Das suplicas escaldadas e os ratos que
passeiam a luz da lua, brilhante ao centro do céu, transpirando azul marinho e
caminhando venho só, tentando observar ou subverter, respirar e sentir saudade.
Analisando arredores vazios e tão completos, do terceiro expediente pós
trabalho, alienando conversa trivial de corredor do shopping. Do trabalho, da
faculdade, da falta de excentricidade do ser humano que veste a carapuça da
normalidade ao vagar sonhos trocados por esses Senhores de Engenho modernos.
Vejo cabeludos debatendo mudanças geopolíticas, mas mal sabem dobrar suas
roupas ou estender no varal suas capacidades. Juntam aos socialistas de mesa de
bar, de idéias pela metade, compreendidos que a maior aventura de suas vidas,
foi sair durante a madrugada para comprar cigarro enquanto a brisa batia forte,
ainda que escondido dos pais, assumindo a postura dos companheiros de camisetas
vermelhas, complexados por programas esportivos da hora do almoço e
estereotipados pela carência neurológica de mais um boçal alienado ao
contrario.
Reparei na volta para casa, como tudo anda
triste e antes fosse pela falta de super poderes de nós, estranhos seres
humanos, mas por essa mania de copiar e colar que a era da informática
incrustou em nossos estigmas, recalcando paradigmas modernos e ainda assim,
impossibilitando conclusões completas. Tudo parecido, mas tudo pela metade!
Opinião bairrista, descentralizada de política lida em folha de jornal
opinativo, quase persuasivo. Critica o pobre marginalizado, discrimina, dita
ser alienado o pobre coitado que ouve musica alta no fundo do ônibus. Ele e suas roupas compradas pela internet,
pois adora dizer que vivemos no país mais atrasado do mundo. Cita seus lemas em
redes sociais e compartilha. Vive a criticar em empolgar-se durante debates de
embriagados, mas custa-lhe o corpo, ajudar em casa e colocar seu próprio lixo
para fora, esse que vai ser recolhido por aquele pré-julgado acima.
Caminhar na rua a noite faz pensar, o
silêncio ajuda e o vazio complementa. Estamos nos alienando por todos os lados!
É direita alienada e a esquerda alienada, parece ser verdade, mas é tudo de
mentira. Estamos sendo manipulados por estranhos seres viciados em cédulas
coloridas, que estão transformando os guerreiros de condomínio fechado em
profissionais com dores nas costas, beberrões e fumadores de frases metafóricas
enjoativas. Já não se fazem mais cabeludos como antigamente e triste é o fim
dessa geração que segue os mandamentos de Warhol e pulam pedra sobre pedra,
para atingir o seu emblema de estrela passageira, inspirando mais retardados a
continuarem a camuflar a vida humana da maneira mais ridícula que podia se
imaginar.
Sem querer mais ou menos, mas só o tanto
que é necessário e que seja capaz de dividir igualmente, sem resquícios de fome
ou tristeza. De pensamentos guiados pela luz das estrelas e as vezes a gente
pensa que não pertence a tudo isso, os tortos caídos na frente do bar,
atrasando o sorriso do filho que já foi dormir depois da novela, indagou
demais, antes mesmo de aprender a soletrar saudade. Essa vida entediante de
quem não reconhece o tédio, que vive nessa locomotiva estagnada, sem sonhos e
sem mais nada.
Cada um é dono da sua Matrix e a minha
necessita de um hiato. Por fim cheguei em casa e é isso que buscarei no
silêncio. Das perguntas sem respostas, das mensagens no espelho. Vitrola que
soa só, mas me faz pensar com mais calma. Todos nós precisamos crescer e
perceber a quantidade de passos que estamos dando para trás todos os dias.
Considere-se Eu, que Eu sou Você, caminhando só e analisando, que somos todos
passíveis aos erros e evoluções necessárias.
Que essa venha antes do nascer do Sol.
Durma oito horas por dia.
Leo.