27 de set. de 2008

Coloca tudo em uma mala e some

Diga alô em voz alta quando ligar pela manhã, vai estar em um sono profundo e nem o mais ágil médico vai descobrir qual é a cura real para esse sono. Serei real para você, cansei desse teatro falso, acho que cansei de estar aqui e ser como você. Não posso duvidar de tantas coisas, mas costumo me perder em pensamentos estranhos. Sempre, quase sempre, pela madrugada que não tem fim. Os dias que começam e só terminam depois que os meus joelhos não conseguem segurar mais o meu corpo. Só mais um gole e prometo voltar para casa. Só mais um pouco disso. Deixa-me lotar o nariz com um pouco disso. Quero me perder lá em cima e não voltar mais. Quero pisar nas nuvens.


Até amanhecer eu não tenho nome, mudei de canal e não sou mais eu. Estranhei meu rosto quando não consegui dormir e desisti de qualquer conclusão momentânea. Deixa tudo acontecer da maneira que tem que acontecer. Fico comendo os dias e esqueço a data do aniversário do meu melhor amigo. Esse que já se foi ou nunca veio. Não sei, não conheço mais ninguém. Dei férias ao meu cérebro e ele esqueceu de voltar da lua. Envelheci e não cresci, mudei, mas continuo sempre igual. Minha cama nunca muda de posição e vejo o mundo caindo aos pedaços, perco a hora e perco tudo aquilo que não podia perder de jeito algum. Conheço-me o suficiente, mas continuo duvidando de muita coisa. Espero conseguir colher um pouco de tudo que estou conhecendo. Que seja válido de alguma coisa esse conhecimento estranho. Mas um gole gelado de Coca sempre é bom. Vendo a noite virar dia e não entender o porquê de vários entendimentos.


O que tiver que guardar, vai ficar guardado. Vou esquecer algumas coisas, não preciso adicionar ao meu mundo coisas que não me alegram. Não tenho mais a obrigação de sempre estar sorrindo, mas mesmo assim. Deixa-me sentir tristeza quando quiser. Deixa eu me alegrar com um pouco de chá e essa música lenta que nunca deveria parar de tocar.


Escrever usando a primeira pessoa do singular é como um vício, cigarro atrás de cigarro, gole atrás de gole, não entendo. Meu eu, meu teu, meu nosso e meu mais alguma coisa. Irrito-me em muitas vezes, acho que está tudo igual e que as idéias são sempre as mesmas. Não aprendi a gostar de tudo isso que escrevo. Não pertence a mim esse mundo que descrevo. Não sou daqui mesmo. Como se fosse uma idéia que aparece no momento em que movimento os meus dedos sobre o teclado. Vai indo e nem presto atenção na seqüência certa. Não acredito na possibilidade e vou testando um pouco de cada tecla. Acho que pode virar música, como se fosse um piano sem som. Como linguagem de surdo e mudo, vou conversando e opinando sobre as minhas próprias opiniões. Cada vez mais rápido, cada vez mais confuso, cada vez mais meu, cada vez mais um Leonardo que você nunca viu. Como se fosse uma nova pessoa que aparece na sua frente, estica a mão e diz um nome que não é dele. Repito palavras e discuto sobre um mesmo assunto. Auto-questionamento estranho, não vou conseguir responder as minhas próprias perguntas. Leio alguma coisa sobre o assunto, mas a internet não conhece aquilo que desejo descobrir. Eles não me conhecem e mal sabem o andar que moro. Não conhecem minha rua e não me viram crescer. Achariam banais os meus problemas e ririam na frente de todas as meninas bonitas do mundo. Vão me deixar com vergonha, vão me deixar vermelho, vão me embebedar. Dá-me um pouco disso que você está na boca, se me jogar para longe, prefiro mais ainda e degusto um pouco disso que faz tanto mal ao meu mundo que está cada vez mais estranho, mas uma hora eu caio na real.


Por enquanto estou de férias de todos vocês. Não quero contato, nem de terceiro e muito menos de primeiro grau. Esqueçam-me durante uma semana e não me liguem. Deixa-me sozinho um pouco. Vou ouvir uma música e tentar fazer algo bom de comer, mesmo sem fome, mesmo cansado. A campainha vai ser música. A porta está fechada e não quero festa na minha sala, a não ser que apareça uma princesa para dançar comigo. Ralando corpo no corpo, não vem dizendo seu nome. Só quero lembrardo seu sorriso e tudo aquilo que parecia estar ficando cada vez mais quente. E bate na minha porta bem cedo, quero aproveitar um dia inteiro ao seu lado. Não que seja amor, não que seja paixão, mas é à vontade. Vontade de ver o seu corpo requebrando, vontade ver seu corpo mexendo só para mim. Não conto para ninguém, fica segredo só nosso. Acho que meu sorriso pode entregar, mas não vou me preocupar a essa hora da manhã. Alguma câmera vai pegar e todo mundo vai ver no dia seguinte, e mesmo assim, não vou me importar. Tanto faz, explicações são chatas e eu falo sozinho mesmo. Não tenho ninguém para conversar nesse momento. O sol vai sair daqui a pouco e mais um dia vai começar. Não vou colocar nenhum roteiro para esquematizar os meus fatos diários e repito em todos os textos que sou uma pessoa repetitiva, sou e assumo.


