26 de jan. de 2010

#doismiledez - Só um pouco menos sonolento que uma segunda de manhã

Saí com o nariz branco do banheiro, girando, mundo girando. Voltando e participando de um sorriso com os lábios colados. Embriagado, socado de drogas, escorrendo o nariz, disfarça, faz de conta que nada ocorreu e segue para próxima casa do jogo. Coloque seu corpo para dançar, para cima e para baixo. Deixe seus ombros soltos e cai por cima de um desconhecido. Anonimato sorriso novo, sorriso sem nome, proibido da noite. Acende um cigarro e vira o pescoço, mostra o lado de carne que Deus lhe permitiu nesse momento expor com a gratidão dos estranhos olhares. Estranhos lugares! Perdi-me vezes e mais vezes nesse filme, nunca decorei a sequência, podendo dizer que sou um grande conhecedor. O nome da rua continua o mesmo, mas foram tantas casas construídas que não consigo mais me encontrar. Perdi-me mais uma vez e o brilho do seu sorriso conheceu outros braços. Escolho outro nome para preencher a vaga, mas não é do mesmo jeito. Não é a mesma música que toca. Verão não é inverno, estão próximos e acontecem em um pequeno espaço de meses, mas são tão diferentes. O calor não é real e cobertor não dá abraços. Esquenta com um chá, mas não é noitada. Não tem odor e isso te faz falta. Bate frio na barriga no mês de julho, mas é só mais uma queda da umidade. A humanidade se agasalha e conta cada dia que passa. Sem história, guardado, hibernando meses, aguardando encontros em ocasiões básicas. Sem o alarde de uma grande premiação.

Desde então já te dei vários nomes, quando estiver maior, abrirei mão da escolha e deixo-te caminhar. Assisto de longe o tempo passar e não digo na primeira semana que já sou teu e de mais ninguém. Escondo meu medo, escondo minha carência e sou homem forte e robusto. Hora ou outra vou correr, chorarei escondido, mas é assim que faço por entendido, sem ao menos entender nada. Nunca entendo tudo até o fim, cansa o cérebro ser esperto. Preciso ter o que fazer durante algum tempo e para isso há poeira nos móveis. Os cantos, as teias de aranhas que ficaram. O telefone toca com mais uma propaganda, descontos, sorrisos, mais uma estrela caiu e não tive tempo de correr para pegar. O vento levou para longe e são tão curtas essas minhas pernas. Cabe ao mar trazer de volta o verão que já passou, cabe a eternidade explicar o desconhecido. Verso repetido por cantores de outras épocas. Enquanto meu pai ultrapassava a linha de chegada, depois da última reta. Rosto de mãe que comemorava a vida que estava por vir. A vida que está, sendo, desistindo nos dias chatos, mas sempre disposto.

Sua banda não me parece tão nova e esse filme já assisti, sua novidade é meu álbum de figurinhas completo pela terceira vez e não gastaria bombas comemorando, sem menosprezar, sereias não existem. Meus ombros cansados de fazer força, esticados por muito tempo, sem conseguir puxar, sem trazer, sem fazer. Queria entender para onde foram os assuntos, onde estão escondidos os tesouros dos piratas. Comeram os mapas e atiraram seus estômagos aos tubarões famintos. Fome isolou o caminho de ida e impossibilita a volta. Essa piada já foi contada por mais de trezentas pessoas e essa é só mais uma que repete. Não pretendia alterar minha mente para conseguir me apaixonar. Estou sem pressa, saboreando a lerdeza gostosa dos dias perdidos da semana. Sem fé, mas com razão. Não é necessário ter esperança, quando se aprende ver o presente em todos os fatos.

Quando descobrir seu nome, deixo de viver sozinho e aprendo a sair novamente. Viro a cidade e decoro outro caminho. No clichê daquele que vive, no clichê daquele que não sabe ainda. Soletrando posso fazer de conta, mas ainda tenho muito que aprender. Esqueci metade das notas da canção, ando ensaiando, ando cantando pelos cantos, mas ainda não está pronto. Show acontece só depois dos ajustes finas. Antes disso, vou ensaiando viver a vida.

Molhe atrás da nuca e ande descalço

Sinta-se bem, estando bem.



