23 de ago. de 2015

Paredes espaciais


Astronauta, haverá de apresentar-se com postura ereta antes que desistas das feições desses versos. Contínuos e procedentes dos anos passados no silêncio, absorvendo imagens, captando sons e cada passo atentamente anotado. Despistado pelas diversas cifras que pendem a balança ao gingado mais intolerante que já pude controlar. Mas sem delongas, viajei o mundo por aqui e nessas paredes completas por desenhos e atributos que somente os de coração e pensamento leve podem compreender. Dos mares que naveguei e dos sonhos que desisti, caminhando pela madrugada e nas luzes que passam tão depressa. O próprio mar que decide para qual caminho certas ondas devem seguir. E a maré leva, remando forte a luta fica mais brava e lutas cansam demais. Por isso arquiteto planos nesse espaço onde posso estocar meus versos e traços sem ter o mesmo trabalho das abelhas! Levadas pelo vento, polinizando e sacrificando seus corpos frágeis por um ideal tão lindo quanto assistir ao pôr do sol.

Seria como captar as ondas sonoras e desenhar cada uma delas. Na velocidade prepotente que induz os dias dessa nossa vida. Sem crer na existência de uma próxima e fraco nos poderes da fé, meu coração sonda olhares da decepção constante da assinatura que só lhe rende o pão. Comprar sonhos enlatados, com guia, mapa e menção honrosa. Há de existir quem lhe resguarde e como tantos, deixem de saborear as quedas, vangloriando chocolates importados como se fossem cristais e relíquias do tempo. E celebro só. Colorindo espaços vazios de cadernos usados, fixando-os na altura dos olhos e assim possibilitando regressão ao foco da missão. Dessa espaço nave sem combustão e nas atividades sonoras dos arredores, percebo que muitos já explodiram e seus corpos estão jogados. Acumulados como restos vitais de qualquer ser que não possua registro ou titulo de eleitor. É Tudo grande bagunça.

Conduzir é um verbo intrigante, pois te leva, te joga pra frente, faz a vontade da inércia e coloca Newton sob prova. Dessa gravidade dos pés pesados e da mochila que machuca o ombro. Pra que tanta discussão e problemas atordoados? É de se solucionar com gole gelado. Sei que perdi a prática da dança, meus joelhos ficaram duros, assim como cada brincadeira que deixei guardada na memória. Dos dias que vivemos e daquilo que guardamos, mas sem praticar, o real vira desenho no papel. Celebro o trabalho conjunto da força e do tempo, mesmo me assustando todos os dias com tanta poeira que se junta ao percorrer os cantos da minha rotina.

A infância é menor do que um passo preguiçoso da volta do recreio. Contando os ladrilhos até a sala de aula, fugindo do dever de crescer e ser o nome exponencial, elevado ao quadrado e agrupado no final com todos os números circulantes da anarquia vital. E que progresso teremos nesse passo que nem se percebe, só se sente saudade e espanto. Do compreender que adultos são crianças sem coragem. Fixos nas tabuadas e regras escritas pra eles mesmos terem problemas em cumprir. Chega ser cômico! Criaram tantas letras juntas que as palavras agora pouco importam.
           
Relendo essa apresentação enxerguei muito cinza em diversas linhas, mas não estamos assim. É saudade, é o pouco tempo, é o vagão, é a segunda, é o muito que é pouco, que é quase nada. Deixaria de ser pessoal se anotasse apenas sorrisos, viagens e toda loucura registrada por aqui também. Das estrelas infinitas desse céu, sua gargalhada e a esperança do por vir. Quebrando a quarta parede, posso olhar no fundo dos seus olhos e dizer todo amor que limpa qualquer instinto que seja contrario ao lado positivo do universo. E navegamos sem parar, sem nunca cansar e dispostos cantamos, criando nossa própria melodia para esse mundo. Então, antes de se atordoar com tantos resmungos, cabe a ti o meu sorriso, minha entrega e todos os vôos reais, percorrendo todos os planetas e conhecendo com o meu próprio tato, paladar e visão, tudo que existe guardado nos segredos simples da nossa vida.

Voltas em bloco e apresento-me na bagunça e desordem. Explodir para construir e concretizar desejos nos erros, tentativas e até mesmo frustrações. Aqui nesse espaço eu consigo voar, consigo direcionar meu olhar para todos os pólos do mundo. Sentir frio, calor e o pavor da madrugada. Do sono que vem antes da hora e do cochilo vespertino. Não muito diferente de você, bem perto do seu quarto, da sua casa e da sua vida. As paredes diminuem os sentidos e os desenhos completam minha fuga.

Nos veremos em breve e não espere ligação.




Câmbio final.

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