27 de jan. de 2011

Astronauta.

 
A primeira visão foi de repente um grande azul em tonalidades diferentes. Pontos de verde espalhados e pegadas de gigante. Sentia falta, mas preferia distanciar ainda mais, deslizando estrelas apaixonadas jogadas pelo teto, voando baixo. Caminhou de braços para o alto sem preconceito algum.

- Ali embaixo a minha Terra. Sentindo falta daqui, mas tão violento, prefiro só assistir, sem a necessidade de escorregar e caminhar com as pernas para trás, entortadas pelo gesso pesado de uma vida toda que não passa e enquanto filmam jogam cenas que dizem ser reais, mas estão bem longe da tal notoriedade.

Depois que a segunda torre se rompeu a crítica foi maior, mas a percepção continuou a guiar o menino e sua visão do azul, que lá de cima só refletia paz. Momento perfeito de estabilidade onde toda possibilidade cria uma piada.

- coloque todos os fatos enfileirados e comece a denotar todas as astucias do mundo moderno. Coletando nada em fileiras de supermercados e declarando os bens que ficarão em gavetas. Do lado do mato que vai abrigar parte dos seus ossos, quando esses não viram pó e como tudo, só poluem. Soltando fumaça pelo chão, carburando demais, se preocupam com sorriso alheio e definem em nomes curtos a beleza dos seus semelhantes. Sem perceber o rombo da sua calça, percebe demais aquilo que tanto faz.

Três dias de discussão não valem a pena no final da novela. Partindo do principio que o peso da mochila dobra, valor algum pode assumir a primeira colocação. Sem balanças para erguer aquele que pesa mais. Abstraindo as necessidades, são tantos supérfluos que não aprendeu a se comunicar. Levantou todos os fundos e tirou todas as contas do vermelho, mas deseja ser um avestruz quando vento chama por seu nome.

- falta de assunto vira besteira desenfreada, exagerada, hospitalizada por palavras que nunca deveriam sair de onde estavam. Ficar calado é válido, espantar também. Canalize sua força para que tenhas forças. Eduque sua arrogância e transforme em poder de cura. Rebobine e vá pelas arestas do canto direito, passando pela esquina, deixe um recado que logo passo para relembrar.

Daqui do alto gira sem problema, sem imaginar lá embaixo.

Mas me cura com calma.

Que há


Leonardo Fonseca

Prática desordenada desse tal que ninguem vê


De perto pareciam poucos, avistados um a um, sobre cada pancada que levava no rosto. Nesse momento fui espatifado por valentões que me jogaram com força ao chão. Maldade pura injetada no tédio da televisão brasileira. Acorrentaram-me e gritaram babaquices acumuladas em adjetivos cabisbaixos. Proporcionada por uma bola que atravessou o campo errado e deu tiro de partida ao já pré-proclamado assalto fumegante da falta de motivo.

Meu uniforme ficou sujo e já não bastava humilhação, pentelharam tentando desenterrar mentiras da boca que sangrava muito. Umbigo fora do Meu não enxergas, mas percebe a necessidade de dividir a culpa, criando ponto de tolerância entre os atos hediondos, forjados por hora. Mas longe disso, caído ali. Pedi para levantar e ao menos permissão para continuar sem entusiasmo, por pura precaução.

Surgindo com eficaz daquele que se atrasa por não viver a sincronia de uma edição. Menina chegou com seus cabelos escuros para apartar. Apontando o dedo no rosto e dizendo com força que não haviam certos ali. Cortes não são soluções, gritos não afagam a carência suprida por um soco. Empurrando, apartando. Logo controlou o descontrole dali.

Encaixando peças ponte agudas, entre caixas e lembranças. Agulhas e tecido antigo. Foi só se acalmar que tudo parecia transbordar de volta ao caminho do bem. Dedicando notoriedade a simplicidade de não ter o que fazer por uma tarde. Fragrâncias espalhadas pela casa, junto dos fios que se espalharam com o tempo, desviando o foco, sugerindo novos pontos de visão. Acalmando o grito que ali devia descansar para repor.

A geladeira está vazia e encontrei problemas no vazo.
Menina dançando desconsiderou o resultado
Descalibrou os pneus e preferiu contar com a sorte
Girando curva atrás de curva

Sem interromper
Passando os canais devagar encontrei
Já era tarde ou quase final

Colaborando na reposição do contraste
Aplicado em tons de cinza
E esse novo conceito

Cortes rápidos e compreensão.

Para por fim

Não ser compreendido.


Leonardo Fonseca

20 de jan. de 2011

#2011 - Recreação ponderada da hora do chá na Terra do Nunca

Participante da ordem das seqüências, partiu sorrindo para que denotassem com astúcia atual capacidade de transparecer leveza deixando o mínimo de rastro entre as nuvens, que foram para o Canadá nos últimos dias, banhados por verão bom de viver. Crachá de felicidade, simplesmente apurado por um júri de especialistas, que expressam em poucas sílabas e denominam “Alegria”. Por felicidade. Peter sorria.