É um ensaio fora do estúdio. Estou treinando no meu campo e dou quantas voltas quiser ao redor dessas faixas. Eu domino aqui por hoje, sou meu treinador e parceiro forte. Preciso correr mais rápido que você e preciso agüentar mais do que o maior campeão do mundo. Vou driblando com as vogais e jogo as consoantes para marcar os atacantes. Passado, pretérito e um futuro quase certo. Depende do que eu fizer amanhã. Depende de muita coisa hoje. Não busco comentários justos, não pergunto o que você pensa de mim, pois engano muito bem e você vai acompanhando a minha vida através de várias letras coladinhas, uma certinha atrás da outra, como se fosse uma festa de fontes estranhas. Nem tenta entender, não mesmo, é perda de tempo. Acho ainda que cada um de vocês tenha um pouco disso que aparece de madrugada para mim. Somos todos viciados em alguma coisa e freqüentamos um mesmo lugar por puro hábito. Somo iguais, somos todos parecidos e você é um pouco de mim também.


O que me trás até aqui é um fato desconhecido, é uma vontade obscura de dizer aquilo que tenho tanta vontade de dizer. Não tenho vergonha de assumir algumas coisas, até porque elas não são tão incomuns. Não sou homossexual, por favor, relaxem, não é disso que estou falando. Tenho medo e tenho idéias diferentes. Sou como você, mas uso roupas diferentes, não me preocupo com marcas e me contento com aquilo que se parcela a perder de vista. Apaixonado pelo simples, básico, útil e totalmente necessário. Arroz com feijão mesmo! Sabe? O luxo não foi feito para mim e me faz sorrir muito estar entre meus grandes amigos. Desenho do jeito que for melhor para mim, apoio no meu joelho e faço o céu parecer o oceano. Faço tudo do meu jeito e vou desenhar com muito capricho cada estrela que eu assistir nascer, quero-te sorrindo, só mais uma vez.


Esse é o último assunto da noite, sem sacanagem alguma. Com certeza todos sempre deveriam fechar seus blocos de assuntos, com algum papo que seja contagiante. A noite sempre tem um fim, mas eu faço do meu tempo, caminho do jeito que acho melhor, tento tanto não cansar os meus pés. Preferia quando via o domingo de chinelo, devagar e sempre, longos como os programas da tarde. Um gordo e um ser estranho do cabelo loiro. Vamos vender sorriso para a nossa noção. Vamos parcelar as nossas emoções e vamos esquecer o que é o amor. Não se apaixone hoje, vai perder todos os seus dentes e vai esquecer-se de pagar a conta do telefone. Fica sem falar com a sua tia por um ano e encontre uma pessoa nova dentro daquela senhora. Tente ver os prédios com mais calma. Tente ver tudo passar, mas segure um pouco de cada sentimento novo. Segure a si mesmo quando o vento voltar contra a gente. Deixa um colchão separado para as sextas e me esquece no sábado. Vou perder minha carteira no local mais distante do mundo e não vou fazer questão de encontrar por duas semanas. Depois eu volto a ser eu mesmo e aprendo com o barulho do teclado que, pensar um pouco em si não é trabalho, é cura de muita coisa que deixa com medo. E tenho medo de muita coisa, não tenho medo de assumir e ele me contagiar. Tomara que todas essas idéias realmente encontrem um rumo. Tomara que seja verdade, pelo menos, em um por cento de tudo isso que hoje em dia eu chamo de sonho. Se não. Coloque-me em uma dessas clínicas de férias para artistas drogados. Quero conhecer essa loucura da fama e quero ver como funciona esse mundo cheio de pessoas maquiadas. Personagens. Personagens de si mesmo e um pouco de tudo aquilo que você sempre quis ser, mas não dá para ir para o trabalho assim.



Vou esconder tudo isso aqui



Leonardo


22 de set. de 2008

Sempre prefiro do meu jeito

Estamos em guerra, juro que estamos em guerra. Consegui ver mais de mil soldados vindo em minha direção, mas que erro eu cometi? Acho que deixei minha boca dormente por muito tempo e me apaixonei por estados avançados da minha mente. Acho que eles encontraram meu caderno de idéias pessoais e acabaram por descobrir mais um louco, mais um tirano escondido. Estão lutando a favor da democracia, mas nunca me perguntam se eu realmente quero comer peixe no almoço. Nunca perguntam se a temperatura do ar está realmente boa, se quero passar frio ou ficar suado. Escuta-me só por hoje e me faz ter razão. Não quero me sentir sozinho e vou colocar o rádio no último volume, vou perturbar todos os vizinhos com as minhas músicas estranhas que não falam sobre assuntos agradáveis.


Bailarei sozinho a minha loucura e acordarei longe de casa, uma outra cidade, um outro estado. Quero estar longe de você e vou estar perto somente de mim mesmo, sem conselhos, sem assuntos a interferir a minha maneira de escalar esses montes. Não está dentro de mim essa vontade de viver ao seu lado, está na sobriedade chata que sou obrigado a viver. Se eu gritasse, possivelmente, meia dúzia iria se assustar, por isso me mantenho calado.


