24 de set. de 2011

#_Dialética Contrapartidária


Cicatrizando embrenhou-se diante da primavera pré-datada, dos juros acumulados e o Risco País que agrega novos valores perante especulações do Fim do Mundo. Novidades enfileiradas nas vitrines, das mesmas taxas, agora endividadas, falam somente o necessário para expor menos a prótese meia boca que o financiamento pode garantir. Complicado ser Rei no país dos interessados em pouca cultura, do umbigo farto e da mediocridade subsidiada pela máfia conspiratória. Deve ser filho de pai mal criado pelo avô, apanhou demais e mesmo longe da ditadura, ainda vive os resquícios de burrice acumulada, sonhou em ter vídeo game de última geração e só depois de velho percebeu que não cabem dentro do seu próprio corpo, mesmo que esse adentre possível orifício. E perguntando em sussurros a quem deveria dirigir o protesto chulo do menino de prédio? Acho que já errei tanto que perdi o direito de reclamar, mas os dias no deserto me fizeram bem. Desisti de emplacar hits, desisti de ser a moda, desisti de ser o mais alto ali da turma do fundo. De tudo aquilo que tinha discursado, desisti e antes que o mais truculento venha ofender, desisti dele também, junto com a lista de falências múltiplas que estão a seguir, em capítulos próximos e de fácil entendimento, pois averiguando pequenos detalhes, discorri subliminarmente sobre meus próprios feitos, para não jogar a culpa em ninguém e discutir sobre a primeira pessoa do singular.

Por três anos senti muitas dores nas costas e no pescoço por ter olhos somente para o meu umbigo centralizado em minha barriga. Algumas foram as bactérias que passaram por ali e fizeram amizades e trouxeram para turma vasta lista de ilustres idiotas. Vícios, manias, hábitos e desculpas esfarrapadas. Tonturas, colapsos e falta de percepção. Cego que não escuta e surdo que não vê por pura preguiça. Existir pode parecer um dilema, mas fazer de conta é o pior. Se acostumar com o dilema é pior que carregar crachá de troxa. Bater a mão nas costas depois do abraço, chamar de amigo e depois falar mal. Ter pouca opinião formada, por ainda estar captando informações suficientes para falar sobre a vida alheia. Meu umbigo realmente estava muito sujo, continua, mas cabe ainda o veredito supremo, passando por investigações, esqueci de afirmar que continuo errando, mas sem as pupilas dilatadas, percebo que meu cérebro voltou a funcionar forçando menos. Impulsionando por vontade singular, alinhado ao vocabulário decifrado em anúncios de supermercado e sábias palavras encantadas pelo tempo, por exato momento, subverti.

Agradeço diariamente cada dia dessa estadia, meus braços, minhas pernas, meu corpo e minha alma. Agradeço os pássaros que levam sementes, pelos frutos e pela capacidade de aprender. Gol aos quarenta e cinco do segundo do tempo ainda vale! Gosto daqui, mas deixei de aceitar. Parecia extremista chegar nesse ponto de percepção, mas agora, aos quarenta e sete minutos, simplifico a direita e alio a esquerda, padronizando o obvio de maneira clara, pois excluo impostos e taxas, crio o underground para os meus feitos. São os meus shows e o meu público. Seja a senhora que dança sozinha com a vassoura ou o garoto que passa os seus olhos por aqui agora e tenho a graça de dizer que estamos juntos, pois devemos contrastar novos pensamentos. Seu digestivo não me alimenta, me corrompe e me destrói, faz mal e dilacera qualquer possibilidade de assinar as probabilidades dos meus feitos e não faço parte junto da sua turma de umbigo sujo.

O sistema destrói, manipula, corrompe, estupra, dilacera sentimentos e cria sonhos corruptos para mãos em crescimento. Sereis advogados e lutarei por leis falsas. Combaterei aliados e atirarei contra o espelho. Sois vândalos de seus lares, pichadores de muros erguidos por vossos pais, declarados no imposto de renda, INSS ou os dez por cento que nunca vão para a família do garçom. Trabalha até tarde e faz tempo que pegou no sono pela última vez, deve até o leite que está para beber e se ainda há de beber, é por que sente fome e explica com a falta de sono a vontade de sumir. Maldita hora que decidiu ser o mais rápido na corrida dos gametas. Agora enfrenta a barbaridade que é existir e a escolha foi de um terceiro do singular pouco ousado, fissurado por notas retangulares, feitas com o mesmo material que fabrica o higienizador de orifício e que trocando em miúdos, concluímos que o valor, perante o real significado, que mal lavado também é sujo do outro lado, só está a falta de postura daquele que no dia que a luz brilhar, sentirá muita vergonha, pois aquele que sabe realmente, averiguará até a cor de suas unhas e se falhar, voltará para o final da fila.

É só protesto calado da indignação sem aliados, se valesse a pena, se realmente valesse a pena, preguiça deixaria de ser pecado e aprenderia que ter menos méritos na vida que é o importante. Processo retroativo degrada a existência dessa raça que se julga superior, mas mesmo com tantas descobertas e tramóias tecnológicas para vender telefones, o ser humano esqueceu de aprender o básico. Escovar os dentes, alimentar-se adequadamente, andar com um passo atrás do outro. Respirar, respeitar, conversar, admirar. Sem óculos 3D, efeitos especiais e explosões programadas. O Básico me agrada e foi nisso que falhei tanto, mas assumo a culpa da má administração desse barco. Assumirei os remos com mais disciplina nas corredeiras próximas e garanto que piscarei menos meus olhos.
Se fosse fácil, perderia a graça.


Bem vindo a Primavera.


Mao Tse Tung