8 de abr. de 2011

#ABRIL - Pelas crises familiares e coisas que deixam pessoas em pranto

- Mas que saco, por que não pode parar logo com esse barulho? É agitação demais para hora da manhã. Crianças dormem a essa hora, acho irresponsável da sua parte estragar tantos sonhos de uma vez! Mas que saco. Mas que barulho infernal, insuportável.

Sapucaí, já que não foi, veio até ti. Embarcado no Carnaval fora de época de qualquer sábado à tarde. Sem soluções momentâneas ao cano que estourou e precisa de reparo. Insolente raiva não parava de gritar. Raivosa mordia-se, tentando com a força da mente interromper a obra. Infernizada, fez café atrás de café. Interrompida, destinou-se a distrair-se, para agradar o momento infinito de tanto barulho que incomodava.

Vestiu velhos vestidos de festas que passaram. Humanos estão todos acostumados a interpretar a vida no pretérito. Contando do dia que foi da vida que aconteceu, logo acabou e deixou presente guardado para alegria natalina. Uma vez a cada de vez em quando. Todos para uma história. O branco para os dias mais claros, coloridos com a grama que sujou seu pé. Era tão nova, era tão calma. Abraçando o vestido, levou-o até a frente do espelho, encardido nos cantos. Sorriu enormemente, excluindo o amarelado da amargura dos gritos sincronizados com as batucadas de obra mal acabada.

Sabe-se que o tempo passa independente das variações ou destino que os dias levam. As folhas do calendário ditam reta única, sem vagas preferenciais ou placas instruindo pilotos de primeira Auto-Escola. Daqui a pouco é o pouco que passou e não volta. Dos vinte aos trinta percebe-se pouco, devido o furor dos acontecimentos seguidos. Da molecagem transformada e terno e gravata. Barba e responsabilidades. O tempo magoa também. Ele te guia, mas ele passa e isso me deixa muito nervoso.

Dançando com seu vestido, optou pela calma. Valsou durante horas e chorou muito. Era tristeza abraçada com alegria, arrependimento, carência, saudade. Saudade prevalece e não se esquece. Endurece e é difícil de controlar. Poucos sabem como administrar. Viram pessoas sérias, sorriem pouco, caídas na bebida pra lembrar que não sente saudade, mas sente muita. A vida foi e não voltou te modificou para sempre. Por isso eu tenho que abrir melhor os teus e os meus olhos, dançar no costume do tempo, mas não deixar abalar. Acalmar quando puder respirar, porque vale muito à pena.

Pensar na saudade me faz pensar em você. Nos dias que se transformaram nesses que estou vivendo agora. Resumindo em passos curtos para errar menos. Tenho que ser responsável e falar sem dobrar as palavras. Se fosse cheiro do teu bolo, seu braço gordo e teus gritos pela casa. Mudar e estar no mesmo lugar, percebendo depois do quarto estágio. Quando o vinte já virou vinte um. Excluem-se os malefícios e tento lembrar-se de forma positiva em tudo de bom que está por vir.

Traz calma quando vier da rua. Ela te espera, girando com vestidos apaixonada por histórias que já se foram. Partiram. Mas todas irão um dia para um mesmo todo. Enquanto houver a possibilidade, escreveremos com detalhes interessantes a passagem que nos deram.

Girou, cansou, dormiu. Sonhou muito tempo. Acalmou. Refletiu. Partiu para vida que lhe cabe, sem desespero, sem paciência, mas que seja.

Leonardo Fonseca

1 de abr. de 2011

#ABRIL - Vinte dias


É de se desesperar quando o telefone toca e ninguém atende. Ele tinha tanta certeza que poderia falar. Isso te ofegava, caminhava encostando a cabeça na parece, batendo em tempos o pé na quina do rodapé. Com o coração digitava os números várias vezes seguidas, temendo ter digitado errado e por isso o telefone só chama. Vários pensamentos rolaram durante um tempo, até que resolveu se acalmar. Idiota ser assim, mas locutor não tem opinião, devo contestar por hora, mas é um erro atrapalhar a continuidade do caso.

Horas passariam abreviadas na ansiedade do coração falante, esse que de irritante, é melhor não citar. Despercebido, arrumou passatempo e administrou assim. Estava em uma sala enfeitada por uma bela poltrona, grande como dos nossos avôs. Criado mudo ao lado para apoiar livro ou controle remoto. Afogou-se em sono profundo ali mesmo. Descontente em esperar, dez minutos sentados trouxeram-lhe preguiça concentrada e apagou.

Notas no ouvido pra dizer que estou bem, caminhei pela tarde, mas ainda estou bem. Deu oito passos em linha reta, cadarço desfez-se, bem feito capitão! Honestamente trajado para guerra, armado, com as mãos segurava com força um bastão. Antes de conhecer a força da sua violência, começou a nadar pelo espaço. Estava tão leve, estava tão calmo. O céu ficou branco, as nuvens todas se tornaram uma coisa só. Unificada no olhar, ele boiava no leite e escorria, refletindo dias passados. Foram vistos climas intensos, certezas e confusões. Mas eu ainda sou um moleque, me deixa errar? Retruca essa desavença outra hora. É muito pensamento acumulado. Se continuar assim, suas histórias vão ficar pelos cantos e vai envelhecer. Sei muito bem disso! E foi isso que ela quis dizer e você tonto. Tropeçou no cadarço mais uma vez. Bateu a cabeça e acordou.

