24 de jan. de 2013

_13'_ Poesia de Engate de Caminhão sem Freio


Do “cê” do Coração!
Do ser esquecido de sensação,
“a” do Amargo gosto da tristeza,
Amor do ser esquecido de leveza!

Nobre cidadão, engatou sua carreira,
Fez tão pouco mal, mas esbarrou na cegueira
Da criança estabanada
Que acha que sabe de tudo, mas não sabe de nada!

“Se” de possibilidade, de chance perdida,
de noite desvairada que deve ser esquecida.
Tristeza não vale a pena,
Mesmo que seja pequena!

Deve ser de sorriso cativante,
Para soletrar rapidamente pensamento apaixonante!
Brilho de olhar que sai sem medo,
Felicidade que vem com estalar do dedo.

Doce é gosto batido, mas amargo também!
Nos dias mais cinzas, só lembram o que convém,
Pra perder a hora do trem
Achar que o “logo ali” está próximo e mais tarde ele vem.

Pra comemorar o vazio dos nossos corações,
Ritmados pela velocidade das nossas falsas evoluções.
Mas pobre de mim determinando esses fatos,
Só por que vi raio caindo entre meus atos!

Generalizando coisa alguma!
Desabafando para dormir como uma pluma.
Leveza do esquecido,
Para seguir menos aborrecido!


E mais nada alem disso.



Leo Tse Tung.


21 de jan. de 2013

_13'_Homem de Lata


Admiro coração esquecido, largou saudade de lado e seguiu viagem sem rumo. Por vezes acho isso tão estranho, como gosto de jiló ou fígado de boi, que agrada somente os paladares mais espertos, mas na minha burrice, idiotice, infantilidade, esqueci como se sente com coração, de qual lado fica paixão, cheiro da rosa, o sabor dos seus lábios. Durmo pensando em sonhar com você, como se na concentração desse pensamento, minha vontade viesse a tona e o abstrato ilustraria dias perfeitos ao seu lado. Me policio descartando vícios, mas soa pouco sincero, conduzido pelas regras e concordâncias, mas sem amor, sem sentimento, como o Homem de Lata, no vazio e oco do seu peito. Deixei até de sentir tristeza, de perceber que estou só o suficiente para sentir saudade do Mundo.

Seria o lucro dessa geração, relembrar essência do ralado na rua, do escorregão ao pular o portão. Da bronca de mãe e do apelido dado. Aprendemos a técnica e ao lado das nossas camas ficam as sensações, junto com os livros de cabeceira, pensamentos antigos e sonhos mirabolantes. A vida adulta permite adquirir o Universo, mas as necessidades rudimentares causadas pela rotina, permitem somente ir até a esquina trocar o molho de chave que já não abre mais caminhos passados em outros carnavais.

Só queria ser eu mesmo, sem regras e imposições, sem condições pré-modificadas, pré-analises, química, física ou matemática, sou muito ruim com os números, com a exatidão e aglomerado de segmentações, dividendos e a tal da concordância. Do que vem antes e deve aparecer depois. Escolho tanto, que prefiro silêncio, pois exponho o necessário e torço, pro meu coração voltar a bater acelerado, ritmando os meus dedos, trazendo as palavras certas, para os sentimentos errados e disso, eu sinto muita saudade.

Leo

12 de jan. de 2013

_13'_ Sobre Festas e Refrescos.


Se morrer de vergonha antes da primeira valsa virar motivo de piada, amanhã vão todos dizer nos corredores do colégio, mas minhas pernas estão tão pesadas que não consigo me mover. Preparei meu smoking, combinando com as meias e meu sapato, arrumei o cabelo e passei perfume.

Pra que?

Pra ficar sentado aqui, morrendo de medo! Para ver as pessoas me assistirem parado, incapacitado de caminhar até o outro lado do salão!

Caminhar?!

Caminhar parece simples! Muito menos complicado que valsar! Mas eu ensaiei tanto, olhando no espelho do quarto, preparando as palavras que diria assim que seu sorriso adentrasse a festa. Elegantemente levaria minhas mãos até as suas, puxaria conversa e logo grudaríamos nossos corpos e corações.

Mas eu não consigo levantar daqui!

Mas na facilidade dos passos elevei-me até a direção contraria da minha timidez e soletrei passos encardidos entre as pessoas que platonicamente se amavam por aquela noite. Devidos amores temporais, apaixonados, agudos e sentimentais. De suspirar caminhando, de mastigar pensando, de torcer pra acontecer de novo, de deixar marca no pescoço, trocar telefone no guardanapo da lanchonete. Elogios, risadinhas sensíveis e troca de olhares.