Leonardo Fonseca

21 de jan. de 2010

#doismiledez - Dos quinze aos vinte e tantos, sem pular nenhuma festa

Daqui para frente já decorei o caminho, mesmo de olhos fechados. Depois de três curvas vem uma imensa reta. Parecerá infinita, mais de mil passos serão dados e o fim ainda vai estar por vir. Quando se acalmar e perceber que a luz já reflete sob suas pálpebras, elas começarão a tremer e gritar para serem abertas. O caminho é o mesmo que percorri por quatorze voltas, com muita atenção. Daqui para frente meu joelho vai doer um pouco mais e meu corpo pedirá cama quando o dia estiver raiando. Perdido na imensidão dos lugares que ainda não decorei, nessa imensidão tão minha e desconhecida. Dos vôos rasantes das gaivotas que vão caçando seu almoço pelo mar. Esperando a hora certa de cair e encontrar sua felicidade. O coração parece tão quente quando o relógio brinca de mudar de humor.


Voltei do colégio e não liguei primeiro para você, dei um tempo e pensei, refleti, tentando encontrar razão no ato. Desenhando o caminho que seria percorrido e definindo na imaginação os fatos. Cada beijo roubado daquela que não chamava de namorada. Escondido e depois de dizer que realmente te amava. Amei! Na ilustração que obtinha do tal sentimento. Amor com gosto doce e cheiro de tarde inteira. Amor de pensar o dia inteiro e esquecer-se da vida. Amor que nunca mais aconteceu daquela maneira, apareceu em tardes de um tempo já distante, desse recente. Amor presente. De presente eu aprendi, roubando beijos. Na sorte do mundo, meu amor roubado, menina da sala ao lado, menina de nome conhecido. O certo foi descoberto. Girava tão rápido cada acontecimento. É legal estar errado, é legal estar fazendo aquilo que ninguém imagina, é diferente! Não se deve amar, nem ao menos adorar, mas deve-se aprender utilizar com moderação, no meio termo eu sempre me resolvo, no meio termo consigo balancear mente e corpo, encontrando aos finais de semana a qualidade da vida bem vivida, corridas e saúde. Ela não entendeu, mas eu aprendi. Tive aula fora do colégio e tirei a maior nota.


Apontam armas brilhantes para a sua cabeça, pedem que levantem os dois braços. Passam a mão por todo seu corpo. Encontram fumo no seu bolso e encontram vários apelidos. Foi buscar dentro da favela e agora você sustenta vários vagabundos. A televisão chama assim, traficante, ladrão, expõe como vergonha os seus filhos, suas crias malignas, mas vieram da mesma bolsa, mesmo cordão umbilical. Mães de nomes diferentes, bairros e distância. Escondem-te. Afastados, na periferia, no lado periférico do mapa. Na geográfia é quem vive nas margens do centro, temos grandes áreas cobertas de concreto bem construído, somos urbanizados. É mais fácil tentar ganhar dinheiro em cima dos galos da classe média duelando. Escondendo sua realidade. Mão na cabeça e perguntam o que você faz, como faz e por que faz. Vira alvo fácil sua nuca e logo cai no chão. Maconheiro, sustentador de traficante. Eu que aprendi na mesma televisão que quem nasce mulçumano morre mulçumano, na cultura geral de um grande país. Habitando e percebendo as etnias que se espalham, as periferias que só são lembradas em dia enchente. Subiu água até o teto. Ensinam-te a ser desse jeito, não fazem nada para ser diferente e quando se encontra mais velho. Julgam-te! Vestidos de preto estão aqueles que consumiram de forma correta cada grão desse cereal podre. Atingindo a meta da população de pagar cada vez mais impostos. Mudar educação não é o canal, o canal é acumular futilidade na cabeça daqueles que não aprenderam a sonhar. Usufruo da mesma água e respiro do mesmo ar. Por então sou tão igual.