Estou bem, estou bem mesmo. Não quero que se preocupe, não é uma overdose de mim mesmo, é só a vontade não amar ninguém por hoje. É a vontade dançar sozinho em casa, comemorar o nada e me revelar mais amigo meu do que teu. Cansei de ouvir o telefone tocar, cansei de ouvir sempre as mesmas coisas.


No escuro eu me perco e não tenho pretensão alguma de me encontrar, não gosto de vírgulas, elas prendem demais a minha respiração e meu nariz já não acompanha mais tão bem a minha vontade de respirar. E freqüento lugares que te assustam. Sua mãe não vai me querer, não quero ela também. Quero ser eu mesmo e mais nada e não vou sentir mais saudade. Cansei de me machucar, cansei de ser aquilo que você deseja, cansei de investir naquilo que não vai vingar, cansei, cansei e cansei.


Nos dias de frio eu bebo chá

Água de coco quando esquentar

Afundo meu pé na areia

Hoje eu vou me amar


Esqueço-te quando escrevo seu nome

Sei que você não gosta das minhas cenas

Pareço um perdedor para me odiar

Me odeie

Hoje não é com você que quero caminhar


Viajarei entre as mesmas linhas

Deixo em branco o meu caderno

Tenho esperança

Que no final de tudo isso

Ainda vou ter algo para contar.



Leonardo

São muito largos esses seus passos

O relógio sempre marca a mesma hora e isso me irrita muito. Tanta coisa mudou e mesmo assim me pego na mesmice. É tão cômodo chamar esse dia de “segunda” e ainda escolher um mês para completar a data que estou vivendo hoje. Prefiro às vezes esquecer essa necessidade. Trabalharia aos domingos e folgaria na quarta, viveria na madrugada e dormiria durante o dia. Mas meus chefes não me deixam seguir da maneira que desejo. É tudo muito complicado para eles entender a ordem inversa da vida que desejo. Vou repetindo da maneira que todos gostam, não fico nada contente em parecer normal e usar essas roupas sem graça, mas tudo bem, me encontro em algum carnaval qualquer durante os finais de semana. À noite posso ser quem eu quiser ser, não sou herói de histórias em quadrinhos e muito menos sei qual é a minha função aqui. Reclamo menos e vou seguindo o manual de instruções, ser correto é tão chato.

Presto muita atenção para não perder o meu ônibus, é complicado acordar cedo e ter que esperar demais. Se eu perder esse, só depois de meia hora. Se eu me perder no caminho, pretendo, por hoje, não me encontrar. Quero descansar e ver o dia passar mais devagar e tenho calma suficiente para isso. Quem já viveu todo o dia de uma vida consegue facilmente acreditar que o dia vai passar e se não passar, tudo bem de novo, não espero enfrentar grandes filas por hoje.

Não vou achar um “porque” para nada e vou me embebedar logo cedo, me deixa ser moleque, me deixa ser quem eu quiser. Ambições eu tenho várias, mas vou mudando de opinião da mesma forma que eu mudo os canais da TV. Não sei me prender em nada que parece me consumir. Lógico que tenho vícios, mas esses são meus e não revelo para ninguém. Sou do jeito que a vida me montou, viciado nas mesmas coisas que a maioria das pessoas costumam estar viciadas.

Vencer na vida e ter um bom carro. Viajar no final do ano e ver alguns parentes. Quero ver o mar periodicamente também, assim como toda beleza natural que está indo embora. Quero me perder em jantares padrões. Amor! Vou trazer meus amigos do trabalho para jantar em casa essa noite. Vamos discutir tudo aquilo que não interessa saber no final da vida e sairemos na mão. Não quero concordar com ninguém, mas deixe a mesa pronta, eles não vão demorar.

Seres de um mundo padrão, quadrado, planejado, dentro de uma forma igual para todo mundo. Amigos por coincidência, colegas por necessidade. Vou comprar um belo presente de Natal para o seu filho e você vai me achar a melhor pessoa do mundo. Sou o melhor amigo do seu verão. Nosso capitalismo vai fazer mais sentido quando as prestações chegarem pelo correio. Nasci para isso e vou pagando o que consumo durante os dias que eu perco trabalhando.

Não vou vencer mais nada e serei qualquer um, serei o “fulano”. Alguém vai falar de mim, por bem ou por mal. Alguém vai se inspirar lendo algo que seja concreto e vai achar banal demais a tentativa quase que nula de se encontrar em algo do mundo que não lhe pertence.


Leonardo

Seu nome na areia, seu nome na minha cabeça, seu nome, seu nome e seu nome

Desisti dos cartazes! Não vejo mais motivo para dizer que amo uma pessoa. Deixa ela sentir, deixa ela gostar de tudo aquilo que eu faço sem querer. Gosto de tudo que acontece por a caso, sem querer, mesmo que querendo só um pouco, mas não quero nenhum carro de som gritando o meu nome, acho tão cafona isso tudo. Gosto de um “bom dia” bem dado e um sorriso matinal, talvez eu goste mais de você depois do almoço e mais ainda quando você me contar como foi o seu dia. Quero te amar assim, quero gostar de você assim, sem querer. Sem pressões, ok? Se eu não conseguir pegar essa próxima onda, o mar está agitado, vou na próxima e me equilibro nas sentenças mal feitas de um livro de poemas. Odeio o amor escrito, ele parece sempre tão clichê.