De verde, ao fundo, com cabelos brilhosos e giros pelo ar. Sininho. Aclamando a liberdade do ser, surtindo como purpurina, surgiu declamando interrogações pelo espaço:

- cantante então Peter Pan? De onde vens para estampar assim, em sua face, a possibilidade de estar a sentir o que vejo? Cantante e duvidante, só pode ser um tratante. Te enganastes e agora volta chacoalhando esses seus dentes.

- cedi o necessário para que a plantação surgisse como vida e agora canto feliz. Independente dos tons e da responsabilidade de estar certo. Só percebi que era verdade e realmente tem cor e gosto. Passe o pior adiante, ele não me escolheu dessa vez. Sorte de principiante.

Estranhou em primeira ordem todas as palavras ditas nos Cordel de vacas magras, expostas ao cubismo literal das lentes que não enxergam. Entendeu? Tão pouco que se irritou pensando como manter o diálogo por hora.

Então. Dedicou a calar-se, escutando o silêncio. Rumaram ao caminho do Leste, passando por balsas e barcos, encostados onde as ondas estão mais baixas. Faria marcas na areia se meu trabalho não comprometesse a agenda rotineira. Dos fatos cabidos de uma mesma forma onde o cru também possui calor.

Peter Pan partiu frente sobre o vôo, aguçando velocidade. Postando nas nuvens todos os desenhos que fazia com seu corpo. Coelho, cachorro, cavalo, esquilo e um iglu. Dois braços atrás. Sininho tentava passar a marcha, mas a gasolina estava adulterada e o que dava para o momento era aquilo. Algo como sessenta quilômetros por hora voltando pela Castelo.

- moleque de mau jeito com a companhia que te segue. Preferia ir só, se soubesse da distância que tu crias para simplesmente caminhar. Vai-te na frente e esquece-te do caminho feito por outras pernas. Não vim para te seguir e sim, para te acompanhar. Indigesto esse teu gesto.

- estava a divertir o meu corpo e passei despercebido pelo filo necessário, mas por ventura, amenizo por aqui, evitando constrangimento, ressentimento e ainda a possibilidade de passar para o caminho errado a falta de eficácia das cordas vocais.

Diziam estar bem, importando isso até aqui.

- sempre uma resposta Peter Pan. Sempre uma, preparada, largada na barra da calça só para não ter erro. Esconde nos bolsos e eu não acho impossível, garotos são todos assim. Diferentes pela denominação pessoal, mas em conceito, o manual foi copiado e colado para todos os presentes.
- exagera e anula hábitos por não qualificar com proeza o próprio banco de dados. Acostumei com a ida só e participando muito pouco de caminhadas em dupla, alarguei meus passos para caber mais novidades em vinte e quatro horas. Deu certo e dá para ver desde que reparei o último reflexo. E para equivaler os meus atrasos, justifico como perseverança essa base onde estaciono meus pensamentos e desejo junto com as novidades que estão por vir.

- pensas demais menino, pensas demais. Resume da próxima vez e continua voando.

Antes dos primeiros momentos da noite que chegava. Já conseguiam avistar o destino com mais precisão. Estava logo ali. Segundos sincronizados ditam em números pares onde deverão ser os primeiros passos dessa nova região. Mais para o Leste, trazia areia e ondas médias. Latitude imensa de possibilidades de encontro entre cores. Tons. Vermelho. Verde. Azul. Regendo orquestra para os pares apaixonados. Encantados pela leveza de um novo abraço.

Em riscas grossas de giz pastel, surgia ao fundo o encontro entre o horizonte e o sol que está partindo para outro continente. Chamado pelas revistas de moda como “Pôr do Sol”.

Extasiados com a dimensão de um só acontecimento que chega agregar muitos sorrisos. Pararam ali os dois de proclamarem maus dizeres e perceberam diferente algo que até então parecia peculiar, mas emoldurado. Mudei de opinião.

- parte teu olho para o lado de lá em conjunto aos meus que consumidos estão. Diga como é tão belo esse nosso retrato estampado no sorriso da imensidão de chances que destina o mundo a nos fazer feliz. Por horas caído estive e recuperei. Adianto que estou onde estou, graças ao Tudo que cedeu de teu coração para que não faltasse combustível nos momentos obscuros. E eles passaram. Todos. Foi-se e baixou em um canto que não afeta mais ninguém.

Sininho acelerou e dois segundos à frente, desenhou com brilho de fada. Pelo céu que lá estavam. Disciplinada espalhou amor pelo ar. Iluminando com paixão a vida dos que necessitam de paz.

Enquanto as últimas vogais eram distribuídas em séries perante uma média de consoantes que impõe extensão do nosso vocabulário. O amor condizia como um escudo contra o mal que a vida pode trazer aos despercebidos. Equilibrados em pensamentos positivos.

- Sininho!

- Peter Pan?

Dois e só o pensamento que saia pela orelha.
Dizendo em poucas palavras.

É aqui o melhor lugar do mundo



Leo.