Meu primeiro Plano
Cena 1 – Invasão Médio O(a)cidental
Cena 1 – Invasão Médio O(a)cidental
Quinze metros e meio até o final do corredor e uma pequena curva. Dois pulos e mais nada, meu corpo seria arremessado pelas molas do sofá. Dois metros de altura, sexta! Dois pontos e sábado de manhã. Tomei café cedo e acordei para ver desenhos. Era só correr. Sem barulho. Na ponta do pé, um passo, dois passos, três passos, acho que cinco são suficientes. Mas prefiro calcular melhor. Melhor ficar sentado esperando um pouco. Passos de Palhaço e tudo ia para o espaço. Minha mãe odeia quando mordo o braço dela, mas é tão gordo que seria um pecado não morder. Afundo os dentes sem dó. Ela vem com um tapa e xingando de todos os nomes. Em ordem alfabética e até se xinga no meio do caminho. Não sou filho da puta. Sou teu filho! Mas acho que da tempo! É só correr e voltar! Dá tempo sim senhor! Cronometrados, são trinta e oito segundos. É só acertar
Cena 2 – (Dês) Unindo a sua tropa
Então! O plano é o seguinte:
Cinco passos em velocidade máxima e se joga para direita no final do corredor. Escorrega com as meias, desliza de lado. Para esquerda, corre em velocidade reduzida agora. Sente a pressão do ar e respira fundo uma vez, bem forte. Puxa todo oxigênio possível. Enche o pulmão e pula! Quando estiver no ar jogue a perna direita para o primeiro acento do sofá, mais um pulo, segundo acento do sofá. Usando a Técnica Milenar da Mordida Russa. Sem usar as mãos, de uma mordida bem gostosa no braço da Senhora que está sentada no ponto X. A Senhora também atende pelo nome de Mãe, mas evite comunicação. Morda e prepare-se para bater em retirada. Não pode falhar agora! Refaça o caminho. Retroceda cada passo. Feche a porta e comemore!
Mas!
Falhar pode ser perigoso. A Senhora tem o poder de falar até seu ouvido dar defeito. Ela fala tanto que até a língua cansa, fica parada e presinha atrás dos dentes. Caso isso aconteça companheiro, pense nas Borboletas que vivem no Caribe e saiba! Lá elas são felizes!
Cena 3 - Arrancada ao poder (?)
Tomei coragem e resolvi arriscar. Deve ser complicado, mas vai valer à pena. Respira fundo, respira! Esfreguei as minhas mãos noa joelhos. Fiz posição de corrida! Preparar, atirar! Calma, eu prometo que já vou. Nisso já coloquei meu corpo para fora do quarto. Menino Invisível. Com medo, dei mais um passo e nem percebi. Mais outro passo. Ainda faltava um tanto, mas tudo bem se eu tentar um plano diferente agora né?! Vou devagar, para prevalecer o presente com mais honra e dar um nome mais bonito para o meu cagaço. Sempre fui medroso. Em todas as situações que a vida me colocou em teste, eu chorei! Assumo! Chorei mesmo. Tremi, senti calafrios e chorei muito! É melhor ir devagar, ela não vai me ver do mesmo jeito, depois é só pular e morder.
Cena 4 – Dia “D”
Com calma pelo corredor, dei um passo Ninja atrás do outro. Vi num filme ontem a tarde, respira devagar e vai. O corredor de casa tem vários quadros, de todas as cores possíveis. Paisagens, florestas, bosques e pássaros que só vi no Globo Repórter até hoje. Um salmão. E entre os quadros, algumas fotos, pai, mãe, tiú, tia, irmã, eu e meus avós. Esses faleceram antes da minha vinda, ficaram espantados com o show e deram para trás. Tudo bem! Ninguém tem culpa da velocidade da vida. O roteiro é muito estranho. Começamos novos e erramos tantas vezes, mas tantas vezes que até dói à cabeça pensar. Algumas pessoas avisam isso, mas no duro é mais complicado. Muito mais complicado. Vó! Seu braço era igual da minha mãe. Mãe seu braço era como o braço de sua mãe. Morderia os dois! Morderia quantas vezes fosse possível, para sempre vai ser gostoso. Coisas gostosas nunca deixam de ser Coisas Gostosas. O doce é doce e é redundante discorrer o assunto. Daqui é só fazer a curva, voar no sofá e morder.
Cena 5 – Depois de Pearl Harbor, a salvação do último Kamikaze
Preparei o pulo com tanta calma, fazendo a curva, que parecia que o mundo girava em câmera lenta. Senti saudade de tanta coisa nesse meio tempo. Da toalha fora do lugar, das notas vermelhas. Do incentivo, da companhia, do seu cansaço e da sua voz pela casa. Adorava esquecer a toalha e gritar por você. Consegui ver todos os detalhes até aqui e se não der certo, como prometido, vou tentar outra vez, não hoje, mas promessa é dívida sempre. Lealdade!
Pulo no Sofá / Um pulo / Dois pulos / Uma mordida e o sorriso mais largo do mundo
Por quê? Eu só posso dizer que Te Amo.
Leo Fonseca