Venha comigo e vamos nos divertir, nossos dedos vão estar gelados, está tão frio. Essa variação de tempo acaba com o meu nariz e me deixa irritado, mas tudo bem! Tenho você para me animar com o seu ânimo adolescente, querendo abraçar o mundo com os seus braços que ainda não cresceram. Já fui assim, já vi o mundo da mesma maneira que você e não vou te julgar. Sonha hoje, vive amanhã e tenta ir sonhando no decorrer dos giros da Terra. O mundo não acaba amanhã e muito menos na semana que vêm. Vamos ter tempo suficiente para encher nossas cabeças com coisas novas e discutir cada frase nova que lermos nos outdoors das cidades onde vamos passar.


Se mesmo assim não sentir o amor que eu sinto, não vou saber o que fazer. Vou dormir e tentar acordar uma nova pessoa. Quem sabe assim eu não inove e renove tudo àquilo que você já está se cansando. Todos cansam e tentam esconder o seu cansaço com palavras decoradas. O amor se repete mil vezes em nossas vidas e vamos dizer que seremos únicos, completos e que nada vai no separar. Mentira! O tempo separa, a vida separa, os fatos separam, tudo separa. Esse é o ciclo normal de uma vida. Assim se conhece um sorriso novo e se encanta de beleza para beleza.


Já representei muito bem o mocinho de algumas histórias. Ganhei palavras bonitas e depois fui expulso do reino. Pego meu cavalo e embarco em uma nova jornada, não que seja necessário amar sempre e se perder sempre nesse labirinto semi- escuro que é o amor. A página não vai abrir, essa internet não vai acompanhar a minha linha de raciocínio e vou parecer repetitivo em todas as minhas frases, não sei mais o que dizer.


Mesmo assim, se quiser um amigo para conversar todos os dias antes de dormir, me ligue. Meu telefone não mudou e meu nome ainda é o mesmo. Sem erros e mudanças, sou aquilo que você já chamou de “querido” e quis para sempre. Acostumei-me com a sua falta de querer e me quis bem assim. Não vou me amar e dizer que é se amando que aprendemos a amar. Parece triste e solitário demais. Prefiro pensar que amanhã é um novo dia e que tudo aquilo que eu pedi um dia para vida, felizmente, vai acontecer.



Leonardo


14 de set. de 2008

Sobre uma curiosidade só minha e de uma coisa que não sai da minha cabeça desde ontem

Hoje eu consegui pensar em uma pessoa o dia todo, mas achei estranho. Não conheço teu rosto e não tenho idéia de como seja a tua voz. Por um estranho motivo que nem eu mesmo sei explicar. Te desenhei dentro da minha cabeça. Te fiz perfeita, completa e com todos os defeitos necessários para uma pessoa. Lógico que não pensei muita coisa, mas tenho um projeto de você.

Acho que sou mais um garoto tentando parecer legal, puxando assunto e falando de coisas interessantes. Essa é a minha maneira de ganhar pessoas para mim. Não para cuidar de uma forma exclusiva e sufocadora, mas que esteja presente sempre que for para cair na gargalhada. Rir de coisas idiotas e falar mal de todo mundo. Minha melhor amiga e ombro forte quando cair. Te ajudo a levantar também. Quero te ver de pé, sempre com a cabeça erguida e com várias idéias. Não mudaremos o mundo, já me cansei dessa idéia, mas que a gente sempre tenha algo interessante para fazer aos domingos. Podemos tomar um café e ver a semana começar ou vamos rir dos programas de auditório. Teatral, artístico, maquiados demais. Tenho certeza que alguns apresentadores são de plástico, não é possível, tem muita alegria no domingo a tarde. Eles te convencem que a segunda não é uma merda e que trabalhar é tão bom quanto fazer xixi quando se está muito apertado. Eu preferia ter comparado com algo de comer, mas com essa minha falta de fome, preferi apelar para algo que seja de humor apelativo.

Vou cruzar os vinte dedos que eu tenho no corpo, só para ver um recado seu me chamando para te conhecer. Quero te fazer sorrir por uma tarde inteira e ser for só isso, não vou achar ruim. Encostei no rosto que eu mais pensei, respirei e amei em cada segundo daquele momento. Amores são sempre clichês e as cenas vão sempre se repetir. Não ligo mais para isso e até acho engraçado essa forma que o mundo faz as coisas girarem. Seremos amor de muitas bocas que não sabem o que é amar. Acostuma-se, vira rotina e tudo sempre parece acontecer do mesmo jeito.

Segunda te vejo, terça te ligo, quarta a gente sai para jantar, quinta alguma coisa bem “light” e sexta você vem passar o final de semana comigo. Vai ser assim um dia, é assim com todo mundo, mesmo sem agendar, mas todo mundo cuida corretamente dos dias da semana e da necessidade de se amar um pouco dentro deles. Não acho errado, pois acho que as pessoas precisam sentir felicidade da forma que mais os agrada.

