24 de ago. de 2010

#PequenasHistórias - Meu primeiro Plano


Meu primeiro Plano


Cena 1 – Invasão Médio O(a)cidental

Quinze metros e meio até o final do corredor e uma pequena curva. Dois pulos e mais nada, meu corpo seria arremessado pelas molas do sofá. Dois metros de altura, sexta! Dois pontos e sábado de manhã. Tomei café cedo e acordei para ver desenhos. Era só correr. Sem barulho. Na ponta do pé, um passo, dois passos, três passos, acho que cinco são suficientes. Mas prefiro calcular melhor. Melhor ficar sentado esperando um pouco. Passos de Palhaço e tudo ia para o espaço. Minha mãe odeia quando mordo o braço dela, mas é tão gordo que seria um pecado não morder. Afundo os dentes sem dó. Ela vem com um tapa e xingando de todos os nomes. Em ordem alfabética e até se xinga no meio do caminho. Não sou filho da puta. Sou teu filho! Mas acho que da tempo! É só correr e voltar! Dá tempo sim senhor! Cronometrados, são trinta e oito segundos. É só acertar


Cena 2 – (Dês) Unindo a sua tropa

Então! O plano é o seguinte:

Cinco passos em velocidade máxima e se joga para direita no final do corredor. Escorrega com as meias, desliza de lado. Para esquerda, corre em velocidade reduzida agora. Sente a pressão do ar e respira fundo uma vez, bem forte. Puxa todo oxigênio possível. Enche o pulmão e pula! Quando estiver no ar jogue a perna direita para o primeiro acento do sofá, mais um pulo, segundo acento do sofá. Usando a Técnica Milenar da Mordida Russa. Sem usar as mãos, de uma mordida bem gostosa no braço da Senhora que está sentada no ponto X. A Senhora também atende pelo nome de Mãe, mas evite comunicação. Morda e prepare-se para bater em retirada. Não pode falhar agora! Refaça o caminho. Retroceda cada passo. Feche a porta e comemore!

Mas!

Falhar pode ser perigoso. A Senhora tem o poder de falar até seu ouvido dar defeito. Ela fala tanto que até a língua cansa, fica parada e presinha atrás dos dentes. Caso isso aconteça companheiro, pense nas Borboletas que vivem no Caribe e saiba! Lá elas são felizes!


Cena 3 - Arrancada ao poder (?)

Tomei coragem e resolvi arriscar. Deve ser complicado, mas vai valer à pena. Respira fundo, respira! Esfreguei as minhas mãos noa joelhos. Fiz posição de corrida! Preparar, atirar! Calma, eu prometo que já vou. Nisso já coloquei meu corpo para fora do quarto. Menino Invisível. Com medo, dei mais um passo e nem percebi. Mais outro passo. Ainda faltava um tanto, mas tudo bem se eu tentar um plano diferente agora né?! Vou devagar, para prevalecer o presente com mais honra e dar um nome mais bonito para o meu cagaço. Sempre fui medroso. Em todas as situações que a vida me colocou em teste, eu chorei! Assumo! Chorei mesmo. Tremi, senti calafrios e chorei muito! É melhor ir devagar, ela não vai me ver do mesmo jeito, depois é só pular e morder.


Cena 4 – Dia “D”

Com calma pelo corredor, dei um passo Ninja atrás do outro. Vi num filme ontem a tarde, respira devagar e vai. O corredor de casa tem vários quadros, de todas as cores possíveis. Paisagens, florestas, bosques e pássaros que só vi no Globo Repórter até hoje. Um salmão. E entre os quadros, algumas fotos, pai, mãe, tiú, tia, irmã, eu e meus avós. Esses faleceram antes da minha vinda, ficaram espantados com o show e deram para trás. Tudo bem! Ninguém tem culpa da velocidade da vida. O roteiro é muito estranho. Começamos novos e erramos tantas vezes, mas tantas vezes que até dói à cabeça pensar. Algumas pessoas avisam isso, mas no duro é mais complicado. Muito mais complicado. Vó! Seu braço era igual da minha mãe. Mãe seu braço era como o braço de sua mãe. Morderia os dois! Morderia quantas vezes fosse possível, para sempre vai ser gostoso. Coisas gostosas nunca deixam de ser Coisas Gostosas. O doce é doce e é redundante discorrer o assunto. Daqui é só fazer a curva, voar no sofá e morder.


Cena 5 – Depois de Pearl Harbor, a salvação do último Kamikaze

Preparei o pulo com tanta calma, fazendo a curva, que parecia que o mundo girava em câmera lenta. Senti saudade de tanta coisa nesse meio tempo. Da toalha fora do lugar, das notas vermelhas. Do incentivo, da companhia, do seu cansaço e da sua voz pela casa. Adorava esquecer a toalha e gritar por você. Consegui ver todos os detalhes até aqui e se não der certo, como prometido, vou tentar outra vez, não hoje, mas promessa é dívida sempre. Lealdade!



Pulo no Sofá / Um pulo / Dois pulos / Uma mordida e o sorriso mais largo do mundo





Por quê? Eu só posso dizer que Te Amo.