Que tonto.


Beleza de soneca depois do almoço, perfeita pra deixar com mais preguiça e esticar os pensamentos que ficaram presos na manhã ocupada. Desistiu por vez do telefone e permaneceu sentado. Sem esperar muito, a porta se abriu. Vestia jeans e camiseta. Tênis cobrindo os dedos e a melhor explicação seria você mesmo poder ver com seus olhos a beleza dessa personagem que adentra a trama no atual momento. Tomada e luzes preparadas, ajeitada como pétalas delicadas, aperfeiçoando a visão daquele que pode olhar.


- Essas horas e já está deitado? Cansado, me conta do seu dia!

- Dia de telefone que não funciona? Espanta essa nobreza!

Olhos cruzaram-se como fogo atirado com raiva de menino que cresceu longe do açúcar. Essa não é uma história leve. Mexicanos fariam assim:


- Por que raio demora a reconhecer que amo seu coração dessa forma pulsante?

- Oras, preciso de um mar de declarações para aceitar suas considerações! Olé!

Italianos amam demais suas mulheres, evitam brigas e acho isso o lado certo. Comecei errado na interpretação do amor nessa dissertação, falei do peso e esqueci-me de amargurar menos. É amargurando que a gente espanta o que faz bem e sem querer cai aqui. Sabidos são os italianos.

- O que tanto queria falar comigo que não podia esperar que chegasse em casa? Aqui estou do mesmo jeito que sempre estou! É de se duvidar de algum passo meu? Só se for, mas estava na rota que já conhece, algo hoje te aborrece?

- É do italiano que ama demais que devemos falar, eles sabem das coisas. Disse assim o locutor. Queria só te avisar para chegar mais tarde. Tinha um jantar para lhe preparar. Só sei macarrão como sempre, mas com a calma, queria muito te agradar.

Olhos deixaram de queimar lentamente, clareando a visão recíproca. Agora gostoso de encarar aquela menina descrita em adjetivos marcantes, é só rebobinar um pouco essa fita que vai encontrar a explicação. Abriu sorriso de meia boca, depois virou sorrisão.

A luz baixou-se como faria Bertolucci, na Paris que se ama. Passos levou os corpos para uma proximidade linear. Boca bem perto, quem precisa gritar?

- abraça-me?

- abraço-te!

Giraram e gritaram. Senhor do Tempo prega um prego nesse ponteiro e deixa-o encostado por um Tempo. Deixa de castigo enquanto a vida acontece, se ela passar muito rápido. Volto aqui só pra reclamar. Mas sorriso já predominava, nenhum problema do mundo contaminava. É de algo que só entende, mas não premedita e nunca é avisado. Só sei de uma coisa.

- estou no melhor lugar do mundo.

Premeditando a conclusão de maneira calma, como deve de ser. Enfeita verbos espalhados e muita repetição, é a ordem natural dos casos parecidos mesmo. Aqui, ali ou em qualquer lugar. A vida é circular e as histórias sempre se parecem. Mas se o bom é o que faz bem, é melhor se empenhar.


Luzes coloridas enfeitaram o ambiente até o desfecho geral da luz.


Processos contínuos e vamos aprendendo assim.



Leonardo Fonseca

#TIRASDEJORNAIS - Lápis de cor

Sorriso bobo e um tapa, já era de se adivinhar
Depois da ogrisse tenho certeza que vou apanhar
Ela é mandona e agressiva
Ai de mim levantar a voz para essa gordinha

Veio de vestido branco, nuvem brilhante
Foi me puxando pelos cantos
Os passos nunca importam de maneira contrastante
Antes do meio da tarde, pra dar tempo de aproveitar

Desajeitada nem percebeu as marcas e disfarçou
No canto e diz que só ela que pode
Tudo bem, adoro concordar
Nem me importo com isso

Depois faço graça só pra atrapalhar a concentração
Imito o jeito, leio as placas e pareço realmente um bobão
Pra que vergonha na hora de assumir?
Se eu não concordar, acabo levando tapão

Que saudade de lembrar tudo isso
Se pudesse faria agora, do começo até o final
Abaixei a cabeça, pedi, e disse “tchau”
Só mais uma vez, de mais algumas vezes

Sinto saudade do caminho e das árvores espalhadas nas calçadas
Do jeito que o relógio me obedece quando eu to com você
Grato pela sua presença e pelo bem que ela me faz
Rimaria pra fazer sentido, qualquer palavra, e mesmo sendo clichê, cito a paz


Criadora de histórias que ilustram as minhas idéias

Dedico minha criatividade a você.


Leonardo Fonseca