Idealizo, pois tenho muito tempo para idealizar o que eu bem entendo. Delicadamente, sei tudo sobre você. Não gosta disso e tenho certeza que gosta daquilo e vou dizendo tudo aquilo que os seus ouvidos sempre pediram para ouvir. Não treinei nada disso, talvez seja a minha criatividade forte, talvez seja a vontade de soltar tudo que está preso dentro da minha garganta. Ver um jardim florido de frente a você é quase um pecado, é realização de um sonho. Queria não te achar tão perfeita assim para mim.

Sou fraco e sempre acabo me apaixonando. Quando a curiosidade bate dentro de mim, nada tira isso da minha cabeça. E vejo vindo em minha direção em uma primeira vez. Está linda e deve ter pensado muito na roupa que iria vestir só para me ver. Um perfume para eu decorar o seu cheiro e seu sorriso que cabe muito bem em qualquer porta-retrato do meu quarto. Preparou-se como mulher só para me mostrar o seu rosto. Fico caído, bobo, criança e os meus olhos viciam em você. Não vou agüentar te ver só uma vez, não agüento esperar por uma segunda vez. O que vamos fazer? Será que ela gosta de filmes legais? Tanto faz para mim. Me encaixo muito bem em qualquer calçada perdida. Sento e tenho conversa para uma noite inteira e quando o sono bater, eu volto para casa. Amanhã eu preciso ser gente durante algumas horas.



Leonardo

Por que não tenho mais férias?

Acordei com quinze anos ontem, a piscina estava totalmente lotada de gente e eu não tinha nenhuma tatuagem no braço, talvez, tivesse menos vícios, manias e coisas estranhas ao me redor. Sempre me convenci que o mais simples é sempre o mais legal. E não nego gostar de tudo que não necessita tanto trabalho, sou preguiçoso assumido e tatuaria isso no meu peito. Eu adoro me enrolar como um casulo, pego os edredons e me escondo em meu mundo, só meu e que não cabe mais ninguém. Pô! A cama é pequena demais para dividir sentimentos calorosos.


Como era bom não ter conta atrasada e cartão de crédito. Como era bom não ter chefe e como era bom fingir estar doente, só para perder aquela porra de aula chata. Matemática, física, química. Jesus não estudou em colégios com essas matérias, porque neguinho ainda não tinha tido tempo de descobrir nada disso que a gente sabe hoje. Ele devia ser nerd, com muita certeza, daqueles que adora saber da vida da professora. Professores no colégio são inimigos mortais e sempre esperava que algum deles quebrasse a perna no corredor, só para ter um motivo sincero para voltar mais cedo para casa.


Não me preocupava com paixões, sempre queria gostar de alguém. Me apoiar na idéia que esse sentimento vai ser eterno e nada vai abalar uma relação entre duas pessoas que não sabem o que é a vida. E digo para todo mundo que eu ainda não sei e não sei quanto tempo vai demorar para descobrir se realmente estou pronto para viver uma vida adulta. Vou descobrir devagar, eu sei bem, coisas acontecem toda hora e fazem com que os nossos mundos mudem por completo. Nada é mais igual depois de uma coisa que te marca por dentro. Senti na pele uma mudança brusca na vida e precisei mudar algumas coisas e o que eu nem reparei, fez questão de mudar sozinho.


Preciso levar mais a sério a vida, não que eu seja um grande vagabundo, que leva tudo na brincadeira, mas pareço estar em férias mentais absolutas e me perco dentro de viagens loucas. Muitas vezes não me reconheço quando me assisto no espelho. Canto, danço e aquele não sou eu, de jeito nenhum! Como fui parar ali? Não faz sentido algum. Seriedade é um pecado muito chato e poucos deveriam cometê-lo, é chato demais.


Ser repetitivo é um dilema muito forte dentro dessa minha cabeça de alta rotatividade de loucura momentânea. Daqui a pouco eu volto e acho isso totalmente ridículo. Vou rir de mim mesmo quando estiver barbado de verdade. Como fui inocente demais, ou não?!


Vivo a vida no meu tempo e não controlo com relógio, eles só servem para te fazer chegar atrasado em tudo. Ele corre mais rápido quando estou tomando o melhor banho do mundo e sempre, pelo menos comigo, ele resolve andar rápido demais nos momentos mais legais. O que você ganha com isso? Quero ter mais tempo para viver as minhas histórias e ter o que contar sempre.

Leonardo

12 de set. de 2008

Onde seus amigos vão estar aos 45 do segundo tempo?

No entanto parece ser felicidade, talvez um sentimento novo ou talvez aquilo que você sempre sentiu, mas nunca foi corajoso o suficiente para assumir na frente de todos os seus amigos barbados. Todos nós temos vergonha e somos menos heróis de frente aqueles que sabem da nossa realidade. Não consigo dizer para você o que eu não sou, não consigo te enganar. Entende e sabe o jeito que eu vejo a vida, não assumi que me conhece muito bem, não diz para todo mundo, mas o necessário já faz com muito vigor, que é ser meu amigo em todos os momentos dessa vida.

