Gota quente esfria o corpo vazio de emoções
passadas, notas falidas do bolso furado, garantido a milhões de anos luz que a
felicidade tira férias no outono e cria a tal da expectativa para o verão do
ano que vem, quando a onda cobrir teus pés e molhar tua canela, enquanto sente
saudade de si mesmo em frente ao espelho, envelhecendo aos poucos, custeando
mais uma vez entender os pêlos procriados e se afastando dos amigos, acabando
com as conversas sem nexo. Ser adulto é ter identidade certa para cada trecho do
texto, é viajar em palavras concretas e simplesmente esquecer de dançar ao som
do nada. Precisa ter musica alta e muita bebida cara, realmente, o preço
precisa ser alto, para tudo, para toda qualidade garantida em frases sobre
bolsas de valores e déficits bancários e notas promissórias da sua carreira que
dita pela sua mãe, seria promissora, se tivesse se formado no curso de inglês e
tentado cabular menos o judô, comendo pastel escondido da própria barriga, que
vergonha ser adulto, que vergonha dessa saudade que dá de quem não se encontra
mais por aí sambando ocasiões simples.
Que saco é o senso critico e as
responsabilidades, agora até os meus desenhos precisam ser melhores, pois os
traços empacam e desencanam de sair do inicio para formar as casas do meu condomínio
fechado e protegido por duzentos seguranças, com os rostos amargurados por seus
salários curtos e mulheres que reclamam demais. Eles não me deixam pirar mais,
esqueci o rumo da loucura e caduco minha cabeça nas contas e nos deveres
diários. Chato por reclamar e ainda mais chato pela obrigação de passar por
caminhos parecidos, sejam eles próximos ou não. A vida é um sapato apertado e
paletó em dia de calor, e o pior de tudo, só foram me avisar depois de todas
essas primaveras, quase vinte e sete, quase trinta já se foram e mentem para as
crianças falando de embarcações cheias de barbudos na aula de história e
mentindo, dizendo que o Japão fica do outro lado do mundo, sendo que na
Liberdade, bom, na liberdade ninguém sabe de nada, porque essa nunca existiu
para ninguém.
Coma cereais, integrais e tome dois litros
de água. Ande, respire com calma e prefira roupas claras. Duas voltas para
formar o nó da gravata e linhas tortas deixam esse terno mais caro, mas que
droga, quadrado demais para círculos alterados de embriaguês. Por onde estavam
os bêbados na noite passada enquanto palhaços criticavam a monarquia e sua
capacidade curta de democracia? Expressamente, ligeiramente cansado de arriscar
palpites e os rostos virarem. Dentro do silencio a razão é alcançada quase que
sempre, sempre só não, pois como a liberdade, o sempre também é mera ilusão das
nossas capacidades de criar sentimentos motivadores para continuarmos em
frente, sempre em frente marujos, remando nessa embarcação com menos barbudos
que as vindas de Portugal, que roubaram tanto ouro, que levaram o brilho dos
nossos sorrisos esperançosos. Falam para fazer o certo, mas me ensinaram a
andar errado, falar, criar e a pensar, achando que seria legal ser, mas nem sei
quem sou e continuo pouco sabendo.
Eita palhaço reclamão, volta para picadeiro
e fecha esse bico, borra menos a maquiagem e estampa logo esse sorriso,
escarnecido e cria ao menos a sensação, externa, projeta e concretiza, para o
de conta fazer o que tiver de ser, bem ao menos para fora pode parecer o
suficiente para alegrar a quem olhar e se guiar por sentimentos estranhos dessa
fase obscura, tão escura que nem nego a necessidade de um abajur para o meu
coração, que deixou as estrelas de lado e casou-se com as cédulas coloridas de arco-íris importado da
Ásia, transportado em cargueiro bagunçado, completado por olhos gordinhos, que
se envaideceram e esconderam no fundo do poço as possibilidades de encontrar
peças originais de um amor verdadeiro, partindo só de você, sem espantar a sua
leveza, porque dela, você precisa demais.
_ eita burrice Leonardo.