Entre os barracos consigo encontrar uma luz, a lua brilha bonita do alto aqui do morro. Três ou quatro crianças correndo e a vida segue ao seu objetivo: Ser vivida! Cumprir com as datas, abraçando seus pais e agradecendo a Deus essa passagem. Encontro no agora o momento certo para pisar em um próximo degrau. Esticar as pernas e sentir o crescimento. Uma escalada que não tem fim e para a próxima rocha são necessários vários outros cálculos. Pensar pouco nunca foi à solução e pensar quase tudo, ainda te falta um pouco. Aos quinze me chamei de velho e aos vinte três me vejo uma criança tropeçando pela casa. Aprendendo a andar, aprendendo a falar, encontrando a necessidade em si mesmo de sempre mudar. Não sei ao certo se cifras serão acumuladas, quantas e como serão. Tenho para onde apontar e isso já me faz muito bem agradecido por essa chance.


Uma vida uma chance.


Leonardo Fonseca

19 de jan. de 2010

#doismiledez - Mil novecentos e setenta e oito, depois do clima estranho e gotas de colírio

Ocioso e nostálgico abri a janela, refletindo e observando. Marcaram para outra semana a revolução que aconteceria hoje. Marcaram para outro dia, deixaram a preocupação e só depois do Carnaval que vão lembrar que possuem responsabilidades. Antes disso dormem em paz e passam despercebidos. Em janeiro tudo parece final de semana, mas é possível encontrar algumas lojas abertas. Continuando com meus olhos sobre o Mar Mediterrâneo, continuando sobre a zona sul que logo vira zona norte, muda de rosto, mas continua no mesmo endereço, sua maquiagem deixa um brilho, mas seus lábios não são mais os mesmos. Molhados, porém cansados, caídos e sem a relevância de antes. Abraços e sorrisos, amanhã e depois, agora e daqui um tempo. O mundo continua girando e mudando, com essas pernas pesadas, com essas dores no joelho, só cabe assistir pela TV e com música alta para desfilar no corredor que separa a sala de estar dos quartos ao fundo. Surfista de canais, apresentadores e ternos bem passados, cabelos penteados e mulheres esculturais. Pensar é o lucro que tem a pessoa que sabe que hora ou outra sua juventude vai passar. Surfando entre números pares e pulando os ímpares, na inquietude daquele que esqueceu como voar. Viajando sem sair do lugar. Da janela vejo acontecer, mas acumulei muitas faltas na caderneta escolar e pulei as aulas que me guiariam, escolhi achar demais, achei e no viver, vivo o diferente. Vivo a inconstância de um coração malvado. Vivo a inconstância daquele que deseja entender, mas enfraquece sua vista ler demais. Continua achando, como se houvesse um tesouro pirata a ser encontrado sobre o mesmo mar de gente que assiste calado. Quietude nula e razões contrárias. O sentido vem sem mapas e explicações lógicas de um PHD, desfibrilador mental e sinais de fumaça pela casa. Estou aqui e talvez saibam disso.

Mais uma nota mental para lembrar-se disso. Quero estar burro e pensar menos, colocar em pausa tudo aquilo que não preciso pensar no dia de hoje e essa vai ser a minha revolução. Um café bem passado, com água quente e três colheres saudáveis de pó escuro. Cafeína me acorda e leva um tempo para dormir se absorver depois do horário da novela. Contribua com seu corpo acordando sua mente quando o sol estiver brilhando. Gastar energia é fundamental para sentir menos essa pressão atmosférica. Inquieto, girando a cadeira e esperando um motivo para sorrir, uma ruga substitui seu jovem rosto e aquele no espelho é você, tem formas diferentes, a mesma altura do fim da adolescência, mas continua com o mesmo nome. Continua sendo aquele que já vibrou e já gritou! Que teve milhares de razões, mas esqueceu delas no desespero. Inquieto, pensante e hoje calado. Revoluções por segundo deixadas para o mês ímpar que vier primeiro, em janeiro pretendia descansar, mas não há descanso que deixe em paz. Não há hora de sono a mais que me deixe tranquilo. Corpo que pedia um momento mais calmo quer acelerar e já não cabe mais tanto líquido quente. Faz calor lá fora, é verão, mesmo que estranho, com chuvas torrenciais colaborando para a evolução da humanidade. Desastres naturais e atos que explicaram menos nas aulas de geografia pularam a parte feia e só me fizeram decorar as capitais e isso já era o suficiente. Planaltos e planícies, pouco amor e em regiões áridas, se chove menos. Faz calor lá fora e já não me satisfaz refrescar o corpo com água gelada, quero um pouco mais. Nesse deserto, nesse pólo errado. Meus ombros ardem de tanto sol, minhas pernas doem de tanto correr. Fracassei mais quatro vezes e não entendi o porquê. Talvez tenha que aprender essa língua que falam por aí e me achem mais inteligente. Indagar é o que cabe, o resto fica largo e preciso de um cinto para manter fixo, sem cair e mostrar meu íntimo, pessoal, só meu e tão meu que esqueci como expor quando necessário matar essa fraqueza.