E eu?

Continuei caminhando, procurando abrir espaço sem estragar nenhuma obra de arte do amor. O tempo estava passando rápido demais e logo, em definitivo, os pares se completariam e a marcha fúnebre iniciaria, descartando-me das fotos do anuário, pois insegurança tamanha do coração impediu fazer história nessa noite, como em todas as vezes que o silencio fez-se orquestrado e contemplou por horas malignas historias passadas, intercalado entre lágrimas reprimidas, secas e expostas aos fracos. Sentir e deixar passar é como perder e não ter inteligência, compreender pouco sobre a necessidade de agir e o terremoto destrói a cidade inteira.

Sem você sair do lugar!

Como quem rema contra maré, aos pingos de suor, desencadeei suficiente espaço e no famoso, outro lado da festa, busquei refresco em goles de ponche gelado. Contornando com os olhos todos meus colegas presentes, separado por virgulas e goles. Estranho ser invisível, ser pouco reparado, ser encantado e não ter poder. Mas dentre todos, somente meus pensamentos me acompanhavam. Esses mandam muito bem. Repetem piadas e permitem idiotices. Em par, consigo conectar assuntos menos tensos e vejo coração bater com mais calma.

Assim, com meu copo de ponche, refrescado, dei voltas em círculos para administrar demasiadamente minha clichê solidão. Aos blasés estocados, escondidos em seus detalhes arrogantes e do alto de seus pódios solitários comemoram algo que só eles compreendem, passo batido, sem equiparar defeitos, mas desses estranhos seres complexados, prefiro distancia. Melhor assim essa noite.

Sozinho não fico mais, depois que conquistei esses goles gelados!

E de que maneira encontraria essa noite a garota dos meus sonhos? Sem antes saber se ela gosta das mesmas bandas que eu? Sem saber se ela prefere o Revolver ou o Álbum Branco dos Beatles. Se já se apaixonou ouvindo Smiths e sentiu-se renegada como Kurt Cobain. Se é Clash ou Rolling Stones. Isso é muito difícil.

Ela nem deve saber de nada mesmo!

Equiparando Clarice e Zélia, falando que as cartas são importantes, mas que sentimentos são todos iguais. Os meus e os seus, sem reparar na quantidade de goles que dou e ao menos perceber que o tempo continuava a passar. Que desculpas esfarrapadas despistam somente os tolos e entrar para esse grupinho seleto, estava longe do meu objetivo para essa noite.

Como estudar para o vestibular e resolver voltar para casa depois de ter só desenhado algum símbolo escroto na folha principal do gabarito. Treinar por diversos dias e desistir da competição!

Dei o último gole no refresco, o mais longo da história dos goles! Somados a dois passos estabanados e esbarrei com tudo em alguém. Ridiculamente cai no chão enumerando planos infalíveis para sumir dali. Criaria asas, faria um túnel, explodiria bombas ninjas e sumiria na nevoa branca. Simularia dores no corpo inteiro, rolaria ou rastejaria feito minhoca até a saída.

Sensacional é estipular milhares de cenas e não projetar nenhuma, pois a realidade é imutável, não sempre, mas o lado direito nunca vai deixar de ser o lado direito, o erro nunca vai ser acerto e uma grande esbarrada, com certeza, não vai deixar der ser uma grande esbarrada. Como o Titanic afundando e a Rose se despedindo do Jack, ali seria o meu fim do mundo.

Incrível é a capacidade de imaginar e ilustrar tragédias, como o rosto que se prepara para o tapa. Fecha os olhos, entorta as bochechas e reprime todos os músculos do corpo e ao contrário disso tudo...

...sente uma mão te levantando.

Mão delicada, tão quanto sua dona, capaz de tirar do chão esse pequeno e estabanado pingüim fardado, com cara de idiota e sem jeito nenhum para olhar para frente,
mas ai o tempo parou.

Desenvolvi todos os textos, mas fiquei calado, por nada fecharia meus olhos ou desejaria estar do outro lado, estou aqui, bem aqui e não era para estar em nenhum outro lugar. Como os números que batem quando as roletas param e dizem que você tirou o grande prêmio.

Com uma voz linda, me perguntou se estava tudo bem!

Encantei-me! Agradeci pela bondade, pedi desculpas. Seus olhos brilharam e fizeram entender que estava tudo bem.

E no meu maior ato de coragem da vida...



...Sai andando e disse "até logo", pois nunca fui uma pessoa corajosa.


Triste fim de uma noite perdida.



Leo Fonseca, sobre minha grande timidez.

7 de jan. de 2013

_13'_ Ao quinto andar.