Diferentes sãos os rostos e gostos que estão ao meu redor, vivo em um mundo com personagens diferentes, cada um assumindo o seu papel. Ninguem é mais importante do que ninguem, mas todos são muito importantes dentro daquilo que nos pertence. Na hora de chorar e na hora de esquecer de chorar. Quero somente sorrir quantas vezes eu quiser e sem me preocupar a idade que está marcada em minha carteira de identidade. Não me importo em dizer que sou criança demais ainda e vou rir o mais alto possível durante uma noite toda, lembrando de tudo que eu quero lembrar e rindo daquilo tudo que sempre prefiro esquecer, mas minha memória brinca de ser eficiente demais para apagar.

Não se preocupe comigo, aprendi a pegar direitinho os ônibus nessa cidade louca, cresci aqui e tenho todas as manias de um bom paulistano. Vou ouvindo música alta no fone, assistindo os prédios passarem e eles caminham contra as ruas tão movimentadas. O céu cinza dessa cidade e mais uma música coberta de rimas aquece os meus pensamentos e vou viajando de bairro para bairro, me perdendo em ruas que agoram são novas no meu mapa mental. E não preciso de guia, sei onde é bom e sei fugir de tudo aquilo que não me agrada. Caminharemos durante a noite toda, rindo daqueles que acham que esse é horário dos bebados e drogados. Os loucos estão a solto e aparecem na TV, não usam bermuda e não se preocupam em juntar só mais Cinco reais.

Queria ficar desesperado com a sua falta, mas te conheço tão bem. Sei todos os seus defeitos propositais e acho que a gente faz tudo isso de propósito. O nosso esporte preferido é cotucar a vida dos outros. Não somos a perfeição e é melhor ninguem imitar o que a gente faz. Mais uma madrugada acordado vendo a nossa vida passar, pensando no futuro e sonhando com tudo aquilo que ainda está por acontecer, isso se acontecer. Mas tudo bem, gosto de me imaginar com os cabelos penteados para trás, com um corpo mais acabado pela idade. Buscar meu filho no colégio e levar o cachorro para ver cadelas na praça, ao lado da minha casa, ou quem sabe em alguma praia perdida no litoral desse país. Me vejo do melhor jeito e não me jogo na oposição. Gosto do básico e não me surpreende aquilo que custa caro, não tenho dinheiro para as roupas com marca e me contento muito bem com tudo aquilo que está na promoção. E vou lotar meu armário com roupas que foram moda no ano passado e vou criar um estilo que seja só meu. Não importo se está meio acabado e o preto agora é cinza. Tanta coisa para se pensar hoje.

Vou levar a vida na brincadeira e vou fazer essa porra dar certo, mesmo que seja necessário ficar sem dormir durante três semanas. Não me importo e você vai se invejar, acorda tarde e veste esse terno, está na hora de ser cidadão padrão desse mundo e não vai conseguir dizer em voz alta que está cansado da vida. Não me canso e ainda tenho disposição para sair e beber. Um trago para comemorar essa festa, traga os amigos, sempre tem espaço para mais um rosto lindo. Quero admirar alguem durante uma noite toda e se voltar para casa sem saber o seu nome, juro, não vou achar ruim. Estou feliz em ter decorado cada centímetro desse rosto. Nunca vou esquecer de nenhuma paixão e vou dançando do meu jeito.

Ser repetitivo é uma mania minha e faço isso em minhas conversas. Repito todos os assuntos que mais gosto. Sobre jogadores da Copa de 94, passando por clássicos do Rock e caindo na futilidade da vida suburbana. Falo mal de tudo e não acho ruim. Detesto e amo tudo isso. E se tentarem colocar alguma rédia em tudo isso, me viro com força e faço o sujeito cair em cima de si mesmo. Vai doer o seu braço e não mais a minha consciência. Quero ver explodir cada nova emoção de raiva que vem de dentro do seu coração. Sinta vontade de ver o meu pescoço esmagado dentro dos seus dedos. Nunca vai ser feliz assim e vou te detestando.
Deixa essa bola na boca da área
Vou subir mais alto do que você
Cabeceada com força
minha vida, meu jogo
a rede veio balançando junto com Jorge
Bem, danço assim
Vem Jorge
Da lua consigo festejar
Meu Gol


que a vida seja uma eterna festa a ser comemorada

Leonardo

A banda do Zé Pretinho chegou para animar a festa!

11 de set. de 2008

Algumas idéias nunca ficam pelo caminho

De que tamanho é essa tristeza que parece não ter fim? Essas ruas estão sem saída e não encontro a tal luz do fim do túnel. Esqueceram de iluminar um pouco esses dias que estão passando e se tornam papo sem graça. Cansado e com sono, sempre prefiro ver tudo passar mais rápido e durmo. Não me envergonho ao transformar em soneca toda a minha fraqueza. Odeio ser de carne e osso às vezes. Odeio essa dor, odeio esse medo e tudo isso que parece um filme sem graça. Eu que nunca desejei e nunca nem ao menos pensei vivenciar tudo isso. A gente nunca planeja uma possível derrota, a gente nunca imagina que vai acontecer logo conosco. E não vou poder gritar lhe pedindo socorro.