Hoje quando abri a janela percebi que o ano mudou, percebi nesse jogo de sete erros onde as pulseiras foram trocadas de mão, são outras cores que enfeitam as vielas do bairro do leste. Na varanda aqui, o sol passa despercebido. Meio dia ilumina e logo vai para trás, refletindo nos vizinhos da outra ala. Da outra direção. Aqui ele passa tão rápido e logo o verão se vai. Vem outono e espero estar menos perdido. Espero encontrar a bula desse remédio e medicar-me como se deve. Sem alterar a dosagem, sem acelerar o processo. Falam-me para ter calma, mas a calma não quer me ter com ela. Danço tão mal que posso sujar seus sapatos novos. Ando tão triste que meu rosto não encontra mais a posição certa para te encontrar. Sinto vergonha e prefiro só perguntar o trivial. Arroz, feijão e alguma mistura. Algo que não pese depois e ao mesmo tempo sinta menos fome no decorrer do giro. Salada com pouco sal e a pressão arterial continua no ponto certo do tempero, swingado e sem valsas depois da meia noite. Meio dia preciso estar longe de casa e longe de tudo isso aqui. Vira-se e vai, deixa um sorriso no canto da boca e vai. Segue o caminho que escolheu e vai. Simplesmente vai. Do verbo que leva para outra direção e simplesmente, vai. O número continua o mesmo. O nome continua o mesmo. Mas não lembro mais a postura que deveria ter e erro novamente.

No verão do ano que vem meu amor vai ganhar outro nome, quando o barco estiver com menos furos e remar suavemente seja costume. Quero respirar com mais calma em um lugar bonito. Um banco de frente para o infinito verde e espécies de flores para serem adotadas. Risadas, filhos, filhas, continuidade e respeito. Crescer, aprender, ser, se possível! Se não der certo, faço despercebido mesmo. Passo calado como o sol que não brilha o dia inteiro na varanda. Encontro posições para adequar minha coluna e as dores passam, é só saber cuidar. A vida material é o mal concebido àquele que desejar estar em todos os lugares, mas nasceu sem asas, pesado e se cansa quando corre mais do que no dia anterior. Vou aprender a socorrer-me ao encontrar erros banais, simples, que não impossibilitam o ato de respirar. Continuo respirando até o próximo Carnaval, até a próxima data que marcar com outra cor no calendário. Fazer especial cada vez que puder ver o estranho e imenso planeta. Dormir depois do almoço e contar para quem quiser ouvir sobre todos os lugares onde passei. Calor, frio e energias. Estrelas caem do céu, mas sempre vão brilhar, no infinito de suas vidas. Um nome para cada brilho, para cada sentença que for justa, sem julgar, sem precisar pensar no assunto. Aprenderei abraçar sem antes conhecer as falhas, também erro! E ao perceber mais uma vez quanto não estou pronto, quanto ainda preciso ler, quanto ainda não li, quanto ainda descansei demais e me vi assim. No verão do ano que vem vou fazer tudo diferente.