Fez verão como tantos, desperdiçado como outros. Tédio amaldiçoa qualquer boa vontade dos tolos olhando para o lado oposto, tanto seria positivo descrever passos dados desse lado, ilustrando possibilidades, gerando novidades, mas depende da grandiosidade do coração e a capacidade dos seus sentimentos. Pois é, desejamos incrivelmente caminhos com menos curvas e dias menos tenebrosos, tão qual queremos riquezas sem antes ter se concentrado em livros bons, ditando ordens interessantes, como dietas e regras que denigrem o seu passado, moldando-lhe futuro promissor. Aprender andar sem cair, vitória sem derrota, conseguir atingir sem ao menos ter tentado. Vida sem arranhões soa tranqüilo aos ouvidos, nunca tropeçar, desviar na curva e compreender o torto e desconhecer a sensação de estar perdido. A trilha possui pedras enormes, arbustos, feridas e vontade voltar ao inicio, desistir, esquecer do sonho, mas seria tão pouco digno contar isso os netos no almoço de família.

Contando carneirinhos nessa perfeição, parece que o caminho foi simples, mas aprendi tanto com os passos dados, um de cada vez. Aprendi com a perda, abstraindo, adentrando mar de novidade sem segurar o freio de mão. Respirar pausadamente para sentir o pulmão trabalhar. Chorar com a porta fechada, segurando a tristeza e a saudade só para mim. Percebendo a quilometragem do Planeta Terra enquanto os pneus do ônibus queimavam pelo chão, levando garoto cheio de sonho para viver. Me olhei tantas vezes no espelho, para decorar cada momento e cada fotografia mental que pudesse ter só para mim, olhando de fora seria loucura, mas compreendo meu coração e sua ansiedade, não devo mais denominar-me “garoto”, a barba tomou conta em menos de dois dias depois da lamina, lagrima seca antes mesmo de cair e o socorro, esse já esqueci tem tempo.

Mãe, ao quinto verão lembraram de refazer saudade, sobrepujaram tantas farsas para administrar a realidade, criaram escudos. Sentindo calor, reflito, deixando de contestar que sinto tanta falta de cada bronca que poderia me dar quando a cabeça resolve abaixar sozinha, chega o medo e esse mundo que gosta de gritar, de andar acelerado e de sempre estar atrasado. Temperei os dias, sambando alternado, solicitando ajuda de todos amigos que podia abraçar e os abracei. Com tanto amor, até as dores no joelho eu relevei. Do corpo a gente cuida, menos sal e condutas corretas, grafitando conhecimentos nos muros antes vazios, tal qual, sentimentos batendo em todos os cantos, por não saberem seu nome completo e a devida função social em nossas vidas. Sábios diriam ser amadurecimento, outros adeptos chamariam de fluxo normal da vida humana.

Ouço as tias perguntarem quão triste fiquei e se houve apatia nos dias que se foram. Sentir é algo físico, imutável, dor de soco, dor de pancada. Perder é sentir, da maneira mais predatória ao coração e é difícil assumir que perder não dói, mas como arranhões no  joelho, necessários aos que aprendem andar, os meus machucados me ensinaram tantas coisas. Me fizeram descobrir vocabulário, cortes, cores e traços, esses que pareciam estar guardados no fundo do mar, nadei até lá, passei por tormentas e tubarões. Furacões tem aos montes, mas responder com tristeza, seria falso, pois agradeço a chance de estar aqui, relembrando passos, com todos os membros do meu corpo intactos, sem falhar a memória e listar coisas das quais, nunca imaginei poder viver nessa vida.

Daqui onde estou vejo o mundo enorme onde vivemos, crianças brincando, crescendo. Casais se amando, brigando e aprendendo. Caminhos perdidos, retas se curvando e a magnitude das mudanças improvisadas, formando os rumos do por vir, reclamar é tão fácil, sentar e ver tudo girar, sem colocar as mãos na massa, mas surge como opção inaceitável no contexto. Novamente, pois é, creio que voltar é impossível, esperar gera tédio e por esse mal eu passo distante, assopro pensamentos pesados e levo a vida de chinelo, caminhando do meu jeito e  fazendo o mapa da minha história com passos curtos, porém bem dados.

Sinto a falta do cheiro da comida pela casa, das conversas, dicas e piadas sujas na hora errada, mas com os olhos fechados percebo que está próxima, segurando minha mão, acalmando tudo dentro de mim. Assoprando meus arranhões e me guiando, me fazendo uma pessoa melhor.



Subiu, virou estrela, brilhou tanto
Pura admiração

É muito bom ter você ao meu lado.


Mãe.


Leo Fonseca