Não vou abrir a janela do meu quarto nesse próximo final de semana, pois quero que tudo seja noite e motivo para não levantar da minha cama. Vou descansar até cansar e quero sentir o meu corpo dolorido mais uma vez. Verei o dia terminar sem ao menosperceber que esse começou algumas horas atrás e que tudo passe mais rápido. E maldito é o tempo que realmente não ajuda quando realmente precisa. Nunca consigo tirar certas coisas da minha cabeça e essas conversam comigo durante a noite toda. Assunto chato, mas não consigo me livrar de nenhuma letra que monta toda essa peça teatral da vida real. Queria ser um ator e ter isso somente como experiência de palco. Odeio ser protagonista, não queria me expor tanto assim nessa história, mas não consigo e sinto muito falta da minha mãe por diversas partes do dia.

Se eu pudesse te ver de novo, só mais uma vez, pediria tudo que estou com vontade. Um abraço, um pouco de atenção e também várias broncas, assim estaria para cima novamente, estaria pronto e armado para enfrentar com mais força todos esses dias que me obrigaram a viver. Pediria para me levar ao médico, me faça compania enquanto tomo café de manhã. Estou com saudade da sua voz, estou com saudade de você.

Quando acordava e te via apreensiva, assistindo algum programa na TV. O gosto da sua comida que não sai da minha cabeça, mas não chega nunca ao meu paladar. Seu feijão, suas tortas, bolos de chocolate e tudo aquilo que eu sentia muita vontade de comer. Ainda sinto, mas você se foi e não deixou a receita. Não sei ser você e ninguem consegue ser 1%, não é possível substituir e essa dor me deixa com medo. Acho que estou com algo grave dentro de mim. Passou a linha da tristeza e virou uma dor constante, não consigo controlar o físico, não é mais só mental o meu problema. Queria te ver ali parada só mais uma vez, pode me ignorar e fingir não ligar para o que falo. Vou repetir mil vezes o mesmo assunto e vou plantar novidades em minha vida só para poder te contar. Vai achar que é pura emoção adolescente, devaneios, utopia, mas tudo bem, adoro te contar tudo que acontece.

Queria ser mais responsável, menos lunático e mais homem feito. Ainda tenho em meu traçado muitos vícios da adolescência e não consigo dormir tão bem assim, pensando em algumas coisas, com medo de outras. Ser maduro é um triunfo para alguns, mas essa meta está tão longe de ser atingida por mim. Sou dependente e aprendi a viver assim. Queria atenção e carinho, queria uma conversa diária todos os dias antes de dormir. Preciso desabafar e não tenho um ouvido conselheiro para me chamar para sair essa noite.

Quando estou em casa me sinto bem, mas consigo te ver em todos os cômodos possíveis. Consigo sentir o cheiro do almoço e o banheiro parece sempre estar limpo. Seu perfume caminha por todos os quartos e peço a Deus para ter uma visita surpresa sempre. Não ligaria e não teria medo. Preciso tanto de você, muito mais do que eu imaginei um dia. Eu que sempre quis a liberdade e estar longe de casa, nunca desejei tanto voltar no tempo para recuperar os dias que passei distante. Dos finais de ano que eu sumi e me encontrei depois de uma loucura artificial. Voltaria para casa mais feliz se soubesse que vou encontrar um pouco de você no meu dia.

Levar mais a sério a vida e me preocupar mais com as minhas contas atrasadas. Preciso colocar as coisas em dia, está tudo fora do lugar e não consigo me encontrar em meio a essa bagunça. Não sei por onde começar, a desorganização tomou conta de tudo e já estou esquecendo o meu nome. Não sou mais aquele, não sei mais quem eu sou e o que eu realmente quero para a minha vida. Vou flutuando de pensamento em pensamento e sempre me apaixono por uma idéia nova, mas essa perde a graça depois que sai de moda. Não uso mais as mesmas roupas, mas me cobriram de dívidas essas roupas novas. Prefiro estar gasto e gosto assim, não sou como queria, mas também não sei discutir sozinho o que seria melhor para mim mesmo. Assim me torno confuso e sem graça. Conversar comigo não te deixa emocionado, não demonstro emoção e me perco em superficialidades. Hoje não vou sair, não estou tão bonito assim para me apresentar ao mundo. Não sei o que eu quero.

Leonardo

1 de set. de 2008

Cheira que a segunda vira terça

As pontas estavam brancas e não eram bandeiras de paz, muito pelo contrário, era a guerra avistada pelas tragédias do mundo normal. Cai sempre uma bomba em cima de mim e dificilmente consigo reparar quando elas vêm em minha direção. É rápido e já está afetando o céu da sua boca. Não entendo o funcionamento, mas sei que tira o sono e deixa cada ponta dos meus dedos, muito e sempre muito, a fim de dançar loucamente uma nova canção de amor perdido. Mas não justifico a minha tristeza em um amor que se foi e muito menos sei sentir isso que para mim, hoje, não passa de uma outra palavra que está bem no começo do dicionário.

Você.