Leonardo Fonseca

10 de jan. de 2010

#doismiledez - Essa aspirina já não faz mais efeito como antes

Longe do estado de espírito devido, no compasso estranho dessa dança. Em Marte muito provavelmente o verão teve muito mais dias de sol do que aqui no planeta São Paulo, dessa janela alta só se vê pessoas com seus rostos amarrados, sem laços e desatando outros nós, nunca encontro a solução e saio para correr, na tentativa de ver alguém que nunca vi. Conhecer uma voz que nunca ouvi, tropeço nas suas pernas quando desejo demais e esse medo de te avistar? Hoje o sol apareceu e cobriu o dia, ficou lustroso, brilhoso e cheio de impacto. O encurtei acordando depois do almoço. Depois mesmo do horário da soneca depois da feijoada, sem alguns elementos que não como, mas coberto com muita farinha e pimenta, massa concreta composta. Acordei quando o sol já estava mais leve, porém o dia não estava menos quente. Suei mas não encontrei a resposta do que tentava adivinhar e percebi que o ano está começando. Festejei sem motivos algumas festas e explodi tudo que tinha para explodir. Fiz fumaça e desapareci como ninjas em meio ao nada. Sumindo. Mas não sumi por muito tempo e tive que voltar. A barba está ficando arisca e aparecendo em outra velocidade, uma nova que ainda não tinha programado. O rosto não é mais o mesmo, o mundo não é mais o mesmo. Esse vermelho do céu. Choverá e tudo vai acabar quando menos perceber. Não sabe construir com madeira. E prometo não pensar mais em você também, nem sei mais qual o seu nome. Mas estava tão linda.

Queria começar o ano com um amor para diferenciar as datas. Para comemorar dois feriados em uma semana só. Levo para casa e ando de mão dada. Depende um pouco, tenho medo de te mostrar que tenho medo realmente. Tenho medo de te parecer medroso. Sou garoto que está aprendendo e corrigindo ainda lentamente toda concentração de coisas erradas, mas sei que não é mulher. Tem medo também. Deixa a camisa no móvel e caminha até minha cama, encosta a porta com calma e faça silêncio. Vergonhoso seria acordar com ruídos tão nossos espalhados pela casa, ainda moro com meu pai e meu rosto fica diferente todas nas vezes que você vai embora. Com certeza ele sabe de tudo que acontece aqui dentro. Todos que já tiveram a idade, na violência de um ser que respira alto. Tudo parece subida e subiria em tudo que se apresentasse. Fico escondido e me contento em só saber teu nome, me contentaria poder te encontrar no mesmo lugar que costumávamos perceber a recíproca existência. Ganhei milhares de cores e meios de colorir a rotina que acabei gastando rápido demais. As frutas fazem parte da minha alimentação e está tudo mais leve. Caminhadas durante as manhãs e corridas mais apertadas antes do anoitecer. Sem forçar demais, pensamentos positivos. Essa gripe não tem aspirina. Estou deixando meu corpo acostumar e criar uma cura sozinho, vem do meu organismo. Na beleza dos seus cabelos claros e no brilho incrível que faz teu olhar. Tenho um pôster seu na parede esquerda do meu quarto, nele você me beija todos os dias. Com os olhos assiste o mundo. Cara de boba e a risada mais gostosa que tive a oportunidade de ouvir. Gravaria e fazia de toque no meu celular. Tive algumas conversas no meio da estrada e durante o quilometro seiscentos e quarenta, quando a música já tocava pela segunda vez, conclui em conjunto a outra pessoa, algumas coisas e a dança necessitava realmente de um passo diferente.

Aqui do alto tudo parece tão diferente, na disposição estranha dos prédios que avisto ao sul, ao sul do universo, ao sul da vontade de mudar de pensamento. Mudar de filme e apresentar ao meu calendário algumas novidades. Queria ser menos real e com essa honestidade me sentir competente. Citar objetivos e não atingir. Citar estranhezas e elas te assustarem! Estou vivendo a passagem novamente. Dos quinze aos vinte, descobri a tal da adolescência, que vira mundo adulto depois dos dezoito, mas o oxigênio continua o mesmo, algumas coisas diferentes e menos tempo para brincar, na sinceridade, a brincadeira muda de nome. Quando chega o número dois como primeira casa decimal o ar ganha alguns aromas novos, descobre-se mais perfumes diferentes. Nomes vão se espalhando por uma lista que parece sempre vazia. O tempo livre é apelidado de Ócio e a televisão não fala coisa com coisa. Festejo a burrice e bebo para me sentir próximo, enrolo um fino e durmo, vou encontrar uma solução nessa mudança na segunda casa. Errarei menos, sem prometer, sem jurar e sem colocar em algum lugar que a energia contrária possa me visitar. Sem visitas por enquanto. Vão ficar separadas as peças do museu, catalogadas e quando houver necessidade salvo em um banco de dados. Uma planilha e os nomes em ordem alfabética. Não sei quem foi alfa e muito menos sei quanto custa em Reais o tal do bética, mantenho organizado para parecer novo. Mudo a posição dos móveis e parece tudo novo. De novo, novamente e mais uma vez só. Final de semana que vem tem novidade e está por vir um pouco mais. É só esperar.



