Azul, mar e céu, vermelho e o fim do tarde, garota sem o véu que deixa partir rumo ao vento do litoral que traz paixão em coração adolescente, amando e sustentando todos os sonhos bons acumulados em uma só cabeça. Segurando lágrima quando topar com pé, a pressão vai levar a dor pelo seu corpo, mas não deixa ela te jogar no chão. Vivendo lentamente para encarar cada dia com mais preparo, não com roteiros pré-definidos, mas com a tranquilidade de escolher o caminho mais gostoso de se percorrer, árvores espalhadas e crianças correndo, verde, colorido, amante, calado, falante quando for momento, dedicando cada palavra para aqueles que de bom coração puderem ouvir. Se vão entender, muita gente não sabe, se vão agregar pensamento ao seu modo de viver, essa é uma dúvida ainda maior. Grito e não espero pelo eco, vou correndo e espalhando a voz daquilo que guardo. Calado! Não fale para todo mundo as suas fórmulas de se viver bem, espalhe devagar para não manchar as camisetas de trabalho, alguns alvejantes não são tão bons e as suas gravatas vão ficar muito melecadas. Pego teu nome e anoto, não me esqueço de você, coloco dentro da mochila e vou me encontrar, no mundo paralelo de tudo isso que é chatice mundana. Mundo meu e tão calmo aos sábados. Sem agito de balada, encontro uma pessoa que goste de falar, conhecendo um pouco de uma pessoa que não sou seu, um pouco da vida que foi vivida de uma outra forma, outros amigos e lugares durante a infância, um pouco de curiosidade e alguns machucados pelo meio do caminho. Gostou muito de uma menina quando era mais novo, mas ela foi estudar longe e encontrou um novo rumo. Os rumos são sempre os mesmos, mas possuem sobre nomes diferentes, são de famílias opostas às vezes, não se entende muito bem, não precisa entender na verdade.
Vivo para colecionar aquilo que mais gosto. Bondade do fruto gentil daquele que sabe viver, não que seja especialista em sempre estar sorrindo e assumo que sempre entrego os pontos com muita facilidade e me encontro chorando, caído no chão e com medo. Tenho medo como qualquer um, tenho medo de machucar mais ainda, tenho medo de não ter cura. Me perco e talvez não encontre caminho. Caminho na verdade não existe, se denomina com códigos a conclusão da sua viagem e estadia terrestre. Colecionei moedas e as perdi em um chocolate artificial, colecionei camisetas e hoje elas limpam o chão, comprei tudo aquilo que a vontade veio a calhar quando havia dinheiro em minha carteira e mesmo assim, não cai em gargalhada nenhuma. Não se vive do "Ter", não se vive o verbo relativo a compra, não se vende, não estamos a venda, nossas forças não estão a venda, não tem valor o suor que deixo espalhado pelo planeta, conquistando o ar que por Deus, estou a respirar. Declaro fadiga parcial de alguns músculos, mas me sinto bem. Algumas coisas se foram, mas o necessário sempre está em promoção e consigo levar dois sem ao menos colocar a mão em algum dos meus bolsos. Não me preocupo com a cor dos carros e a tranquilidade de um hotel de luxo. Aprendi com o sufoco a fazer festa. Comemorar o complicado e chegar longe do mesmo jeito. Esqueceram o verdadeiro objetivo do ser humano e fizeram aparelhos cada vez mais sofisticados. Não haverá música no mundo a ser admirada se um dia não tivermos um mundo para se viver. Não haverá interesse algum em usar camisetas caras quando as nuvens cinzas tamparem de vez as nossas visões. O azul vai deixar de ser azul e o mar não vai ser mais o mesmo mar. Nadaremos nas profundezas de um lago triste, sem paixão e histórias sinceras para serem contadas. O rotineiro virou padrão demais e não é mais tão vendido assim. Não se compra mais. Legal é ser exótico, legal é não pensar, não pensar está na moda.
Vivo por viver e defino assim o meu real objetivo de estar aqui vivo nesse momento. Vivo para ter um nome e vários momentos bacanas para lembrar. Coisas legais que puder conquistar todos os amigos possíveis por perto para dançar junto quando o verão chegar. Estaremos perto do mar esperando por um ano que vai estar por vir, deixando pelo caminho tudo que não precisa estar junto no futuro, mas sem se arrepender de ter tentado sempre que possível. O possível é complicado e nem sempre chegamos perto de conseguir aquilo que se desenhou no projeto. Criticamos a nós mesmos até chegarmos ao sabor que se espera do bolo de domingo, e nessa busca da perfeição inexata, sem tanta exatidão de uma conta, algorismos confusos de um dia qualquer. Não me importo tanto e vou vivendo, vou viver e vou morrer, assim como todo o ser vivo. Que desiste de ser humano e resolve ser máquina de somar. Não conto muito com essas coisas todas que não levarei daqui quando deixar de ter esse nome e vida que me pertence nesse momento. Quando minha energia partir para um possível descanso, espero ter deixado pintado com tintas alegres os dias que deixei para os que ficam. Fotos e sorrisos. Vivo por que gosto de viver e comemoro a falta de razão. Festas animadas concluem com talento o dia que fica, comemoro a vida e agradeço. Respirando controladamente para não parar de pensar, com calma vou vivendo a vida, lentamente na medida que meus passos costumam me aguentar. Se chover levo um guarda-chuva, se mudar... Sempre acabo procurando e se acontecer alguma paixão, loucucamente! Vou me apaixonar.
Leo.Fonseca.