E não me importo como a maneira que adentro o cérebro daquele que tenta me entender. Sempre culpo só a mim mesmo por falar rápido demais e me perder em assuntos que não são tão compensadores. Não tente me entender, não por hoje, sou ator demais para ser compreendido. Mesmo justificando com pausas na vida, mesmo querendo aquilo que você não conhece tão bem, viu na TV e diz ser especialista. Não deixaria meu filho andar comigo mesmo, não sou uma boa influência para aqueles que desejam uma vida “americana”, não sou motivo de festa. Sei, parece triste e melancólico demais, mas eu me conheço. Vivo comigo mesmo todos os dias desde que eu nasci e sei perfeitamente descrever tudo aquilo que já mudou dentro de mim. Não consigo achar mais isso tão errado assim, mas não faço a cabeça de ninguém. Erga seu ego da maneira que achar mais prático para a sua pessoa. Sou tímido e nem sempre sou aquele que mais fala nas rodas com amigos. Não sou de dança e vejo a noite passar perdido em minhas loucuras. Eu vejo aquilo que você, sóbrio demais, não consegue ver. Enxergo cores e me vejo perdido em algum canto que não tem nada para ser observado, mas tudo bem, prefiro assim.


Mas gosto de beber até não sentir mais quem eu sou de verdade. Gosto de esquecer o meu nome e que amanhã é só mais um dia da minha vida que vai passar em branco. Vou sentir tanta dor pelo meu corpo e minha cabeça vai pesar mais de uma tonelada e meia. Meia essa que vai me fazer tentar lembrar de tudo aquilo que não lembro quando acordo. Desmaiei de novo, mas não dei vexame. Não vi ninguém chorando na porta de um banheiro. Desejando que aquela pessoa que agora sente vergonha, nunca antes tivesse vindo falar comigo no colégio. Eu era diferente e fui mudando conforme o bonde foi andando. Não acompanhei tudo perfeitamente. Vejo-me grande e fora da “Terra do nunca”. Eu sei que ela existiu em algum lugar dentro de mim, ou talvez, exista ainda, mas não consigo encontrá-la mais com tanta facilidade. Preciso de tragos poluídos nos meus pulmões, me viciei assim. E o pó ainda está pelos cantos, preciso levantar e me varrer daqui.


Essa é a nossa celebração em pró do nada. Em pró de todas as festas que não fazem sentido e as danças sem sincronia. É a celebração do nada meu, do nada seu e de tudo aquilo que é considerado nada dentro de um grande tudo. Tudo meu, tudo nosso, tudo de tudo aquilo que não faz sentido algum. Simplesmente balance a sua cabeça conforme o baterista bate seu pé no bumbo. Sinta o peso do baixo entrando e coloque toda sua raiva para fora em um grito só. A oportunidade é única e nem sempre deve se pensar muito antes de agir. Faça, faça e faça. Não vou lembrar mais de você amanhã. Vou te apagar quando o sol resolver aparecer e talvez um dia eu te encontre, um pouco mais barbudo e verdadeiramente pronto para viver a vida que a TV vende para nós todos os dias.


Mudo de assunto conforme a minha forma rápida de caminhar com as palavras e espero que você não me encontre novamente. Estou onde você detesta e falando daquilo que dói dentro dos seus tímpanos. Vou cutucar cada machucado que ainda está aberto em seu joelho. Caiu de quatro há tempos e ainda não conseguiu uma base segura para deixar de se apoiar com as mãos ainda no chão. Me fiz diferente de você de propósito e gosto de protestar contra tudo aquilo que parece não me agradar. E sou preconceituoso. Penso bem antes de agir e te deixo com raiva mais uma vez. Vai sentir vontade de afundar as minhas narinas até ver sangue escorrer de dentro de mim. Não me importo, me odeie. Não nasci para ser amado por qualquer um. Sou seleto e não te quero na minha próxima festa de aniversário. Nunca te daria um pedaço desse meu bolo. Nunca emprestaria um coração para que tentasse amar. Breco com força para ver seu pescoço torcendo. Sinta a dor de ser um ser humano. Sinta a dor de ser você.


Valsa de fim de festa, o pai da dama já entregou para algum garoto em puberdade. Vai pensar besteiras e vai desejar ver seu corpo nu. Um primeiro corpo nu. Uma primeira tentativa de parecer um homem pela primeira vez. Vai sentir medo e vai pensar em desistir durante várias vezes. Não só hoje, mas como em toda sua vida. Desistir é um ato nobre que nem todos possuem a verdadeira coragem de assumir. Todos sentem medo. Da morte, da solidão, de um dia sem nada para fazer. Dói? Fica marca? Não sei te dizer o quanto vai doer em você, não te conheço o suficiente para saber o quanto você se garante nesse mundo sensível. Mas depois de um primeiro calo, tudo parece ser tão normal. Costuma-se não conseguir mais chorar, costuma-se não conseguir mais prestar atenção em certas coisas. Mas me dopo e me apaixono milhões de vezes em uma só noite. Entre decotes largos e sorrisos extremistas. Adoro o terrorismo amoroso. Adoro não saber o nome da pessoa que dividiu saliva com a minha boca durante alguns minutos, horas, talvez, dias? Não sei. Me perco e vou me perdendo. Não deixo de fugir até o banheiro para desinchar a minha bexiga.


E se não entendeu


Não é para isso que eu escrevi mesmo


Confunda-se


Entenda-se


E veja-se


Sou você, você sou eu



você