Leonardo.

#doismiledez - Primeiro dez do ano que começa com vinte nas duas primeiras casas

Feliz Ano Novo começo do Ano, começou agora e parece tanto ontem. Percebo que a barba continua por fazer. Feliz Ano Novo começo desse Ano, espero tanto que seja um Ano de coisas novas, coisas que nunca esperei. Espero ver um Ano de pessoas mais inteligentes e mais capazes. Feliz Ano Novo primeiro número dez do primeiro mês desse ano. Cheguei aos vinte três e esse Ano ganho mais um pouco. Esse ano vou ver pessoas brigando por sentidos reais e aprenderei com a calma que realmente vale a pena estar calmo sempre. Os dígitos bancários preocuparão menos ou por menos vezes. A solução será encontrada em mais novos problemas e os problemas sempre serão um aprendizado Real, coroa e trono de Rei. Senhoras majestades, Feliz Ano Novo do mais Novo ser pobre desse mundo que ganha pouco. Sem salário mínimo e décimo terceiro. Aprendi algumas coisas e vale à pena colocar em prática, não tive capacidade de levar meu curso até o fim, mas nunca deixei para trás a oportunidade de aprender. Encontrei minha riqueza ganhando abraços, tenho onde cair e isso é um grande começo. Meus joelhos vão doer algumas vezes, mas prometo não deixar nenhuma tentativa de lado.

Essa semana eu percebi que algumas coisas mudam quando uma folha do calendário cai. Pensei um pouco mais e sofri algumas conseqüências, não deixo de assumir meu medo, não deixo de assumir que ainda falta muita coisa para aprender. Quanto mais me percebo, mais percebo que preciso sempre e só preciso. Pulei as primeiras páginas do manual e só hoje sei como seria essencial as ter lido. Contar para quem fosse mais novo e pudesse não fazer parecido, ou se quisesse, vem nesse barco, remaremos alguns dígitos a mais do que aqueles que vão de lancha, mas é na dificuldade de quem não liga para isso que se calejam os pés e se faz tão forte. Mirei cada passo e coloquei meu pé, tropeço nas esquinas e as escadas cansam, mas prefiro assim deitar minha cabeça. Conheço o mundo e o caminho contrário, subo o morro e avisto a paisagem do alto da favela. Sem perder nenhum pingo dessa essência, por hoje me despeço da Terra do Nunca e pretendo ganhar a vida lá fora. Esse ano quero ver um pouco do que ainda não vi, te quero de braços abertos, pronto um sorriso, estampado no meio do rosto. Comida mexicana para comemorar e assim estarei muito próximo do céu.

Aprendi mãe, devagar, com algumas contas ainda por pagar, mas aprendi. Colocar em prática tem sido emocionante, mas não tento. Erro e brigo, grito pelos cantos e me vejo um menino. Esqueci de levar a toalha até o banheiro e chamei pela pessoa errada. No vácuo do que é material, mas espalhada dentro de cada pensamento. Dedico a firmeza dos meus pés e a reta que segue o meu pensamento. Sem pender e sem ofender, sem machucar, sem ser injusto, sem ser valente com quem não precisa. Não levanto minha mão, sem motivos para brigar. Dedico a capacidade de pensar e a capacidade de desenrolar cada nó. Os fios se encontram mesmo que sozinhos. Ninguém os ensina e fazem sozinho “auto-nós”, nem o mais inteligente de todos os cientistas explica como ocorre esse fenômeno natural entre fones de ouvidos, cabos de guitarras e fios de telefones, na casa de quem ainda os vê. Para toda volta é necessário um caminho de ida. Para todo problema, houve uma razão para que esse acontecesse. Sempre tem o que explicar. Mas deixo esse para uma próxima corrida.


Se não der certo, tem um lugar logo ali me esperando. O mar é som de fundo e tudo tem cheiro de mato. Uma estufa com rosas e folhas verdes. Encontro a positividade e escolho um tema para debater. Sem conclusões. Começa tudo mais uma vez.


Leonardo