27 de mar. de 2013

Quarta Feira


Descarto explicar minha rotina, devidamente, pois cabe as minhas ilustrações, essas de único dono, compreender tamanha complexidade dos guias de ruas que designo e rabisco os caminhos que escolho passar. Prefiro, logicamente, quando desde cedo entra sol pela janela do quarto e reflito sob a luz quente de começo de outono, já próximo a hora do almoço, batuco os móveis e animo a vizinhança, mas se te contasse, teria que trazer a maior banda de todos os tempos e essa cantaria seus grandes sucessos e seriam captados por nossos corações. Trêmulos, apaixonados, mas ainda indagados, pois depois do almoço tem passeio até o supermercado, completar lacunas incompletas do armário e visitar a entediante maneira de sair do tédio.

E assistimos a vida passar na fila do caixa, pagando as compras, deixando as contas, já pré-definidas pela lógica maneira de manter organizada em planilhas, faltar açúcar pro bolo e esse vira motivo, para dias depois retornamos aqui e fingimos fazer tempos que este estava sem visitas de monotonia. A vida é monótona. Tem quem busca caprichar seu enredo fazendo bondade, caridade planejada. Expresso sentimentos, mas as noites mal dormidas tornam mais densos os segundos do roteiro e de perto, percebe que teimar em conhecer, faz compreender que todos são iguais a você, sem espetáculo ou gritos eufóricos de uma platéia cega e surda.

Pior de tudo é que o tempo passa, ninguém se retrata e ele repassa. Percebi fios brancos crescendo e cem anos, até mesmo cem anos, passam muito rápidos, no suspiro, no respiro, no desencargo de consciência que permite voltar, as vezes, mas só de vez em quando. Pois é, parece de tédio ou pode ser mau humor, tanto faz. Previsões dizem que cairá chuva no meio da semana, prepare-se, para tirar os casacos do armário e esperar pela solidão de mais uma estação revisando defeitos e lembrando do que não deveria ter feito.

A culpa é do tempo do metrônomo, que conduziu errado esse soneto de compaixão e levou até ilusão as considerações descritas no rodapé. Das crianças que seguem descalças, levando a vida a pé e do pobre mendigo, que largou suas roupas no canto e vive a vida em marcha ré. Determinadas escolhas cabem a determinadas pessoas que as fazem, tem os que preferem a margem e outros mergulham bem fundo, de cabeça e sem medo do mundo e das colisões, dos arranhões e das motivações diferenciadas, equilibradas em potes de maionese vazios, como meu coração, sem emoção, que por hoje desistiu da canção, foi dormir reclamando, exclamando os dias que se foram, rimando a inutilidade desse novo sucesso e por ele expresso que dificilmente posso voltar e mudar, organizar passado que por pouco era presente, estava aqui consistente e eu tonto, deixei de novo passar.

Para todos os fins, só fuja do tédio.

E só.


Leo

25 de mar. de 2013

Outono e Venus


Enfileiramos escolhas assistindo ao pôr do sol e seus olhos brilhavam, entortando a cabeça para apoiar no meu ombro, falando sobre as sensações das manhãs de domingo. Quando coração bate por motivos alem da circulação, enquadrando na memória retratos significativos de passados presentes. Seus olhos flertam os meus, nem silabas precisam ser ditas, expressadas ou compactadas, pois o breve silêncio reluz nossos sentimentos tão bem.

Quando esse resolver partir, descobriremos o que é andar, como é crescer, como é dizer sem ter nada na cabeça para explicar depois. Nossa confusão mental impediu que assistíssemos ao final do dia e as pernas hiperativas descobriram novos caminhos e guiaram-se, estupidamente por vezes, mas o fizeram. A juventude explica ignorância, solidão e falta de humor nos decorrentes dias da semana que gostaria de dormir alem do programa esportivo da hora do almoço.

Por muito percebemos que estávamos errados e cometemos crimes hediondos, passando a vez para imaturidade, mas devo olhar somente para frente e abstrair esses retratos passados, tropeçar novidades e desencanar dos filmes da última sessão, se valesse a pena, sua ligação teria durado mais que trinta segundos e discorreria alem do trivial, mas já passou, tudo bem.

Nessa semana vou criar meus objetivos, focar nos sorrisos e aproveitar com chá bem quente todas as manhãs desse outono, que logo virá aos vinte e sete, recriando emoções para mais novas emoções.

Take it easy


Leo

12 de mar. de 2013

Hoje eu dormi com saudade


As tatuagens velhas denotam as passagens que se foram no fundo da gaveta, relembrando as janelas e os montes deixados nos quilômetros rodados de nossas vidas, com tão pouco entendimento, recordo cada “adeus” e lágrima que escorreu enquanto observava seu sorriso ficando para trás, os nossos últimos abraços e a esperança infinita que os próximos já estariam por vir. Mal sabia eu que seria capaz de acumular tanta saudade no meu coração, da dúvida, da incerteza. Eu que só queria encostar no seu rosto e dizer que fiz tudo errado, mas queria tanto organizar tudo de novo. Debruço sobre a mesa e apago tudo que escrevi, pois estaria longe do entendimento a ilustração feita para demonstrar a minha tristeza, por me sentir incapaz demais, fardado por essas paredes que comprimem as minhas asas e permitem apenas pensar muito em você.

Dos nossos bigodes, sobre a nossa Cecília e o Pedro correndo por toda casa. Fotos nos corredores e bolos de chocolate. Gritos e sorrisos, escorregões e ônibus verdes levando pela cidade toda alegria de nossa história, eu que sou campeão em me enganar, para dizer que está suavemente leve essa solidão proposital, pois em nenhum outro olhar ou conversa encontrei o sonho da minha vida que era ter você ao meu lado para sempre. Dos idiomas que não combinam e todos parecem estrangeiros, das loucuras, tão nossas quanto o nome que deram aos animais e aos nossos sonhos, tão nossos, que registrados, poderiam ser classificados como lúcidos e encantadores, tal qual a forma que fico perdido quando te assisto acordar.

Levanta o teu pé e parte para dança, encostando a sincronia dos corações voadores, valsando ao silêncio dentro do quarto, importando tão pouco com a velocidade do mundo, encontrando soluções práticas para todos os problemas, sabendo que se queimar o bolo, é só fazer um novo, mais gostoso que todas as vezes passadas, perdidas em bosques e andando de motocicletas invisíveis por todo espaço do Planeta Terra. Eu que acredito que somente os Astronautas são felizes, por estarem tão perto da Lua, do nosso São Jorge e fugindo bem dos dragões bafentos dos pesadelos profundos.

Queria explicar, mas nem eu sei entender.
Hoje eu dormi com saudade de você.


Leo