Leo Fonseca

22 de ago. de 2010

#PequenasHistórias - As relíquias do meu avô

As relíquias de meu avô.

Cena 1 – Como ninguém me percebeu aqui?

Passo por essa sala todos os dias e sempre avisto ali no canto uma caixa. Uma caixa que ninguém nunca meche. Se ela aprendesse a andar, possivelmente encontraria no ponto de ônibus, pegando integração para qualquer lugar da cidade. Não ficaria esperando mais pelo Natal que nunca vem. Laço vermelho, sem digitais, intocável! Sua tampa verde, combinando com a cor marrom do seu corpo largo. Gordo e pesado! Tem um brinquedo ali dentro. Tem uma bomba, tem um relógio, tem saudade de alguém ali! Mas deixei de lado e caminhei até a cozinha para buscar dois copos d’água, para refrescar meu estomago incomodado, chateado com a má alimentação. Fui mal educado durante o dia e agora ele reclama, faz sentido!

Cena 2 – Teste e reflexão.

Na Terceira Golada, percebeu, fechou os olhos e engoliu. Largou o copo em cima da pia, esbarrou no batente da porta e voltou para sala. Agora pensando em meia dúzia de coisas que não habitavam sua cabeça antes do segundo gole. Estava em dúvida sobre aquilo que se esconde dentro de um segredo tão próximo, mas por verões, tão distante. Segredo de namorada que não quer dizer que saiu com a amiga. Saiu escondido para ninguém brigar, fazer o certo para si nem sempre é o certo no modo padrão das pessoas comuns, ridículas, porem, denominadas “normais”. O que será que guardaram ali? Sentou em uma poltrona semi-mofada, encostou os cotovelos nos joelhos e ficou a observar, parado, por mais de trinta segundos, calado, inquieto, concentrado.

Cena 3 Descobrindo a Terra Nova.

Sem pensar, esticou os braços no primeiro minuto de silêncio. Enquanto comemoravam vitória do time, puxou primeiro o lado esquerdo do laço, que desvirginidado, partiu-se, virou uma fita vermelha, só mais uma fita. Faltava então o muro cair, a caixa se abrir e a tampa foi tirada com calma, para não se partir ao meio. Quina por quina, parte por parte, delicadamente posta ao lado da poltrona, no criado mudo, observador de todos os movimentos da casa, diariamente, calado, enxergando com calma aquilo que abstraem. Os detalhes, a lerdeza e a paz. Ainda em silêncio o primeiro olhar foi atirado com dois toques no gatilho, sem ruídos, silêncio absoluto. Olhos para um lado, olhos para o outro, procurando encostar com a vista aquilo que deixara de ser segredo e agora se tornara novidade. São fotos! São fotos!

Cena 4 – Como não te percebi ali me olhando antes?

É você mãe, é você Pai. Você de branco Mãe. Você de gravata borboleta, meu Pai. Corríamos muito nesse dia. Estava para chover! Eu me lembro, ia começar a chover! Adorava essa bola, adorava essa casa, adorava. Minha primeira nota vermelha e a mamãe gritando do primeiro ao último degrau da escada. Soletrando com raiva que meu boletim não deveria retornar colorido. Monocromático. Preto e Branco. Que saudade! Quando minha irmã era minha maior companheira. Dividindo cada história, dividindo cada assunto novo na segunda. Primeira aula matemática. Segunda aula geografia e pretendo me mudar para Argentina, lá alguém vai me entender. Minha orelha de Mickey e os bonecos jogados na piscina. Final de semana na praia. Macarrão com molho branco. Bolo de chocolate e sete sementes de uva depois da meia noite. Comemora o Ano Novo comigo esse ano? Morro de medo de ser o último. Seu abraço partiu e partido agora se foi. Guiado por algo que não sei, levado pelo que já foi, ficou o que pode, mas nem sempre fica o tanto necessário para apaziguar, para acalmar adolescente com medo do escurdo. Depois porrada no olho esquerdo. Caiu. E agora sem tempo de voltar. Só pode sentir falta.



Lembranças.



Leonardo Fonseca

#LeonardoFonseca - Pequenas Histórias, relato pessoal para o Eu mesmo.


Ei!

Espaço de Blog para ser um Blog pela primeira vez. Deixando para posteridade uma idéia que tive hoje durante o decorrer das horas da noite. Estava quente o dia, mas não aproveitei, mas tive uma idéia!

Em forma de roteiro, narrando cena por cena, pretendo nas próximas tentativas escrever algo que vou denominar como “Pequenas Histórias”. Pequenos relatos, mentiras e verdades, contadas, cantadas, soletradas da forma que penso e delibero novos pensamentos. Falando de assuntos corriqueiros, violência. Drogas, amores, perdidos, achados, novos e relíquias. Bondade, lealdade, irmandade e Vinte Gramas.


Bom começo de era para todos os Terráqueos.



Leonardo Fonseca


“Pequenas Histórias”

5 de ago. de 2010

#Eleições2010! - Minha primeira Opinião.

