31 de mai. de 2010

#VinteEcinco - 25g

Pedi

- Vinte e cinco gramas de queijo mussarela, por favor!

Responderam

- Vinte e cinco segundos depois e pode colocar o bolo para assar!

Enquanto

- Vinte e cinco pessoas estão para chegar, vamos dar uma festa!

Subiam

- Vinte e cinco gramas daquele que é verde e tão raro!

Então seriam

- Vinte dias para um começo e mais cinco para completar, mas acho que agora já se foi. Nem deixou telefone para contato, sabia que isso ia acontecer. Mês que vêm eu resolvo, tem mais duas contas para quitar e depois até cancelo os meus cartões. Fico sem prejuízo e tenho fôlego para pensar mais e esperar por outros...




Vinte e cinco.

#NaoReleia - Nexo

Bati com força na porta, duas vezes e fiquei lá esperando alguém aparecer, mas ninguém apareceu no portão. Minha mãe havia me deixado ali para que brincássemos durante a tarde. Era mês de maio, mês normal sem tantas comemorações atípicas que e deveria durante a tarde abastecer com comida as nossas dispensas. Mas ninguém veio abrir o portão. Procurei um lugar para sentar e sentei, ali mesmo e fiquei esperando mais meia hora, quarenta e cinco minutos, coisa assim, mas ninguém realmente apareceu. Para onde será que ele foi? E na primeira indagada senti um frio batendo na minha canela descoberta, logo fazendo o sol ganhar duas orelhas rosadas. Um tom que não me agradou, não caiu bem com o amarelo, mas quem sou eu nesse momento para questionar? O mundo parou ali sentado e pesava demais pensar para onde deveria ir. Como faria voltar o que não aconteceu e fazê-lo acontecer? Sei que deveria ter ligado, mas não me preocupei. Achei que já estava certa a minha visita e que realmente iríamos passar a tarde brincando, mas não. Interrompeu a ligação ou caiu? Quem estava falando mesmo ali ao telefone? Passaram dois homens com pressa, gritando pelo trem!

- Olha o Trem! Espera, preciso ir nesse vagão!

No terceiro encontrei a lua a dois palmos dos meus pés, mesmo com a minha pouca altura a lua seria decorada com a sujeira do meu tênis. Vou fazer um coração e deixar seu nome por lá também. Um recado que só você vai entender, de uma língua que só nós dois falamos. Na segunda pedra à esquerda. Quando voltar para Terra estarei te esperando no mesmo lugar onde estou passando a tarde nesse exato momento. Esqueceram de mim, ou esqueci-me de esquecer e ainda não encontrei sentado o caminho de casa. Se declarar meu amor, vai se assustar. Pega as suas coisas e vai embora, é a melhor coisa que pode fazer nesse momento. Não me liga mais, não me mande mais mensagens. Faz de conta que era assim, olhe bem! Olhe bem com os seus dois olhos ao mesmo tempo e perceba. O mundo é um instante e partimos das ocasiões corriqueiras, somando sentimentos, tudo ganha um sentido diferente.

- Quem é você?

Não sei! Fiquei sentado por aqui, realmente! Não sai por esses tempos, ganhei duas raízes novas, estou com terra até o joelho. Saio para dançar, mas ainda é como se estivesse dentro de um vaso, espaço curto de tempo que me impede de gostar muito e perceber infinitamente os momentos da minha vida. É tudo tão rápido. Nesse presente que na porcentagem sempre prevalece para o lado da tristeza. Mas mesmo assim canto enquanto ando, observo e danço. Toco bateria no busão, daqui até o trabalho. Caio no palco quando canso da mesmice e faço tudo que era igual parecer diferente. Mirei e percorri, fiz um sorriso do tamanho de um barco e naveguei por todos os mares possíveis. Teve gente que passou por mim, viu ali sentado um menino e não parou para perguntar sobre sua mãe. E disseram que seu amigo também nunca mais apareceu pela rua, talvez tua família partiu para outro canto do planeta e nem me passou um contato. Resolver problemas nem sempre é algo que agrade ou divirta, mas durante um tempo resolve, tudo vai para o lugar e as preocupações vão para dentro do armário.

Como concluir?

Números são exatos demais para explicar a vida, acho muito chato fazer conta. Gosto de sentir e nem penso na quantidade que saiu dali, se tem um peso, ou sei lá, não sei! Não somei nada para ter como resultado o que estou vivendo agora e pelo balanço, parece que está tudo equilibrado. O positivo bate com o negativo. Sem contas à pagar ou duplicatas à receber. Na metade do caminho achei um jeito de ganhar dinheiro. Tendo paciência e persistência. Bebo em grandes quantidades aos finais de semana e volto à seriedade com dor de cabeça na segunda. Cumpro e mantenho a média e assim, levanto, caminho pela direita, esquivando o sol para não suar ao meio dia. Vejo-te daqui a pouco, preciso descansar e continuar.

