26 de abr. de 2013

Hiato


Das suplicas escaldadas e os ratos que passeiam a luz da lua, brilhante ao centro do céu, transpirando azul marinho e caminhando venho só, tentando observar ou subverter, respirar e sentir saudade. Analisando arredores vazios e tão completos, do terceiro expediente pós trabalho, alienando conversa trivial de corredor do shopping. Do trabalho, da faculdade, da falta de excentricidade do ser humano que veste a carapuça da normalidade ao vagar sonhos trocados por esses Senhores de Engenho modernos. Vejo cabeludos debatendo mudanças geopolíticas, mas mal sabem dobrar suas roupas ou estender no varal suas capacidades. Juntam aos socialistas de mesa de bar, de idéias pela metade, compreendidos que a maior aventura de suas vidas, foi sair durante a madrugada para comprar cigarro enquanto a brisa batia forte, ainda que escondido dos pais, assumindo a postura dos companheiros de camisetas vermelhas, complexados por programas esportivos da hora do almoço e estereotipados pela carência neurológica de mais um boçal alienado ao contrario.

Reparei na volta para casa, como tudo anda triste e antes fosse pela falta de super poderes de nós, estranhos seres humanos, mas por essa mania de copiar e colar que a era da informática incrustou em nossos estigmas, recalcando paradigmas modernos e ainda assim, impossibilitando conclusões completas. Tudo parecido, mas tudo pela metade! Opinião bairrista, descentralizada de política lida em folha de jornal opinativo, quase persuasivo. Critica o pobre marginalizado, discrimina, dita ser alienado o pobre coitado que ouve musica alta no fundo do ônibus. Ele  e suas roupas compradas pela internet, pois adora dizer que vivemos no país mais atrasado do mundo. Cita seus lemas em redes sociais e compartilha. Vive a criticar em empolgar-se durante debates de embriagados, mas custa-lhe o corpo, ajudar em casa e colocar seu próprio lixo para fora, esse que vai ser recolhido por aquele pré-julgado acima.

Caminhar na rua a noite faz pensar, o silêncio ajuda e o vazio complementa. Estamos nos alienando por todos os lados! É direita alienada e a esquerda alienada, parece ser verdade, mas é tudo de mentira. Estamos sendo manipulados por estranhos seres viciados em cédulas coloridas, que estão transformando os guerreiros de condomínio fechado em profissionais com dores nas costas, beberrões e fumadores de frases metafóricas enjoativas. Já não se fazem mais cabeludos como antigamente e triste é o fim dessa geração que segue os mandamentos de Warhol e pulam pedra sobre pedra, para atingir o seu emblema de estrela passageira, inspirando mais retardados a continuarem a camuflar a vida humana da maneira mais ridícula que podia se imaginar.

Sem querer mais ou menos, mas só o tanto que é necessário e que seja capaz de dividir igualmente, sem resquícios de fome ou tristeza. De pensamentos guiados pela luz das estrelas e as vezes a gente pensa que não pertence a tudo isso, os tortos caídos na frente do bar, atrasando o sorriso do filho que já foi dormir depois da novela, indagou demais, antes mesmo de aprender a soletrar saudade. Essa vida entediante de quem não reconhece o tédio, que vive nessa locomotiva estagnada, sem sonhos e sem mais nada.

Cada um é dono da sua Matrix e a minha necessita de um hiato. Por fim cheguei em casa e é isso que buscarei no silêncio. Das perguntas sem respostas, das mensagens no espelho. Vitrola que soa só, mas me faz pensar com mais calma. Todos nós precisamos crescer e perceber a quantidade de passos que estamos dando para trás todos os dias. Considere-se Eu, que Eu sou Você, caminhando só e analisando, que somos todos passíveis aos erros e evoluções necessárias.


Que essa venha antes do nascer do Sol.
Durma oito horas por dia.

Leo.

3 de abr. de 2013

Soluções simples para problemas que nunca existiram


Você me puxa e esqueci como se dança olhando para os seus olhos e me sentindo um garoto de quinze anos, mesmo com todas essas marcas do meu rosto, respirei dificultosamente, caminhei até o centro do salão, fechei os olhos e esqueci meu nome mais uma vez. Os pés flutuavam cada nota, sentindo as batidas do coração. É sentir-se vivo, pulsando ondas sonoras espalhadas nos sorrisos que se entregam, que dividem energia por todos os centímetros quadrados do ambiente. E só você tem esse poder, eu que agora preciso me entregar, assumindo que meia frase saída da sua boca, me faz tremer, mais do que um verbete inteiro e só você tem esse poder.

De mudar as ruas de lugar, de me fazer planejar, incentivar caminhar pela luz, possibilidades de melhoras. Me ensina a ser um pouco como você, só por essa noite e se te fizer feliz, caminho junto até a eternidade, somando estrelas nascidas no céu do inverno contrastante, esquecendo desse verão que me fez sentir tanta saudade. Prefiro só pensar nas vezes que me vai fazer cair no chão, dando risada, transformando homem em criança, mais uma vez de muitas vezes que pretendo nem contar.

Segura minha mão, abaixa sua cabeça e sente a música mais uma vez.

Escondido em mim cantava um monstro esquisito, triste esquecido, cantarolou e me visitou por noites tentando me entristecer. Falava para esquecer quem eu queria ser e que podia crescer. Segurava minhas capacidades, atormentava a tranqüilidade, dos passos dados, dos passos seguidos, dos desenhos que deveriam denotar, encaminhar o futuro, desconhecido até outro passo obscuro que me abateu de tristeza e fez acreditar que aqui, beleza já havia partido e questionar quem era esse que se instalou nos arredores da minha vida, colocando máscara sem cores em tudo, mas ele, ele não sabe de nada.

Mas hoje, vou esquecer disso tudo, por que já passou.

Sob meia luz da pista de dança das nossas vidas, te chamei para dançar de novo, aquecer os sonhos e sentir a leveza necessária e voar, por todos os cantos. Hoje não vou mais crescer e hoje, ninguém mais aqui vai crescer.

Leo.