas cobertas de areia, levantou e bocejou. Avistou todos os cantos possíveis. Seus olhos diziam ser ali uma praia, estavam banhados por todos os cantos, diversas ondas e pequenas casas espalhadas. Pessoas organizando suas varandas. Simples, pareciam feitas com bambus, construídas a mão, enfeitadas por orquídeas de diversas cores. Vermelhas, amarelas. Crianças correndo e cachorros sem coleira, todos atrás de uma bola que veio até o Astronauta. Patente deixada de lado após fatídica explosão, acontecida a sinônimos anteriores. Discorrida em detalhes pelo narrador. Sobreviveu e isso que importa para que a história tenha conclusão. Partiu da Terra a meses e perdido no espaço pensou um pouco de tudo, mas nem toda solidão foi suficiente. Cabe a ações dizer os componentes certos para que a narrativa tenha uma ordem sincera. Compatível com o desejo do ser que se preocupa tanto com as horas. Escolhe o programa do almoço, pingando gotas de alguma coisa que não engorda. Tomou remédios e perdeu a sensibilidade. Ansiedade, não teve. Espatifou-se, foi essa a missão e seu fim. Todo início é predestinado a terminar. A morte após cada dia respirado. Tendência, sistema natural, ordem natural da evolução. Estranho é só encontrar-se aqui, deparado a algo que não teve fim e que precisa de um apresso maior. Cair e não explodir é uma segunda chance, avistando ainda um sorriso, que temeroso, esqueci de contar nos verbos espalhados anteriormente.

E assim que eu acho que deve começar o final dessa história. Deixa pra lá o que passou, todos os erros resultaram no poste que foi implantado na frente do meu prédio, mas ninguém percebe. É uma doença louca essa mania de ser trágico e reclamar do ócio. As histórias são pateticamente parecidas sempre. Dizendo a forma de ser e de saber o que está para acontecer. Prefiro terminar bem, como os dias que acordei observando dentro dos seus olhos e o cheiro de todas as coisas boas que estão espalhadas pela espaço nave. Enquanto formava pensamentos novos e aceitação ao novo ambiente, nosso Astronauta continuou somando a situação em que vivia. Como uma tartaruga tirada do casco, ou aquele que perde uma moeda e reclama da fortuna. Avaliar é a forma mais fácil de abstrair os melhores momentos dessa vida. Tapam os dois olhos e nem percebe. Seguia reta a menina que o recepcionou, ainda em silêncio. Ajudou-o levantar e sem protestos o puxou a caminhar. Era simples e calma, transparecia ser de pouca briga e mais questionamentos leves. De como água deve fluir pelo corpo quando absorvida. Parecida com a respiração bem realizada. Seguia.

Trezes minutos de caminhada os levaram até um chalé, onde foram recepcionados por diversas pessoas, muito parecidos, mas todos diferentes. Sorrisos grandes e outros tímidos. Reparando no forasteiro que ainda trazia consigo a estranheza das vestes de um Astronauta. Muitas mãos vieram até ele, limpando a sujeira espalhada na armadura branca, enquanto a menina partia para o canto da sala. Houve ali uma nova sensação, novidade para o coração que até o capítulo anterior, parecia só se preocupar em bater e ser funcional. Estava protegido. Dois rapazes agarram sua mão e o levaram para o centro do chalé, após dois passos a sua mente desligou e seus olhos fecharam como uma pancada forte, seu corpo foi ao chão. Deve ter sido um susto, mas esse resultou em desmaio. Aqueles que estavam mais perto acudiram, mas tentaram não mover muito o corpo, para que problemas maiores não ocorressem.

Levado para uma sala de repouso ele dormiu por dois dias seguidos. Ao acordar percebeu vestir roupas de uma cor só. Calças leves e uma camisa feita à mão. Percebeu uma movimentação estranha fora da sala, levantou e foi averiguar o que se passava. Pessoas formavam um círculo em volta de um senhor, como nos clichês, barba branca, sentado em um banco. Pareciam todos maravilhados com cada palavra que soava ali naquela reunião. Após perceber o último rosto presente, como um cheque mate o senhor deu de encontro aos seus olhos viajantes. Fixos em uma conexão transparente, ele continuou a dizer suas palavras e as pessoas continuaram a observar. Estático, fixos, quando soada aos cantos a canção foi declamada.

- Bem vindo! Acaba aqui a lamentação final de todos os desejos soberanos. Perceba que nunca quis nada. Foi superficial, foi idealizado por planos padrões. Aprenda aqui a novidade, a possibilidade, à capacidade. Excluir as tentações é a forma nobre de inibir as condições que a vida se impõe, mas é interessante se adaptar também, como no mar que a respiração deve ser contida ou as braçadas em uma piscina olímpica. A variação depende do meio e a elevação mental em cada ponto deve sempre ser mantida. Reparando no processo inteiro. Esqueça a preguiça em casa e faça sempre a coisa certa. Certo para você e aquilo que te alimenta. Alimente-se bem também. Maneira de agradecer o maior presente que já te foi dado. Material como tudo aquilo que dizem que tens, mas ao menos de valor ao presente. Ao corpo que há de padecer, mas enquanto robusto, continue a lutar. Tens força o bastante para ser guerreiro e continuar. Errar, cair, levantar, assobiar. Cada qual com a sua dificuldade vigente. Feliz Ano Novo Astronauta. Feliz Aniversário Astronauta. Entendas que aqui é o principio da segunda parte do primeiro momento da sua vida. Após a explosão da Nave Mãe, segue sua linha e parte até os próximos planos. O que couber dentro do seu enquadramento, não deixe de fora. Agregue todas as amizades que te mantém.