Vou continuar.


E nem vem apostar

Por que eu ganho!



Leo Fonseca


23 de mai. de 2010

#Maioteodeio - Expresso bipolar

Tocou o relógio, devem ser agora cinco e meia da manhã e não estou nem um pouco com vontade de sair daqui. Prefiro colocar a culpa no trânsito e atrasar o dia em pelo menos duas horas. Justifico tudo isso depois. Sei que logo o relógio vai tocar de novo, mas quero ficar deitado mais um pouco. Meu corpo ainda está tão cansado, não descansei e continuo com dor de cabeça, nem ao menos o domingo existiu! Acho muita sacanagem começar assim, desse jeito. E logo vou me descobrindo. Caminho de meia até a cozinha e coloco meio litro de água para esquentar. Girando até o banheiro, lavo meu rosto e esvazio minha bexiga. Estico as minhas costas e começo a separar o uniforme do dia. Com quem vou me parecer? Preciso mesmo parecer alguém? Minha cara amassada não esconde que a noite passou mais rápido e diz:

- Pobre coitado, não lembra-se nem do que sonhou! Foi até a lua e já se esqueceu. Tem mais uma conta atrasada e se sente tão vazio. Se sente tão triste! Se sente incapaz de controlar o seu próprio coração. Pobre coitado.

Quando começam subir as primeiras bolhas dentro da chaleira, quando o estado de ebulição parece mais próximo, abaixo o fogo e já preparo o coador. Duas colheres robustas fazem uma caneca ter o tanto de energia suficiente para me levar até o ponto de ônibus. Se prestasse mais atenção na vida e me preocupasse mais, sentiria mais saudade. Mas mesmo assim não faria a barba em uma terça-feira sem motivos. Nesse frio não vale a pena. Pela gigante vontade de parar e não continuar durante meses. Dormindo e esperando que tudo passe, mesmo que o tudo seja um nada ou uma possibilidade quase nula de algo que talvez não aconteça. Em vias de fato, é mais responsável me preocupar em levantar no ponto correto. Desço, atravesso a rua e levanto pesos com o corpo durante duas horas mais ou menos.

Drogo-me!

Cheio de endorfina no corpo e música alta atendo com exclusividade a minha sobrevivência. Ainda não sei por que estou aqui e tenho perguntado ao espelho em todas as vezes que me encontro. Deixei de sair durante oito sábados e não cheguei até a verdadeira solução.

Mas não tem solução.

Um banho morno sempre é bem vindo. Água quente cai na nuca e faz o sangue subir mais motivado até a parte feliz do meu cérebro. Ativa a hiperatividade e me faz dançar a noite inteira. Beijei cinco meninas, uma na esquerda, uma na direita. Outra me agarrou, me puxou pela roupa e começou a me beijar loucamente. Nem sabia o meu nome, coitada! Não sabia nada de mim e ficou sem saber, foi embora e deixou a secretária desligada só para evitar futuras formas de comunicação. Mas mesmo assim foi uma grande paixão. Com o corpo novo tudo fica mais agradável, mesmo o que já não parece novidade. A solução da paz está em cada novidade que sua vida trouxer. Mesmo que pareça loucura estar sempre girando, sempre mudando, sempre querendo e quase nunca aceitando, democratizando e satisfazendo. Não estou em paz! Não durmo em paz e não respiro em paz. Meu coração bate agitado demais e minha cabeça fala mais do que deveria. Desço a rua e começo o que já será terminado, repetido e efetuado.

Sem coração...

Estou voltando para casa, lá com certeza vou viver o que sobrou. É tão triste imaginar que a vida pode ser assim, mas não é assim que vou fazer. Difícil é agüentar! No final coloco todo mundo para dançar e falo com mais dignidade quando se tratar de minha pessoa como assunto central da prosa. Sou bonito quando posso e humilde quando não estou rebelde. Dançante, cantante e esplendidamente chato, só para parecer inconveniente quando acontece. Todos meus amigos estão vindo, alguns com seus carros importados e outros de ônibus. Alguns são ricos e andam de avião e outro tem tão pouco, mas deixei o porteiro avisado, somos todos do mesmo lugar. Mas tudo bem, termino de falar e espero mais um pouco.

Logo é hora de dormir mais uma vez



Leonardo