Tive um sonho tão estranho essa noite. Estranho demais para ser verdade, mas queria tanto. Queria muito que fosse tão aquilo que via, sem maldade, seria um exemplo para qualquer guia a ser montado. De uma sociedade sem alegria, que procura festa em Copa do Mundo para amar sem se drogar. Tristes demais se perdem na pedra, se perdem na vida e desistem muito antes do início. Sem maldade nenhuma só tenta uma e na segunda já percebe o quão é difícil nascer pobre, o quão difícil é nascer negro. Descendente, desceu, veio conhecer a prosperidade e entupida de divida das Casas Bahia reclama da Avenida Santo Amaro até a Alvarenga, limitada na novela, sem instrução, sem ambição, sem nada por comemorar, ri da alegria televisionada e mais nada. Pouca história para contar, mas mesmo assim vive no pretérito que foi tão perfeito, que vira mania, repetido parece loucura. Louca! Tadinha! Ela ficou louca! Ela tão nova, já está perdida no Eu que não conhece. Caminha e não questiona, caminha e não pergunta nada. Segue seguindo, dando razão para aquele que paga sua conta de telefone, celular pré-pago, imposto daquilo que come e faz mal. Acaba com estomago e continua se entupindo de tudo isso.

O colégio público não te ensina Química, mas te ensina a ficar esperto. Esperto com as coisas, a dividir as coisas, em fazer em grupo, social e sociedade. Cria-se um menino, se ele compreender, dali sai campeão, mas vi o Wesley descendo para entregar papel, ali perto do cruzamento. Sentava na última carteira, sem ninguém prestar atenção foi passando de ano, sem criação, na mesma situação chegou até a oitava e depois disso, no colegial passou e se formou. Entrega papel, ganha quinze, vê o jogo do São Paulo e já tá ótimo! Perfeito, tio! Queria te dar um toque, mas não deu. Estou na mesma, perdido, inseguro e não faço a menor idéia de onde vou parar, para onde vou e se estou indo pelo caminho certo. Complicado demais aos vinte e quatro. Se pensar em desistir... Respirei. Ali aprendi. Pegando busão. Comendo pastel. Tirando nota para cumprir com a meta. Batendo as metas e na média sempre passei, não recusei o que era ensinado. Ouvi, deduzi e hoje destaco aquilo que aprendi melhor. Pensar. Aprendi a pensar. Questionar, viver e reclamar.

Acho tão estranho quando acordo e percebo que vivo em um mundo tão triste, onde as pessoas estão tão preocupadas com um nada que nunca acontece. Estão tristes e nem sabem por que. São dívidas, casamentos que não deram certo. Carro quebrado. Chuva. Calor, pavor, medo da pessoa que está ao lado. Desconfiados não olham uns para os outros. Sente vergonha, como criança que se esconde atrás do pai quando adentra um estranho no elevador. Perto do sétimo andar questiono a facilidade de um garoto. Puxa assunto sem preconceito. Puxa assunto sem se importar com o nome ou idade. O senhor que pede ajuda para chegar do outro lado da rua. Tão simples. O que são quatro passos para aquele que já chegou até ali e fiz questão de ajudar. Fazer parte dos passos de alguém que já andou bastante e segue andando. Não para. Devora a vida e não se deixa devorar. Fabricam-se em lotes pessoas tristes nesse planeta. Carentes de amor, carentes de paixão que se afagam com fotos de estranhos.

Vão disputar para presidência do meu país esse ano. Vão disputar alguns idiotas, com idéias idiotas, pré-formadas, decoradas, gerúndio, palavras erradas e o ser humano sentindo seu coração. ..E: Vão mudar o mundo em quatro anos, vão mudar a sua e a minha vida. Vão levar educação para quem não tem e computador para sonhar com o mundo que nunca vai ter. I.P.I rebaixado e mais motoqueiros duelando pelas Marginais. Monstros no governo e parece piada ou filme B. Não é aqui. Não pode ser aqui. Deve ser mentira isso! O seu status não vai pagar minha prestação, comprei um som para espantar o mal olhado. E cá estou, cheio de dívidas. Espalhadas pelas gavetas, torcendo para que elas me esqueçam. O pão agora é por quilo meu filho. Dois Reais não paga o quinto pão, mais manteiga e duas fatias de queijo, já são quase a sua passagem de ônibus para ir trabalhar. Dez reais por dia no máximo, para sobreviver. Sem se alimentar, porque se parar para comer já se vai vinte e não estou falando para você que está sempre com a carteira lotada de nota. Sei e respeito o seu pai que paga mais impostos para respirar o mesmo ar que eu. Desculpa, mas não estou falando para você, de fato, não estou. Vota no tiozinho que fala igual o Fernando. Fernando é Fernando e Lula na versão mulher se formou no mesmo curso que seu Marx do terceiro mundo. Vendido, comprado. Capitalismo é capitalismo e no batente não vai perceber mudança alguma, mas faz de conta. Seu busão agora tem TV!

Só peço a Deus que a cada dia que passa Eu não queira mais do que nunca me mudar para Marte ou cair na real...

Porque não era sonho




Leo. Fonseca