Uma vez me contaram a história de um menino muito parecido com você. De um mesmo planeta e de uma mesma condição. Não era de longe e também não morava tão perto. Partiu para lua aos vinte um anos, perdeu-se em becos estranhos, pedindo qualquer poeira para adiantar os relógios. Abstraindo a dor de estar preocupado com a necessidade de estar vivo. Comeu a Lua inteira e ao final do verão percebeu que estava tudo fora do lugar. Lembra-se, não ouviu direito e seguiu para esquerda. Certeza que aquele senhor ali atrás lhe disse que devia seguir pela direita, mas quis complicar, perdeu-se em pensamentos toscos e parou no caminho contrário. De tanto errar, chegou a chorar em desespero. Amparado em braços fortes, clareou a novidade, fez revolução e até mais do que podia. Estendeu uma bandeira enorme em seu quarto e hoje, depois de muitas noites sem dormir. Pode-se dizer.

Que estou muito feliz.


Uma chegada para dia hospedado longe da minha realidade. Astronauta Arima da Fonseca. Perdido no espaço durante anos a fio, perdeu-se dos pais quando ainda tinha tempo, achou uma mão e voltou ao solo e agora pode enfim, viver seu sonho e viver.

Abriu os olhos e era São Paulo, basicamente Zona Sul. Sem capacete, colocou os seus tênis e partiu mais uma vez, é a normalidade, mas agora vista como a aventura de nossas vidas, fazendo emoção na proporção certa, para que tudo tenha sempre muita graça.


Obrigado.


Leonardo Fonseca

10 de mar. de 2011

#ALEATORIO - Conclusão momentânea

Gordinha, tira daí essa bagunça, essas roupas não podem ficar aí. Presta atenção. Olha pra mim enquanto eu falo? É tão difícil parar e ouvir um pouco! Olha essa calçada, vai tropeçar se continuar assim, tentando duas coisas ao mesmo tempo, espaço muito estreito para raciocínios raros, complexos. Explicam para os interessados, mas quem liga para essas coisas? É o canal de vendas disciplinando uma nova maneira de analisar os dias da semana. É clichê demais falar de tempo e assuntos relacionados. Mas por hora, vale à pena tocar no assunto. Veio até aqui buscando uma nova história e deparou-se com a constância de uma verdade que ainda está gerando novidades. É bom encher a boca, não sempre. Pois a gula é um grande pecado. Abstrai neurônios necessários, mas mesmo assim complica. Prefiro perder meu tempo falando de amor e coisas boas de ter por perto em qualquer hora do dia. Remédios são prescritos, pois eles organizam as extremidades do possível, mas a vida é diferente disso. Seguindo a métrica só aprendi o quanto vale a pena prestar atenção no tempo presente. Vigente dos contados minutos que estão a seguir, passo a passo, anulando corredores que ficam. Com a tranqüilidade que falo sobre chocolates e sabores mais leves. Vaguei cabisbaixo, mas de perto, um sorriso como o teu, me faz em tempo real, perceber a vida de um jeito diferente.

Que amarelo que nada, pinta com vermelho essa rosa e não se espeta. Vê se vira menina esperta, vê se canta direito no coral e explica bem o caminho. Se ele se perder, vou logo dizendo que a culpa é tua. Só tua e de mais ninguém. Afinal de contas, a esperteza foi te dada e se gaba aos montes. Cantante aos cantos, dizendo que é potente o seu grito, mas me dedico a completar com fagulhas essa sensação. Raro não perceber, mas lê em meus olhos, pequenos por natureza asiática, ou de algum lugar da Índia. Lembra-me pimenta e temperos fortes. Trazido por portugueses, enquanto procuravam o Brasil que se tornou, acharam que aqui todos os temperos estariam à disposição da nova geração de corações abalados. Mas quase ninguém aprendeu. Continuam aprendendo. Devo dizer que me alimenta bem, mas creio tanto em gnomos que prefiro descansar lendo um livro qualquer. Com letras grandes e assunto fácil, escorrido igual macarrão de mãe. Sem grudar no fundo da panela. Descomplica que segue a fila no começo da semana.

Todo mundo erra, escroto pensar que tem alguém disposto a ser perfeito, cem por cento e com acentos agudos, discutir de maneira arrogante, simulando quem nunca quis ser, mas o meio lhe obrigou. Todo mundo está errado. Existe perdão constante para todos os desfalques. É real demais aceitar a necessidade de um tropeço e analisar com calma a possibilidade de evoluir a partir de um sorriso. Cinco dicas me fizeram tão bem que segui a rotina do bem. Percebi depois de tempo, tudo que me ocorreu e agradeci muito a Deus em todas as vezes que lembrei o meu nome e tudo que faz parte do meu Planeta Terra.

Desculpa senhor tempo, vim para te dominar em todo espaço que já lhe coube tédio, vim para dizer em miúdos. Não vou me explicar. Quero me encaixar no bem estar geral. Uma mesa repleta de amigos e que a vida seja um sorriso, ou barras de chocolate. Só depende do dia da semana e do tamanho da minha saudade.

Para cada segundo de saudade. Um pouco mais de vontade, Santa Felicidade. As vozes falam alto e ninguém está gritando, é um em cada canto, expressando como acha e sem estar errado. Opinando, colaborando e acrescentando versos positivos para as estrofes dessa canção. Queria ser esperto e conseguir desenhar cada sonho meu. Um pouco de tudo aquilo que eu acho resumido, tentando ser menos redundante, expressando coordenadamente.

Bom ver a vida dando certo.


Eis.

Desabafo.


Leonardo Fonseca